O Light de hoje traz uma viagem ao mundo do picadeiro. No último dia 27, foi comemorado o Dia Nacional do Circo e do Artista Circense, data esta escolhida em homenagem ao palhaço Piolin, considerado o maior palhaço brasileiro de todos os tempos, que fazia aniversário neste dia. Piolin morreu em 73, mas seu legado na arte circense — além de palhaço, foi também ginasta e equilibrista — inspirou muitas gerações de artistas.
Há muitos desses artistas em Friburgo, inclusive, desde os saudosos Carlito Marchon e Nelmo Ricardo, verdadeiros mestres dessa arte, até o Goiabada, da Trupe Família Clou, talvez o mais jovem palhaço da cidade. Gaveta, com suas pernas de pau, Belinha e sua malinha, Nina, Joge, Paçoca, Maria Cosquinha... uma trupe incontável de artistas que levam a alegria — e também a crítica social — a espectadores de todas as idades, gêneros e crenças.
Palhaço Piolin
Abelhito e Sucata Joge
Carlito Marcho Nelmo
A arte do riso pela vida
Que o palhaço faz humor, isso todo mundo sabe. Mas vale lembrar que o espetáculo circense vai muito além das ruas e dos picadeiros, podendo também trazer muito mais que risadas. O palhaço pode dar uma nova perspectiva da realidade através da sua postura cômica, como é o caso, por exemplo, daqueles artistas que usam a sua arte como forma de acalentar pessoas em situação de internação, tanto em hospitais quanto abrigos, bem como pessoas que sofram condições de risco social.
Abelhito e Sucata, dois palhaços friburguenses, criaram, em 2013, o projeto "Rir é o maior barato”, em que visitavam as alas de internação do Hospital Municipal Raul Sertã todas as segundas-feiras. "É uma forma diferente de apresentação. Entendemos que quem está ali, naquele momento delicado, pensa em tudo, menos em diversão, em risada. Pedimos licença para entrar nos quartos, tocamos instrumentos suaves, como a calimba, e fazemos desses encontros uma espécie de tratamento terapêutico. Médicos, enfermeiros, acompanhantes, todos se unem pela melhora do paciente. É gratificante”, diz Jéferson Robert Cunha, que interpreta Sucata. Abelhito é interpretado pelo ator e músico Leonardo Benvenuti, o Leo Abelha.
Jéferson ainda não sabe o futuro deste trabalho em 2014. "O Leo [Abelha] vai continuar com as visitas, mas eu estou com uma certa dificuldade. Além de morar em Riograndina, o que me toma muito tempo de deslocamento, tenho que cumprir uma rotina de trabalho que me impossibilita de ir todas as segundas ao hospital. Além disso, apesar de termos um grande incentivador, o Marcos Penin, ainda dependemos de outros recursos para continuar com o trabalho. São muitas dificuldades, mas estamos torcendo para conseguir continuar”, diz, confiante.
Outra personagem que vai além da arte é a Belinha, que nasceu em janeiro de 2011 pela necessidade de levar esperança às crianças desabrigadas, vítimas da catástrofe daquele ano. Questões importantes são trabalhadas com os pequenos, como literatura, música, teatro, ecologia e confecção de brinquedos com materiais reciclados. A iniciativa é custeada por comerciantes e já confeccionou quase onze mil brinquedos feitos de reciclagem.
Esses dois trabalhos mostram que a arte vai além do entretenimento: pode devolver o sorriso das pessoas que realmente, em algum momento da vida, não encontram mais motivos para sorrir.
Belinha Troupe Família Clou (Foto: Mariana Rocha)
Gaveta (Foto: Mário Moreira)
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