Especial Dia do Idoso: "Solidão é a maior doença", diz médico

Especialista em geriatria e gerontologia avalia a qualidade de vida dos idosos em Friburgo
segunda-feira, 02 de outubro de 2017
por Alerrandre Barros
Especial Dia do Idoso: "Solidão é a maior doença", diz médico

Quando começou a faculdade na década de 1980, o médico friburguense Leonard Eyer nunca imaginou que teria pacientes acima dos 100 anos. Hoje, ele cuida de três na Casa dos Pobres São Vicente de Paulo, entidade assistencial de excelência no atendimento geriátrico e a portadores de necessidades especiais, que cuida de centenas de internos. Num país que deve chegar a ter 30% da população idosa em 2050, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eyer, especialista em geriatria e gerontologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), avalia, nesta entrevista, a qualidade de vida dos idosos em Nova Friburgo e dá dicas para chegar bem à terceira idade.

O idoso vive bem em Friburgo?

O idoso tem mais qualidade de vida razoável pelas características da cidade, que são proximidade e acessibilidade. Nem sempre isso é verdadeiro na assistência à saúde pública, mas ir ao supermercado, ao banco, é mais fácil aqui do que numa metrópole como o Rio de Janeiro, por exemplo. A tranquilidade, o clima, os vínculos com as famílias no interior são mais fortes e uma alimentação mais saudável torna a longevidade maior em Friburgo.

Na cidade, quais principais problemas de saúde os idosos enfrentam?

Numa cidade serrana, temos as doenças respiratórias. No inverno, os idosos deve ter atenção especial, porque sofrem mais com o frio. Entretanto, a vacinação contra essas patologias têm sido feita de forma muito efetiva pela Secretaria municipal de Saúde. Existem outras doenças próprias do envelhecimento: as demenciais, os cânceres, a hipertensão, síndromes cerebrovasculares e nas articulações, entre outras. O maior problema do idoso no mundo, porém, é a solidão. Um fator deletério para a saúde, que deve ser trabalhado pela família, especialmente numa época em que a vida se tornou tão corrida.

E o acesso à saúde?

Deveríamos ter um geriatra para cada cinco mil pessoas, nas cidades. Se não estou enganado, Friburgo não tem geriatra na rede pública, o que é um absurdo, pois temos mais de 200 mil habitantes. A Casa dos Pobres, o Sesi e o Centro de Convivência da Terceira Idade (no Clube de Xadrez) oferecem atividades e atendimentos para idosos, mas a gente ainda está muito aquém de uma padrão de excelência. A nível de saúde privada, tenho colegas que militam nessa área e que prestam assistência muito competente no município.

A melhora na vida do idosos depende do quê?

De aspectos sociais, de assistência à saúde, aspectos familiares, de espiritualidade... Quando olhamos o idoso, não olhamos só a patologia, mas tudo o que o circunda. Há de se ter o suporte de uma rede social-familiar adequada para que se tenha um bom padrão de vida. Uma multiplicidade de fatores para que essa qualidade prospere, que vai do médico, perfaz o financeiro, o social e até a assistência jurídica. Muitos desses aspectos melhoraram com aprovação do Estatuto do Idoso, no país, mas a deficiência ainda é grande.

Como se preparar para a velhice?

A partir dos 30 anos começa um certo grau de declínio nas diversas funções do nosso corpo, como a visão, a audição, a força muscular, cardiovascular e aumenta a propensão às patologias já citadas. Por isso, o autocuidado deve começar o quanto antes através de ações preventivas. Cuidar da pressão arterial, estimular a mente, não fumar, moderar no álcool e, claro, praticar atividades físicas supervisionadas, manter uma alimentação saudável e fazer exames médico com regularidade. A prevenção é o melhor remédio.  

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