O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vem passando por uma série de reformulações e, como consequência, diversas unidades em todo o Brasil estão sendo fechadas. No estado do Rio de Janeiro, depois dos escritórios de Cabo Frio e de Campos de Goytacazes, a proposta é que a unidade de Nova Friburgo seja extinta.
Situado na Rua Santos Werneck, 8, no Centro, o escritório funciona em um residência e conta com uma equipe de oito servidores: um médico veterinário, um geógrafo, um agrônomo, um biólogo, um sociólogo, um arquiteto urbanístico e dois técnicos administrativos, os quais serão remanejados para o Rio de Janeiro ou para a unidade de Angra dos Reis. Há também outros cinco contratados para limpeza e vigilância.
Com uma média de três ocorrências por dia, o escritório do Ibama em Nova Friburgo age em denúncias de desmatamento para a expansão urbana ou agropecuária, tráfico de animais, pesca ilegal no Rio Paraíba do Sul e extração de ouro, além de operar em ocorrências de transporte de produtos perigosos.
O chefe do escritório regional do Ibama, Mauro Zurita, em entrevista para A VOZ DA SERRA, falou sobre o provável fechamento da unidade: “O projeto em questão representa a perda política de capilaridade federal e gestão ambiental na Região Serrana, Centro-Norte, Noroeste e Norte fluminense. Com o fechamento da nossa unidade, o Ibama passa a ficar fora do contexto dos problemas ambientais de Nova Friburgo e cidades circunvizinhas, já que o instituto atua em outros 15 municípios da região”, disse ele, acrescentando que “a ausência do Ibama poderá produzir, a curto prazo, prejuízos irreversíveis ao bioma Mata Atlântica e seus ecossistemas associados”.
Para Zurita, a proposta tem argumentos insustentáveis e faz com que o estado fique apenas com a sede no Centro do Rio e um escritório regional em Angra dos Reis. “A explicação para a decisão é que Nova Friburgo não possui fauna e flora significativas. Um absurdo”, exclamou. De acordo com Mauro Zurita, a situação já foi encaminhada ao Ministério Público Federal em Nova Friburgo e aos políticos de âmbito federal que atuam na região, junto a documentos técnicos que comprovam a necessidade da manutenção do Ibama em Nova Friburgo.
“O fim do escritório do Ibama na região partiu da superintendência do órgão no Rio de Janeiro. Os servidores não foram ouvidos, não houve uma conversa ou foi aberto um debate sobre a medida”, disse ele. Zurita afirma também que há pelo menos três anos a unidade vem funcionando em situação deficiente. “Cortaram o combustível e manutenção dos veículos, além de proibirem nossos fiscais de usar armamento; medidas que impedem que exerçamos atribuições elementares, ficando clara a intenção premeditada de extinção da nossa unidade”, conta. Com o fechamento do escritório regional, as ações de defesa e fiscalização do meio ambiente passarão a ser incumbência da prefeitura e do estado.
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