ESPORTES - O sonho de chegar à elite

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
por Jornal A Voz da Serra

Vinicius Gastin
A partir deste sábado, 2, a bola vai rolar pelo campeonato carioca da série B. O torneio vai reunir 19 equipes e não será tão longo quanto nas últimas edições. Os clubes foram divididos em dois grupos de dez e irão jogar entre si em turno (Torneio Santos Dumont) e returno (Taça Corcovado). Os campeões de cada um e o maior pontuador no geral disputam duas vagas na elite do futebol estadual, em 2014. Em caso de conquista dos dois turnos pela mesma equipe, valerá a maior pontuação no geral. A competição vai reunir nomes famosos no cenário do futebol nacional, à exemplo dos meias Abedi e Ramon e do lateral esquerdo Leandro, que defenderão as cores da Cabofriense. O time da Região dos Lagos divide o favoritismo para conquistar o acesso com os tradicionais Americano, Goytacaz, América e Bonsucesso. Equipes como o Barra Mansa, Tigres do Brasil e São João da Barra tentam surpreender e os novatos Imperial de Petrópolis, Paduano, Juventus e Barra da Tijuca buscam espaço entre os principais clubes do Rio de Janeiro.
clássico logo na primeira rodada
A edição deste ano terá em sua primeira rodada o maior clássico do estado envolvendo times de menor investimento: Goytacaz x Americano, no Aryzão. O grau de rivalidade entre os clubes é grande e vem de longa data. Há quem diga que ela surgiu antes mesmo do primeiro jogo entre os dois clubes, em 1914. O Goytacaz, na época com dois anos, e o Americano vivendo seus primeiros dias apresentavam-se como as duas forças irresistíveis do futebol local, embora o Internacional, o Campos e o Rio Branco dividissem as atenções numa fase em que o futebol não contava com um grande número de fãs.
Após a inclusão do Americano no Campeonato Brasileiro, em 1975, o time alvianil se comprometeu a não ver nenhum dos sete jogos do rival no ampliado Estádio Godofredo Cruz. Um médico de nome Nilson Cardoso de Souza, com raízes profundas de amor ao Goytacaz, tentou promover um tipo de união entre as partes e entrou no Estádio Godofredo Cruz com uma placa: “Rivais em Campos, unidos no Nacional”. De nada adiantaram essa e outras tentativas. Apesar dos esforços de alguns torcedores, Goytacaz e Americano jamais tiveram uma relação amistosa. Os clubes vão escrever mais uma página na rica história do clássico neste sábado e todos os 5.000 ingressos foram vendidos.

Rio Branco e Imperial desistem de participar
Um ano após comemorar o centenário, o outro clube tradicional da cidade de Campos, o Rio Branco, anunciou que não vai participar da Série B do Campeonato Carioca deste ano. Os motivos da desistência foram as dívidas adquiridas na última temporada e a falta de patrocinadores. 
“No ano passado jogamos sem nenhuma parceria. Para nos manter na competição, pedimos aos empréstimos e nos endividamos. Agora é hora de pensar em pagar isso. Devemos aos jogadores, a outros funcionários, além de empréstimos. A competição toda custou em média R$ 600 mil para o clube e terminamos a disputa com uma dívida de R$ 410 mil”, disse o presidente do Rio Branco Edson Reis, em entrevista ao site Globoesporte.com.
A ideia de não competir surgiu ainda no ano passado, quando o clube dispensou todos os atletas ao final da segunda divisão e não contratou ninguém. 
Na mesma situação, o Imperial de Petrópolis anunciou a desistência da competição na noite da última segunda-feira. O clube petropolitano foi fundado em 2012 e iniciou sua trajetória já na Série B do Carioca. No ano passado fez campanha irregular e disputou o Grupo X, que reunia as quatro piores equipes do campeonato para decidir o rebaixamento. O Imperial conseguiu se recuperar e evitou o descenso.

A série B de 2013:
Grupo A: Serra Macaense, Americano, Ceres, América de Três Rios, Cabofriense, Mesquita, Barra Mansa, Barra da Tijuca, Bonsucesso e Tigres do Brasil
Grupo B: Goytacaz, São João da Barra, Juventus, Paduano, América-RJ, Angra dos Reis, Portuguesa, Artsul e Sampaio Correa

A 1ª rodada:
02/mar – Sab – 15h – Portuguesa x Bonsucesso, Luso Brasileiro
13/mar – Sab – 15h – Artsul x Ceres, Nivaldo Pereira
02/mar – Sab – 15h - Sampaio Correa x Barra da Tijuca, Sampaio Correa
02/mar – Sab – 15h - Angra dos Reis x Barra Mansa, Jair Toscano
02/mar – Sab – 17h – Goytacaz x Americano, Ari de Oliveira
02/mar – Sab – 18h - São João da Barra x Cabofriense, São João da Barra
02/mar – Sab – 15h – América x Mesquita, Edson Passos
02/mar – Sab – 15h – Paduano x América de Três Rios, Waldo C. Xavier
02/mar – Sab – 15h – Juventus x Tigres do Brasil, João Francisco



Edson Souza: do Friburguense ao São João da Barra

Treinador fala sobre a série B, saída do Frizão e a atual relação com o tricolor da serra

Ainda no fim do ano de 2010, o ex-jogador Edson Souza foi o escolhido pela diretoria do Friburguense para comandar a missão de retornar à primeira divisão do campeonato carioca. O treinador chegou credenciado pela conquista da Copa Rio de 2008 dirigindo o Nova Iguaçu e o acesso com o Mesquita na temporada anterior. Edson havia comandado o Al Read Club, da Arábia Saudita, até aquele ano. A relação com o time de Nova Friburgo durou apenas quatro meses. Uma discussão nos vestiários no intervalo do jogo contra o CFZ motivou a demissão do treinador. O jovem técnico foi buscar novos rumos e, após dirigir a Portuguesa-RJ e o Audax, recebeu o convite para comandar o São João da Barra, em 2013. 
No último dia 20, Edson Souza voltou à Serra, dirigiu o novo clube em amistoso contra o Friburguense e concedeu entrevista ao jornal A VOZ DA SERRA. Acostumado a desafios, aceitou dirigir a equipe da Região dos Lagos e revelou ter recusado uma proposta de um clube da série A. O treinador falou sobre a preparação de sua equipe, elogiou a estrutura oferecida e espera dificuldades na série B. Edson abriu o jogo sobre a sua saída do Friburguense, mas garante ter as portas abertas no clube. 
“Se um dia eu tiver oportunidade, não penso duas vezes e volto pra cá.”

Evolução como profissional
“Na vida e em qualquer profissão, nós evoluímos a cada dia. Mas isso depende das pessoas, do que elas pretendem fazer. E eu sou um cara inquieto. Com todo o respeito às demais áreas, nós amadurecemos muito mais rápido no mundo do futebol. Temos que agradecer por estarmos trabalhando. Isso é sinal de que sempre estamos chamando atenção. A minha experiência como jogador conta muito, pois as situações de desconforto que se apresentam são inúmeras. Tenho que ser inteligente e tirar proveito delas.”

Convite do São João da Barra
“Na realidade, o namoro com o São João da Barra existe desde 2011, quando eles conseguiram a vaga na fase final da série B pelo maior número de pontos e foram eliminados porque tinham menor índice técnico que o Teresópolis. As conversas duraram um ano e meio e a oportunidade surgiu. Mostrei minha metodologia, filosofia e eu senti que a diretoria queria mudanças. Não que o trabalho estivesse sendo feito de maneira errada, pois a cada temporada o São João da Barra faz campanhas melhores. Mas o desafio é melhorar.”

Outros convites
“Os convites sempre surgem. Tive a oportunidade recentemente de sair para um clube da primeira divisão que não posso revelar, mas costumo cumprir a minha palavra. Sei que o futebol é muito dinâmico. Às vezes as coisas não acontecem como o planejado e acabamos demitidos, mas faz parte. Eu disse que ia dirigir o São João da Barra e vou cumprir. Esperei seis anos para dirigir um time na série A e posso aguardar mais um.”

Estrutura de trabalho
“A estrutura é muito boa. São vários estádios além do nosso, para treinarmos, e mais dois nas cidades vizinhas. Acabamos de contratar um excelente fisioterapeuta que prestou serviços nos EUA, na Turquia e outros lugares. Esse rapaz era cobiçado por vários clubes como o Goytacaz, o Americano e deu preferência ao São João da Barra. O clube está se estruturando da melhor maneira possível. A competição é forte e necessitamos ter todos os jogadores à disposição.”

Investimentos no clube
“O governo municipal investe, mas não somos um time de prefeitura. Não é bem assim que funciona, não é uma fortuna que eles nos fornecem. A nossa folha salarial gira em torno de 70 a 80 mil reais mensais. Mas claro que ajuda e é interessante. A cidade está crescendo com os investimentos feitos e a tendência é evoluir. O São João da Barra está querendo acompanhar esse momento do município.”

Elenco do São João da Barra
- O elenco é bom. Nós temos dois jogadores para cada posição, mas pretendemos contratar mais atacantes. Estamos esperando a possibilidade de algum jogador que esteja na primeira divisão sair antes do fim do estadual. Mas eu estou bem servido com o Robson e o Bicão, com quem eu trabalhei há seis anos e reencontrei através do Facebook. Temos o Alex Faria, ex-Friburguense, o Paulo Henrique e outros atletas de qualidade. Vamos com calma nas contratações, pois os novos jogadores terão que chegar, vestir a camisa e jogar. Para compor o grupo não precisamos mais.

A série B
“Para nós, que somos profissionais, participar de um campeonato forte como esse é muito bom. A disputa vai ser intensa e a competição um pouco diferente, pois não teremos aquela loucura de 42 jogos. Com isso, a margem para erros também diminui e cada jogo vai ser uma decisão. O campeonato será menos desgastante, porém mais intenso. Nós apostamos no trabalho forte e na mescla de juventude e experiência, com a média de 25 anos. Nossos principais adversários devem ser o Goytacaz, o América e a Cabofriense. Mas o futebol é decidido dentro das quatro linhas e vamos brigar pelo acesso. Quando eu subi o Mesquista nós tínhamos um time de juniores que foi emprestado pelo Nova Iguaçu, com apenas o Juan acima dos 24 anos. Lógico que existem os favoritos, mas quando a bola rola a história muda.”

Preparação para o campeonato
“Eu estou muito satisfeito. Estamos treinando desde o dia 7 de janeiro e só tive a oportunidade de fazer um coletivo contra a equipe juvenil e três amistosos contra a Tombense, no qual empatamos por 1x1 e contra o Friburguense. Nesse primeiro jogo, em Minas Gerais, nós estávamos há pouco tempo treinando e o adversário às vésperas de começar o campeonato mineiro. O comportamento da equipe foi muito bom nesses amistosos. Vários times pedem jogos amistosos e poderíamos ter feito outros, mas a maioria delas não vai exigir nada da minha equipe. Prefiro qualidade à quantidade e eu escolho jogos onde posso tirar parâmetro do meu time.”

Edson Souza e Friburguense: relação curta e intensa
“Foi muito prazeroso e deixei diversos amigos no Friburguense. Os desentendimentos aconteceram e fazem parte da nossa vida. Até hoje eu falo com o Sergio Gomes, Cadão, o Ziquinha e o próprio Siqueira, quase diariamente. Trocamos ideias sobre futebol, conversamos sobre assuntos variados. Foi algo que aconteceu dentro dos vestiários e passou, mas em nenhum momento houve desrespeito. Tenho certeza que sou muito querido em Nova Friburgo e todos foram muito importantes na minha carreira.”

Possível retorno no futuro
“Não tenho nenhuma mágoa do clube, pelo contrário. O Friburguense teve uma contribuição enorme na minha formação profissional. Estou com o coração aberto e, se um dia eu tiver que voltar, tenha certeza que virei com o maior prazer.”

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