Francisco Gregório Filho
As vozes da ancestralidade: os mitos, as lendas, os contos populares. As experiências humanas em vozes que nos trazem os saberes, os conhecimentos e as lutas para a conquista da autonomia necessária para as escolhas, o pensar e o fazer.
O acervo, o repertório e as práticas de mediação para apresentar ao outro uma narrativa que altere o censo comum e possa mover, mobilizar as forças e as energias transformadoras. As vozes que tecem, escrevem, produzem uma aprendizagem no espaço da razão e da ternura: da compaixão. Os textos e as leituras em voz alta que reverberam, repercutem em nós mesmos e em nossas relações, atitudes para com o outro e o entorno, apurando a memória para a qualidade e o discernimento como cidadãos.
As vozes nas bibliotecas que acolhem e que promovem as convivências dos diversos e dos diferentes, convidando-os para o protagonismo crítico, inventivo e participativo. As vozes contemporâneas que fazem ressoar valores éticos e humanos em ações do passado, presente e do futuro. O vozerio que ordena os intercâmbios e combate a tagarelice, perscrutando uma narrativa num tempo síntese com começo, meio e fim.
As vozes que formulam perguntas autorais e singulares e possivelmente inaugurais sobre o mundo e a vida, no contato com as escrituras em diferentes linguagens artísticas.
Vozes acolhidas na Biblioteca Pública de Niterói, por meio de uma nova experiência de criação de um clube de leitores formado por avôs e avós. Avós que se encontram para as diversas práticas leitoras. Leem em voz alta para grupos de diferentes idades que se reúnem em salas e auditórios e promovem o intercâmbio de conhecimentos entre as diferentes gerações.
Mulheres e homens com muitas vivências que trazem as boas aventuras dos humanos. É curioso o desejo dos jovens—nesses encontros—de conhecer as histórias lidas e narradas por esses avós que adquiriram desenvoltura com a voz e o corpo para a expressão e a comunicação de um texto.
Sem preconceitos, essas pessoas celebram o ato de viver em sociedade de forma solidária e diminuem o espaço de solidão profunda que tanto acometem os indivíduos com desdobramentos em doenças como a depressão e muitas outras. Uma boa maneira encontrada pela biblioteca para a promoção da leitura e da troca de saberes na sociedade moderna.
O combate ao isolamento de pessoas com idade avançada, mas que não perderam o gosto pela vida. Espaços de inteligência e alegria percorridos com superação e enfrentamento às dores inerentes às complexidades da natureza humana e agravadas pelo tempo de pressa da vida contemporânea.
Obs: 1 - Segundo a Wikipédia, a enciclopédia livre, dia 26 de julho comemora-se o dia das avós e dos avôs, porque no calendário católico é o dia de Santa Ana e São Joaquim, aqueles que seriam os pais de Maria e, portanto, avós de Jesus.
2 - Sugestão de leitura: “A arte de ser avó”, conto de Raquel de Queiroz, em seu livro Tanto Mais.
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