Francisco Gregório Filho
Tomei um café gostoso. Café plantado e colhido em Bom Jardim. Torrado, moído e ensacado por mãos amigas. Café saboroso, servido quente e sem açúcar e muito menos adoçado. Café preto, puro sabor do Sítio Paraíso, em Banquete, bem próximo da cidade de Bom Jardim. Ali, terra boa, em se plantando, floresce.
Amigos leitores, peço licença para aqui hoje falar de uma poderosa mulher, educadora, psicanalista e uma excelente mediadora de leitura. Chamo então a professora Maria Inez do Espírito Santo, que também se autodenomina terapeuta cultural e grande apreciadora de café, pois é ela quem desenvolve, no Sítio Paraíso, uma pequena produção de café.
Conheci a professora por intermédio de um amigo comum, muito querido e grande mestre na arte de contar histórias, Fernando Lébeis. Um artista comprometido em estudar as ricas manifestações culturais dos diversos povos do Brasil. Assim, Maria Inez, eu e outros companheiros bebemos dessa bela fonte de estudos, que infelizmente nos deixou em 2003, uma ausência sentida por todos.
Maria Inez, no entanto, continua em sua inquietude, aprofundando seus estudos e produzindo saudáveis reflexões compartilhadas em seus escritos. Faço referência aqui, para lembrar, de seu livro “Vasos Sagrados: Mitos indígenas brasileiros e o encontro com o feminino”, publicado pela editora Rocco. Vive atualmente em Itaipava, Petrópolis, e coordena grupos de leitura e reflexão, realiza oficinas, palestras e cursos para educadores e agentes de leitura em todo o Brasil. Seu endereço: www.mariainezdoespiritosanto.com.
Em contínuo trabalho com os educadores, ela nos apresenta uma nova e preciosa publicação onde desenvolve um diálogo fluente e amoroso com os professores. Trata-se do livro “Com gosto de terra natal – Um novo olhar sobre mitos indígenas brasileiros”, da Editora Ao Livro Técnico, que tem coordenação editorial de Laura Van Boekel e projeto gráfico de Suriá Taulois.
Como que saboreando e compartilhando um cafezinho, Maria Inez do Espírito Santo nos declara:
“Acreditamos que o caminho em direção a tornar o magistério uma atividade mais prazerosa, geradora de uma educação fecunda, capaz de promover a formação de seres humanos mais fortes e criativos, se possa fazer a partir do resgate de raízes. Tanto de raízes pessoais, que surgem no aprofundamento do conhecimento de si mesmo, quanto de raízes culturais, que encontramos quando somos capazes de nos abrir para o mundo que nos cerca (absorvendo a seiva que nos alimenta a autoestima) e renovando-o, ao mesmo tempo, com nossa contribuição genuína e única.
É dentro desse espírito que surge a proposta expressa neste livro. Das origens mais remotas que se possa imaginar, brota uma vertente que, paradoxalmente, pode parecer vanguardista: educar pelas Histórias dos antigos, pelos nossos mitos Indígenas”.
Amigos leitores desta coluna, concluo nosso encontro deste sábado fazendo lembrar da Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008, que prevê a obrigatoriedade do estudo da história e da cultura indígena nos ensinos fundamental e médio, públicos e privados. Posto isso, o primeiro passo nesta metodologia deve ser a contação de um mito.
“Mitos, como se sabe, são histórias fora do tempo. Os signos místicos, equivalentes em todas as culturas do mundo, transportam-nos para o espaço potencial: o espaço de criação.” Convite de Maria Inez para mais um cafezinho quente e delicioso. Até breve.
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