Espaço de Leitura - Sopros dos ventos

quinta-feira, 12 de abril de 2012
por Jornal A Voz da Serra

Francisco Gregório Filho

Há os que se queixam dos ventos.

Há os que esperam que eles mudem.

E os que procuram ajustar as velas!

(William George Word)

Lacy Arnand Soares, agora uma vez mais, correndo contra o tempo, dedica aos leitores seu novo livro, “Sopros dos Ventos”, onde mistura ficção e realidade.

Depois dos setenta anos de idade, Lacy, trabalhadora aposentada, mãe, avó e defensora das grandes caminhadas matinais pelas ruas da cidade, disparou a escrever e a registrar sua trajetória como professora. Colocou em destaque as mulheres em seus protagonismos nos enfrentamentos das adversidades da vida, suas vitórias e seus avanços diante de circunstâncias desafiadoras. Já havia publicado antes “Luzes e Sombras” e “Solidão Encoberta”, ambos em 2010.

Temos uma amiga em comum: Antônia Krapp Tavares, que é uma grande incentivadora da leitura e da escrita e nos comenta sobre o livro Sopro dos Ventos: “Na doçura de sua escrita revela como é feito o acervo humano: amor e desamor. O vento leva as palavras carregando chamas e significados. Os gemidos do vento se humanizam e soam como vozes que mostram presenças. Presenças que destroem a rotina e criam novas histórias. Numa leitura prazerosa, Lacy nos dá a dimensão de quando é importante registrar e escrever. Pensando na vida de seus personagens descobrimos o conteúdo de uma história pode ser como o Sopro do Vento—frágil ou poderosa—ocasionando mudanças e tempestades. Mas, na graça da redenção, surge o benefício da oração, da fé e do perdão. O sopro do divino acalentando o ser humano em suas dores. Gentil e delicada, em sua maneira de contar histórias, Lacy nos comove com seu novo livro”.

Tenho conhecido alguns grupos de senhoras leitoras, entre 60 e 97 anos de idade, que à medida em que aprofundam suas leituras descobrem a necessidade também de escrever e registrar seus olhares sobre o mundo. Ordenar suas memórias e narrá-las para que outros (familiares, amigos) passem a conhecer mundos experimentados e/ou observados de maneira singular e autoral.

Um desses grupos de senhoras leitoras conheci por intermédio de uma amiga, a bibliotecária Alcíria Araújo, que exercia a função de uma espécie de leitora-guia do grupo, a estimular e a provocar avós e bisavós leitoras a escreverem boas narrativas sobre episódios experienciados ou testemunhados em suas vidas e que as faziam portadoras de interessantes documentos e registros que revelavam comportamentos sociais e culturais da sociedade de Nova Friburgo. Muita coisa foi publicada e festejada por seu grupo composto de belíssimas senhoras que em rodas de conversas compartilhavam essas vivências, sempre em uma boa mesa de cafés, chás, bolos e deliciosos biscoitos.

Há tempo que não as encontro e a saudade é grande de retornar para as trocas de histórias e textos poéticos, lidos por doces vozes impregnadas de memórias. Meu carinho a elas. Meu reconhecimento a essas avós que combatem a preguiça e a inércia de uma maneira inteligente e prazerosa, lendo, escrevendo, publicando e documentando na ótica feminina uma vontade enorme de ter esperança.

Ao sopro dos ventos a vida passa!...

Luzes e Sombra, Solidão Encoberta (2010) e Sopros dos Ventos (2011) foram editados pela Letra Capital

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