Famosa no passado pela qualidade de suas águas, Nova Friburgo era referência nos tratamentos à base da hidroterapia (terapêutica pela água fria). Em 1817, o município foi escolhido pelo médico italiano Carlos Éboli para sediar o Instituto Hidroterápico, inaugurado em um lindo complexo arquitetônico onde atualmente funciona o Colégio Nossa Senhora das Dores. Até mesmo o imperador Dom Pedro II e a Princesa Isabel se hospedaram no estabelecimento para tratamento de saúde.
Por ocasião do centenário do município, em 1918, a “superioridade da água” friburguense também foi destacada no álbum do estado do Rio de Janeiro. Nos tempos antigos, a água fresca e cristalina foi canalizada e jorrava em várias fontes e bicas instaladas pela cidade. A mais célebre delas, a Fonte do Suspiro, existe desde os primórdios do município e servia para o abastecimento dos habitantes.
Com o passar dos anos e o processo de urbanização, a fonte acabou cercada de lendas e se tornou uma referência turística. Destruída na catástrofe de janeiro de 2011, a tradicional atração foi revitalizada e reinaugurada em dezembro de 2014, graças a uma parceria entre o Grupo Arte, Movimento e Ação (Gama), Prefeitura Municipal e a empresa Caminhos Dourados.
A exemplo do Suspiro, outras fontes e bicas de Nova Friburgo necessitam passar por um amplo trabalho de restauração. No centro da cidade, duas delas acabaram se deteriorando com o passar dos anos e estão esquecidas no meio da calçada sem qualquer função. Uma está localizada na esquina das ruas General Osório com Aristão Pinto e a outra pode ser vista na Rua Duque de Caxias.
Há também a situada na parte posterior do Centro de Turismo, na Praça Dermeval Barbosa Moreira, que ainda funciona mas está em mau estado de conservação. Frequentemente, a bica é usada indevidamente e, há cerca de dois meses, chegou a servir de “chuveiro” para um morador de rua. Um vídeo do homem completamente nu tomando banho no local circulou nas redes sociais, gerou muitos comentários negativos e trouxe à tona o descuido com a conhecida fonte.
Vale lembrar que o saudoso fundador do Gama, Júlio César Seabra Cavalcanti, o Jaburu, idealizou um projeto para recuperar a estrutura original dessas fontes e vinha buscando parcerias para concretizá-lo. O trabalho acabou sendo interrompido com seu falecimento, em abril desse ano, mas deverá ser retomado futuramente. É o que planeja o presidente do Gama, Chico Figueiredo.
“O grupo está se reestruturando e pretendemos dar continuidade aos projetos como esse, que se chama 'Se essa rua fosse minha'. Jaburu tinha a ideia de recuperar não só as fontes como também as fachadas originais das antigas casas na Rua Aristão Pinto”, conclui Chico Figueiredo.
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