Eloir Perdigão
Dia desses, saindo do jornal, eu e outras pessoas ficamos a reparar como a paisagem na Rua Fernando Bizzotto, no Centro, vai mudando. Isto porque mais duas antigas casas (bem em frente ao jornal, que também tem sua sede numa antiga casa) sucumbiram em nome do progresso. Pelo vaivém de homens e máquinas e pela obra que vai tomando forma, tudo indica que será construído mais um estacionamento no local (enquanto não sai mais um espigão). Ora, por que não é construído um espaço cultural, teatro ou coisa que o valha? Tudo bem que o trânsito nosso de cada dia está em crise, mas a cultura também está. Há muito tempo os friburguenses têm o mínimo minimorum de cultura, não obstante esforços de uns e de outros.
Para quem conheceu Nova Friburgo há um tempinho atrás (não precisa ser muito tempo, não, nem precisa ser saudosista) não vou dizer que dói, mas marca muito ver essas casas antigas dando lugar a estacionamentos. Razão há. Com tantos incentivos, até governamentais, as cidades vão sendo entulhadas de veículos. Os engarrafamentos se multiplicam até em cidades médias, como Nova Friburgo. É cada vez mais difícil estacionar. Os motoristas ficam “patetando” um tempão até encontrar uma vaga, se não quiser pôr o carro em um estacionamento pago. E, às vezes, não se tem alternativa. E, por isso, aparecem cada vez mais estacionamentos. E lá se vão as casas. Antigas ou não.
Porém essas mesmas pessoas conheceram uma Nova Friburgo mais cultural também e não houve quase nenhum incentivo para os teatros (que também sucumbiram em nome do progresso), espetáculos musicais, bibliotecas, grupos, pessoas. Convive-se com verdadeiros artistas nos mais diferentes ramos e profissões que poderiam estar atuando nos palcos da vida. Mas, que palcos? No Teatro Municipal? Aleluia!!! Pelo menos um para salvar a pátria. Mas, e o teatro do Centro de Arte? E o cineteatro de Amparo? Que atividades culturais temos em Olaria e Conselheiro Paulino, só para citar dois dos mais populosos logradouros friburguenses?
É se contentar com muito pouco achar que com o Teatro Municipal se resolveu tudo. Que se tenha estacionamentos, sim, mas que se tenha mais espaços culturais também. Um novo governo vem por aí e fica a sugestão para que se invista mais nesse setor. Porém, mesmo antes do futuro governo, que iniciativas particulares igualmente se tornem realidade, para que essa gama de bons artistas que temos por toda a cidade não fique esperando uma brecha na agenda do Teatro Municipal e possa botar para fora toda a sua arte.
Deixe o seu comentário