Leonardo Lima
Aos 17 anos, Oziel Jr. pode ser considerado uma das maiores promessas do motociclismo da região. O piloto friburguense tem no currículo diversos títulos, incluindo o bicampeonato carioca de motocross na categoria 80 cilindradas, conquistado em 2006 e 2008. Este ano, lidera o mesmo circuito estadual nas disputas intermediária, MX 1 e MX 2. No último fim de semana, por exemplo, ganhou mais três troféus para sua coleção, na terceira etapa do Campeonato Carioca, realizada no município de Silva Jardim.
Os frutos que vem colhendo atualmente parecem ser resultado de uma paixão hereditária. “Desde criança sempre tive vontade de andar de moto. Via meu pai competindo e queria fazer igual”, conta o piloto, que tem até hoje os pais como os grandes apoiadores de sua trajetória. “Não tenho patrocinadores, nem equipe. Conto com ajuda do meu pai que é o meu mecânico e de amigos que me auxiliam na montagem da moto. Realizo meus treinamentos no sítio do meu amigo Marcão, em Amparo”, conta. A ausência de patrocinadores, aliás, é apontada por Oziel Jr. como um de seus empecilhos. “Às vezes não dá para treinar sempre, não tenho um pneu novo para competir. Todo ano tenho que trocar de moto se quiser continuar sendo competitivo, já que sempre andamos exigindo o limite do motor”, diz.
Mas certamente, este não é nem de perto o maior desafio enfrentado pelo jovem. Em 2010, em uma corrida na cidade de Conceição de Macabu, ele perdeu o controle da moto e sofreu o seu acidente mais grave. Resultado: uma lesão no nervo axilar do ombro e o risco de não poder mais andar de moto. “Foi uma fase muito difícil. Ficou aquela dúvida sobre o meu futuro. Via o pessoal treinando e não sabia se poderia estar ali com eles, novamente”, relembra Oziel Jr., que tem suas palavras corroboradas pelo pai. “Ele ficou muito mal. Até eu parei de competir. Perdi aquele gosto de andar de moto”, completa.
Dúvidas dão lugar ao sonho de se profissionalizar no esporte
Entretanto, o tempo de incertezas foi superado. “Um médico na época falou que provavelmente eu não iria recuperar todos os movimentos do braço, mas graças a Deus a fisioterapia deu resultado e voltei a competir”, lembra o piloto. E a volta veio em grande estilo. No final de 2011, Oziel participou de um evento de motocross em São Lourenço e nas duas corridas disputadas ganhou uma e chegou em segundo na outra. “O pessoal até brincou que eu voltei andando mais rápido do que antes da lesão. Felizmente deu tudo certo e não senti a falta de ritmo”, diz.
Estudante do terceiro ano do ensino médio, o piloto pensa em cursar uma faculdade, entretanto, não esconde que seu sonho é seguir carreira no esporte que mais gosta. “Ele vive o motocross o dia inteiro. Quando não está treinando ou competindo, está envolvido com alguma coisa referente a motos. Até mesmo no videogame sua preferência são os jogos de motocross”, entrega a mãe Ana Cristina.
Entre as maiores inspirações de Oziel Jr. estão dois pilotos consagrados: o alemão Ken Roczen, que aos 17 anos se sagrou campeão mundial de MX 2, e Swian Zanoni, uma das grandes revelações do motociclismo brasileiro, morto em um acidente ano passado. “Eu tinha bastante contato com o Swian. Quando ele estava em Nova Friburgo, sempre nos encontrávamos. Três dias antes do acidente, uma quinta-feira, ele foi na casa de um outro amigo meu para a gente jogar bola. A gente sempre chamava, mas ele nunca ia nesses encontros. Curiosamente, naquela semana ele foi”, recorda Oziel Jr.
Mesmo sabendo que pratica um esporte que oferece riscos, o friburguense não demonstra receio. “O pior não é nem me machucar, é ficar parado sem poder competir. Mas não gosto de pensar muito nisso. O importante é treinar muito, pegar confiança e adquirir experiência. Mesmo que um piloto não seja tão talentoso, com muito treino ele evolui bastante”, analisa. Seu pai admite que há muita tensão ao longo das corridas, mas garante que ver o filho motivado e se destacando nas competições supera qualquer apreensão. “A gente gosta muito de ver o Oziel competindo. Sempre que pudemos, vamos junto com ele. Realmente ficamos tensos, mas quando a corrida acaba é maravilhoso”, exclama. “O coração de mãe fica apertado. Se ele se machucar, a gente fica machucado também”, completa Ana Cristina, sem esconder a satisfação de ver o filho envolvido com o esporte.
Sem medo de novos desafios, o que Oziel Jr. mais quer é garantir novos troféus para sua galeria e se profissionalizar no esporte que aprendeu a amar com seu pai.
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