Francisco Gregório Filho
Paraty, cidade candidata a Patrimônio da Humanidade junto à Unesco, mas já considerada por nós como tal! Lá foi realizada em 2012 a décima edição da Festa Literária Internacional.
Com seu Centro Histórico preservado e suas ruas de pedras, Paraty, recebeu vinte e cinco mil pessoas de vários lugares do mundo para celebrarem a Literatura. Festejar a capacidade humana de imaginar e registrar o que imaginou em escritos com começo, meio e fim. Um tempo literário, como chamamos. Escrituras poéticas em poemas e prosas. E aí, a festa promove o grande encontro dos escritores com seus leitores. Encontro do já imaginado e escrito com os olhos de quem vai ainda ler e imaginar. Bonita relação que se estabelece entre o escritor, o seu texto e o leitor. Daí a necessidade da celebração, da Festa.
“É no mundo possível da ficção que o homem se encontra realmente livre para pensar, configurar alternativas, deixar agir a fantasia. Na literatura que, liberto do agir prático e da necessidade, o sujeito viaja por outro mundo possível. Sem preconceitos em sua construção, daí sua possibilidade intrínseca de inclusão, a literatura nos acolhe sem ignorar nossa incompletude.”
Disse-nos isso Bartolomeu Campos de Queirós. Escritor mineiro, nascido em Papagaio–MG, e falecido no recente 16 de janeiro, em Belo Horizonte, cidade onde desenvolveu seus estudos, seus trabalhos e que o projetou para todo o universo da Literatura. Bartô partiu deixando para nós um legado de luta para fazer do país uma sociedade leitora, estendendo à população atividades mobilizadoras para promover o exercício da leitura literária. E este foi um dos princípios que nortearam a criação do movimento por um Brasil Literário, com o qual Bartolomeu Campos de Queirós se envolveu em seus últimos anos de vida, chegando a redigir, de próprio punho, o manifesto que lançou o movimento, durante o 7ª Flip, em 2009. Acessem o site www.brasilliterario.org.br e lá encontrarão um trecho que diz:
“Alfabetizar-se, saber ler e escrever tornaram-se hoje condições imprescindíveis à profissionalização e ao emprego. A escola é um espaço necessário para instrumentalizar o sujeito e facilitar seu ingresso no trabalho. Mas pelo avanço das ciências humanas compreende-se como inerente a homens e mulheres a necessidade de manifestar e dar corpo às suas capacidades inventivas”.
Pois bem, o Sesc (Serviço Social do Comércio) também participou da Flip 2012 com duas casas—Casas Sesc—onde promoveram inúmeras atividades de leitura. Dentre essas atividades destaco aqui o lançamento da “Palavra—Sesc Literatura em Revista” em seu ano 4 – número 3 – 2012. Nesta edição a Revista faz uma homenagem ao saudoso escritor Bartolomeu.
Com artigos produzidos por diversos escritores, educadores, ilustradores e contadores de histórias, a revista, cuidadosamente editada, coloca em relevo a importância da figura do escritor em algumas das mais consistentes iniciativas para uma proposta de Política Pública para a promoção da literatura, leitura, livro e biblioteca no país. Exemplares da revista podem ser solicitados pelos interessados no endereço eletrônico adpsecretaria@sesc.com.br.
Estive no lançamento da revista na bela Paraty, participando de um bate-papo com o escritor Frei Beto e Áurea Alencar, diretora do movimento por um Brasil Literário, relembrando histórias marcantes desse autor Bartolomeu Campos de Queirós, que publicou mais de 40 livros imperdíveis em qualquer biblioteca de literatura.
Concluímos aqui esta nossa conversa com a fala de Bartô:
“A palavra ao leitor
O grande patrimônio que temos é a memória. A memória guarda o que vivemos e o que sonhamos. E a literatura é esse espaço onde o que sonhamos encontra o diálogo. Com a literatura, esse mundo sonhado consegue falar. O texto literário é um texto que também dá voz ao leitor. Isso é o que há de mais importante para mim na literatura”.
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