Estrangeiros em Nova Friburgo - Duas pátrias: para quem torcer? - 19/06/2014

quinta-feira, 19 de junho de 2014
por Jornal A Voz da Serra

Marcel: um suíço que aceita ver o Brasil campeão

Texto: Eloir Perdigão / Foto: Amanda Tinoco

Marcel Auguste Schuwey. Ele é suíço, está sempre de bem com a vida, sorridente, fala português com sotaque carregado e não dispensa uma cerveja com os amigos. Está no Brasil há 14 anos. A primeira vez que teve contato com Nova Friburgo foi durante a visita dos suíços na caravana de 1996. Nesse ano, conheceu o amigo — que considera irmão — João Thurler, descendente de suíços, que construiu um condomínio em Cachoeiras de Macacu, cujas ruas têm nomes de cidades helvécias. Marcel não titubeou: comprou um terreno e construiu sua casa na Rua Jura (pronuncia-se Jurrá), sua cidade de origem, no cantão de Fribourg. Tem também um apartamento em Nova Friburgo. Sua mulher é brasileira e tem quatro filhos e cinco netos na Suíça.

Em 1999 se aposentou da força aérea suíça e, apaixonado por Nova Friburgo, resolveu viver no Brasil. Mas visita a Suíça todo ano, onde passa quatro meses. As ajudas e participações no Brasil estão no seu dia a dia. Ele integra os quadros da Associação Fribourg-Nova Friburgo e da associação de atiradores do Cantão de Fribourg, que presta ajuda à cidade de Santa Maria Madalena, que também tem muitos descendentes de suíços. Em Cachoeiras de Macacu, Marcel ajuda na construção de uma creche, com 130 crianças, das quais 98 são apadrinhadas por suíços.

Como bom admirador de cerveja, Marcel frequenta o Bar Bolero, no centro de Nova Friburgo. Invariavelmente o futebol é assunto corriqueiro nas conversas. Ele não tem time na Suíça. No Brasil é Cruzeiro, estratégia para não ter problema com nenhum torcedor do Estado do Rio.

Nesta Copa do Mundo, as seleções de Suíça e Brasil só podem se cruzar na semifinal. E se isso acontecer, ele diz que vai torcer pela Suíça e sua mulher para o Brasil. Tem acompanhado a seleção do seu país e a considera bem preparada, e julga que ela possa chegar entre as melhores. Porém, acredita que o Brasil tem bons jogadores e espera que seja o campeão, "até para acalmar o povo”, diz, entre risos. "Se não for, será uma decepção”, arremata.

 

Suíça nas Copas

Chave E, junto com Equador, França e Honduras

A Copa do Brasil marca a décima participação da Suíça na competição. E desta vez, com uma característica diferente das outras edições: não é um time que só pensa em retranca. O técnico Ottmar Hitzfeld — um dos responsáveis pela ascensão do Bayern de Munique — montou um time pensando no ataque, o que tem surpreendido positivamente seus torcedores. Tendo como um dos destaques o meia Shaqiri, a equipe conta ainda com o bom goleiro Benaglia, além de outros nomes que atuam em times europeus de expressão, como os meias do Nápole Inler e Behrami, o lateral do Juventus Lichtsteiner e o zagueiro do Valencia Senderos. A mudança de estilo de jogo tem dado resultados positivos à Suíça, que, atualmente, ocupa a 6ª posição no ranking da Fifa. Nas eliminatórias, ficou em primeiro lugar em sua chave, terminando invicta, ganhando sete partidas e empatando três. Estreou na Copa do Brasil vencendo o Equador por 2 a 1. A Suíça sediou a Copa de 1954, vencida pela Alemanha Ocidental sobre a favorita, a Hungria. 


Curiosidades

  • Num país multilingue, não é de se estranhar que a sua seleção de futebol receba diversos apelidos carinhosos, dependendo da região dos torcedores: Schweizer Nati, em alemão; La Nati, em francês; e Squadra Nazionale, em italiano. 
  • Esta é a seleção mais cara da história da Suíça. O valor somado de transferência dos jogadores convocados chega a 159 milhões de francos, ou seja, cerca de 177 milhões de dólares.

 

Portugal, ó pá!

Texto: Vinicius Gastin / Foto: Amanda Tinoco

Ao conversar com David Mendes não é difícil perceber os traços que revelam a nacionalidade lusa. O empresário de 53 anos mora em Nova Friburgo há oito, e um acaso do destino trouxe o português para a cidade. Após conhecer a esposa friburguense durante uma passagem pelo Rio de Janeiro, adotou o Brasil como lar. "Nós pensamos nas duas possibilidades. Ou eu viria para cá ou ela iria para Portugal. E aqui estou”, diz, com o sotaque inconfundível.

Desta forma, constituiu uma família no município (a filha do casal, inclusive, é brasileira) e há seis anos montou o próprio negócio — um café com produtos tradicionais de Portugal. "Minha esposa é de uma família tradicional em Nova Friburgo e todos me acolheram muito bem. Deixei parentes em Portugal e montei a minha vida toda por aqui. É uma cidade fantástica, acho que não moraria em outro lugar no Brasil. A qualidade de vida aqui é muito boa, e grande parte pessoas não valorizam como deveriam”, conta, emocionado.

Na loja de David, os enfeites e as bandeiras em alusão a Portugal são a prova da paixão pelo país onde nasceu. O amor à "terrinha” direciona o coração também no futebol. Torcedor do Sporting e vascaíno no Brasil, ele não esconde que torcerá pelo time luso na Copa do Mundo. "Gosto de futebol e assisto a todos os tipos de jogos. É como um show, e vou torcer por Portugal. Se tiver um duelo contra o Brasil o coração fica dividido, mas torço por Portugal. Até porque o Brasil já possui cinco mundiais”, brinca.

A Seleção de Portugal está no grupo G, ao lado de Alemanha, Gana e Estados Unidos. Para alguns, esta é a chave mais equilibrada do torneio. David reconhece a dependência do talento de Cristiano Ronaldo, eleito o melhor jogador do mundo na última temporada, e diz que ficará satisfeito se o time português avançar até as quartas de final. "Vou torcer para Portugal fazer uma boa campanha, mas é difícil chegar longe. A expectativa não é muita boa. Temos o Cristiano Ronaldo, mas faltam jogadores para acompanhá-lo. O time, como um todo, não tem a mesma qualidade. Por isso eu torço para o Brasil levantar a taça.”

 

Portugal nas Copas

Chave G, com Alemanha, Gana e EUA

Apesar da paixão dos portugueses por futebol, esta é apenas a sexta participação da seleção lusa em Copas. Uma delas marcou história: a de 1966, quando ficou em terceiro lugar, perdendo a chance de disputar o título para a dona da casa, a Inglaterra, que foi a grande vencedora. Nesse mesmo ano, Portugal viu seu craque Eusébio se consagrar como uma das grandes estrelas do futebol, sendo inclusive o artilheiro da Copa. Parecia que, enfim, nossos patrícios deslanchariam a partir daí, mas Portugal só voltaria a uma Copa em 1986. Na década de 90, mesmo tendo o craque Luis Figo na equipe (ele recebeu a Bola de Ouro em 2001), a seleção lusa não conseguiu bons resultados: não disputou as Copas seguintes, voltando a um mundial só em 2002. Quatro anos depois, voltou a fazer boa campanha, ficando em quarto no mundial e em 2010, já com Cristiano Ronaldo como melhor do mundo (ganhou a Bola de Ouro em 2008 e em 2013), foi eliminada nas oitavas de final. Embora seja uma das atrações da Copa do Brasil, justamente por trazer Cristiano Ronaldo, a seleção de Portugal decepcionou logo em seu primeiro jogo, tomando uma goleada de 4 a 0 da forte Alemanha. E ainda perdeu, por contusão, Fábio Coentrão, um de seus titulares. Ou seja, o técnico Paulo Bento está com muitos problemas para levar a equipe ao título.  


Curiosidades

  • Apesar de ter jogado oficialmente pela primeira vez em 18 de dezembro de 1921, a seleção de Portugal só conseguiu vencer em 18 de junho de 1925, quando derrotou a Itália por 1 a 0. 
  • Luís Figo foi quem mais jogou na seleção, totalizando 127 partidas. Depois vem Cristiano Ronaldo, com 111, Fernando Couto, 110, Rui Couto, 94 e Pauleta, 88. Cristiano Ronaldo é o maior artilheiro da seleção lusa, com 49 gols, seguido por Pauleta, 47, Eusébio, 41, Figo, 32 e Nuno Gomes, 29.



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