Espaço de Leitura - Bartolomeu - 28 a 30 de janeiro 2012

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
por Jornal A Voz da Serra

O escritor brasileiro Bartolomeu Campos Queirós, um dos mais conhecidos autores de livros para crianças, morre aos 66 anos em Belo Horizonte, deixando uma obra de mais de 40 livros. Vencedor de vários prêmios como o Prêmio Jabuti, um dos maiores das letras brasileiras, e o Prêmio Ibero-Americano SM de Literatura Infantil e Juvenil, era o candidato do Brasil para o prêmio Hans Christian Andersen de 2012.

Nascido em Papagaios, Minas Gerais, esteve envolvido em vários projetos de promoção da leitura e estreou como escritor em 1974 com o livro “O peixe e o pássaro”. Deixou outros importantes títulos como “Onde tem bruxa tem fada”, “O piolho”, “Por parte de pai”, “Raul” e “Vermelho Amargo”.

O escritor se vai e sua obra fica. Fica nos nossos corações, nas palavras, no nosso olhar sobre o Mundo e nas atitudes frente à vida. Um bom autor deixa marcas, sentimentos, dúvidas, certezas e paixões.

Um bom autor pode nos apaixonar pela palavra, pelas histórias e pelos afetos.

Um bom autor é capaz também de fazer pessoas melhores, sensíveis, ecológicas, amorosas e saudosas.

Um bom autor é capaz de aproximar seus leitores dos rios, dos pássaros, das árvores e dos mares. É também instalador de incômodos, reflexões, sofrimentos e angústias.

O bom autor nos faz ser mais humanos, amigos, promover encontros, interagir e interceder.

Um bom autor pode nos fazer generosos conosco, com os outros e com o mundo. Mas também são capazes de desinquietar, desinibir e desiludir.

Um bom autor é capaz de seduzir seus leitores para a escrita de outros textos, de cartas, poesias, memórias, letras de músicas, declarações de amor.

Um bom autor deve ser crítico do mundo, do seu momento, da sua história.

Um bom autor deve ser igual a todos nós humanos, com seus medos, inseguranças e limites.

Um bom autor é capaz de fazer leitores apaixonados e desta paixão, fazerem seu ofício.

Bartolomeu Campos Queirós foi um bom autor, podemos afirmar com toda a certeza.

Somos seus leitores e, portanto, sabemos do que ele foi capaz. Com ele aprendemos a amar a palavra, a simplicidade do texto, o valor de uma boa história, e o mais importante, o respeito aos leitores. Com ele também aprendemos a amar nossas tradições mais simples, a valorizar nossa identidade e o nosso país. Com ele, e com seus textos e histórias, também nos fortalecemos na tarefa de formar leitores, uma tarefa que ele exerceu todos os dias da sua vida, porque ele, como nós, tinha fé num país melhor pela Leitura.

Ficamos aqui, amigo, nesse mundo, sendo fiéis àquilo que você mais acreditava... na leitura, na literatura e no leitor para uma vida melhor, mais harmônica e mais justa.

Maria Helena Ribeiro, educadora e pesquisadora da Cátedra Unesco de Leitura—PUC-Rio

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