Espaço de Leitura - Aquela vaidade boa

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sexta-feira, 26 de outubro de 2012
por Jornal A Voz da Serra

Francisco Gregório Filho

Fui a Marabá, no Pará. Bem, lá desenvolvi uma oficina de práticas leitoras e contação de histórias. Coisa rápida de apenas 12 horas em três dias. Chão aquele, poético, potencializado pela luta diária de vida dura e desigual.
Um grupo de educadores leitores, em exercício de mediação, na busca de incentivar a formação de leitores inventivos e comprometidos com o seu lugar e o seu tempo, me acolheu com atitudes solidárias e amorosas. Pude experienciar uma boa troca de conhecimentos e curiosidades, entre textos, imagens e muitas narrativas amazônicas. Não pestanejei e, determinado, contei muitas histórias, entre mitos, lendas, contos populares, romances, crônicas, poemas e fábulas. 
Ouvi as diversas vozes com depoimentos profundos de humanidade: sofrimentos e esperanças. A insistência de mulheres e homens em acreditar nos melhores dias para o Brasil. Também conheci os escritos de poetas, contistas e pesquisadores das culturas regionais. Trouxe em meu balaio alguns livros que gostaria de citá-los no sentido de compartilhar aqui neste espaço com os amigos leitores. São três escritores, membros atuantes da Academia de Letras do Sul e Sudeste Paraense.
- Marabá: suas lendas e crendices – escrito pela professora Vânia Ribeiro de Andrade e editado pela Universidade Federal do Pará.
- O cair das horas – escrito por Aírton Souza e publicado pelo Grupo Editorial Scortecci.
- Crisálida – escrito pela professora Eliane Pereira Machado Soares e publicado pelo Instituto de Artes do Pará, com o Prêmio Max Martins do próprio IAP.
A oficina em Marabá fez parte da exposição itinerante Proler: 20 anos de incentivo à leitura no Brasil organizada pelo Proler e SNPB, da Biblioteca Nacional/MinC em parceria com a Casa de Cultura de Marabá. 
Retornei acrescentado de mais Brasil e de mais da diversidade cultural da Amazônia brasileira. Enriquecido pessoalmente, inclusive por uma declaração poética escrita por Eliane Soares em nome de todo o grupo participante da oficina: 

“DEMIURGO (Poema a Francisco Gregório)
Doce e denso Francisco
Chega manso e forte feito o rio
Traz na boca o mundo inteiro
O tempo presente e o tempo antigo.
Doce e suave Francisco, nas mãos,
Traz mais do que conhecimento,
Sim, fantasia e imaginação:
fadas, duendes, saci
peixes que falam, mulheres e cobras
e faz a gente sonhar e chorar 
pensando que ri.
A voz de Francisco canta, sussurra,
chama, seduz, inaugura
agrega, ilumina, traduz
(tem largura, profundidade, altura e até luz).
Doce e pobre Francisco
Feito o rio, feito o santo, atravessa o país,
não busca ouro nem vã glória,
Mas por onde passa deixa um espanto no ar: 
Aqui passou um criador de mundos 
Aqui esteve um encantador de histórias” 

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