Mais de mil pessoas que necessitam fazer cirurgias eletivas (pré-marcadas) em Nova Friburgo para enfim se verem livres de dores causadas por hérnias, cálculos renais e na vesícula ou até mesmo ser submetidas a intervenções ortopédicas e não possuem planos de saúde vivem um drama sem fim no Sistema Único de Saúde (SUS). O Hospital Municipal Raul Sertã enfrenta sérias dificuldades para agendar as cirurgias e a maioria delas acaba sendo desmarcada, ou por falta de vagas para internação, ou pelo vencimento dos exames pré-operatórios.
No ambulatório da unidade que atende aos pacientes de Nova Friburgo e de toda a região, a marcação de consultas de primeira vez com cirurgiões foi suspensa temporariamente. “Foi o jeito encontrado para tentar dar andamento na fila de cirurgias que está imensa. Ainda enfrentamos a carência de médicos. Alguns desistiram e pediram as contas”, revelou um funcionário do hospital que apelou para não ser identificado. A dificuldade para marcar cirurgias não é o único drama enfrentado por quem depende do SUS. O agendamento de consultas e exames é outra dificuldade. Para algumas especialidades, como cardiologia, por exemplo, a marcação exige um esforço sobre humano. É preciso muitas vezes madrugar nas filas dos postos de saúde.
“Para conseguir uma vaga saio de casa às 2h da madrugada e quando chego a fila já está grande. Tem gente que vem antes das 22h do dia anterior e pernoita na fila com cadeiras de praia, colchonetes e até caixas de papelão. E o pior é que todo esse sacrifício não garante atendimento rápido. Às vezes a marcação da consulta é feita para dois meses depois. Aí o médico pede exames e enfrento outra dificuldade para marcação. Lá se vai mais um mês ou dois para só então voltar ao médico. Até lá, se o caso for grave não dá para esperar. Se passar mal, o jeito é correr para a emergência do Raul Sertã mesmo”, diz Antônio Manoel Pinto Machado, 63 anos, cardíaco há 20 anos.
A falta de médicos, principalmente pediatras e ortopedistas, nos plantões do Centro de Tratamento de Urgência (CTU) do Hospital Raul Sertã e da Unidade Pronto Atendimento (UPA) é outra queixa recorrente dos pacientes que muitas vezes peregrinam por unidades de saúde em busca de atendimento. A medicação é outro problema. Nem sempre há remédios disponíveis nas farmácias dos postos ambulatoriais. A estrutura da saúde pública também é motivo de reclamações. No Raul Sertã, um anexo construído para abrigar o hemocentro até hoje não pode ser aproveitado por falta de uma rede de tratamento de água. Equipamentos novos de raios X também ainda não foram instalados porque a instalação elétrica do hospital não suporta a grande carga. Enquanto isso o povo padece e reza para não adoecer.
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