Escolas estaduais aptas a atender portadores de necessidades especiais

terça-feira, 19 de outubro de 2010
por Jornal A Voz da Serra
Escolas estaduais aptas a atender portadores de necessidades especiais
Escolas estaduais aptas a atender portadores de necessidades especiais

Eloir Perdigão

Exatos 150 alunos com algum tipo de deficiência – auditiva, mental, física, múltipla, com transtorno global do desenvolvimento, com baixa visão ou com indicativo de alta habilidade ou superdotação – estudam nas escolas regulares estaduais de Nova Friburgo, Bom Jardim, Sumidouro, Carmo e Duas Barras, área de abrangência da Coordenadoria Regional Serrana II. Através do Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado (Napes), recebem total apoio para que estudem como os demais alunos.

Só para citar dois exemplos, os surdos são sete no Galdino do Valle Filho, no Recanto Trajano de Almeida; oito no Marcílio Dias, no Paissandu; um no Ibelga, em Salinas; e 11 no Centro de Estudo Supletivos (CES), no Centro. Os cegos são dois no Galdino do Valle Filho, cinco no CES e um no Instituto de Educação de Nova Friburgo (Ienf), no Centro.

O NAPES – O Napes é composto por uma equipe de professores orientadores, integrada por Adriana Macedo de Faria Silvestre, Jaqueline Batista Corrêa, Marcia Bandeira Dias e Natalina Schimidt El-Jaick, e como coordenadora estadual de educação especial, Roseni Silvado Cardoso. Os professores do Napes são especialistas, que têm por competência assegurar recursos e serviços educacionais especiais, visando apoiar os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades de ensino, em consonância com a Política Nacional de Educação Especial. O núcleo promove capacitações e orientações aos professores das classes comuns de forma itinerante, garantindo um atendimento pedagógico adequado às necessidades educacionais dos alunos com deficiência.

Considerando que os professores da rede regular estadual não tiveram, em sua formação inicial, acesso a conhecimentos relativos às necessidades educacionais especiais e sentem-se despreparados para trabalhar com esses alunos, o Napes vem promovendo formação continuada de forma sistemática, no sentido de transformar as escolas estaduais em espaços que atendam às necessidades educacionais específicas dos alunos, visando à educação inclusiva.

Estado tem escolas prontas para atender a portadores de necessidades especiais

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado do Rio tem o maior percentual de municípios com escolas preparadas para receber alunos com necessidades educacionais especiais em turmas regulares, num total de 82,6%. De acordo com o último censo escolar, a rede estadual de ensino possui 4.964 alunos com deficiência e 564 escolas estaduais com alunos incluídos. Em 2009, aproximadamente seis mil professores foram capacitados para o atendimento dos estudantes com deficiência nas salas de aula e 360 prestando Atendimento Educacional Especializado (AEE) em salas de recursos multifuncionais.

Um direito que é garantido por lei

A professora orientadora Natalina Schimidt El-Jaick, juntamente com as demais colegas da equipe do Napes (criado em 2005), acompanha todo o processo de ensino dos alunos deficientes através de dados estatísticos e legislações e também presta todo o apoio necessário tanto em Nova Friburgo quanto nas demais cidades pertencentes à Coordenadoria de Educação Serrana II.

A professora frisa que todos frequentam o ensino regular. Num contraturno – não pode ser durante o horário de escolaridade – têm direito ao AEE. É feito em salas de recursos com professores especialistas, já que é difícil este atendimento em cada unidade escolar. Tudo começa com a matrícula desses alunos em classes comuns. O diretor da escola, então, através de ofício, comunica ao Napes, que tem a equipe responsável na região para dar assessoria ao professor, que está recebendo esse aluno. Se, por exemplo, esse aluno for surdo, o Napes imediatamente faz uma visita à escola, prestando orientação aos professores sobre como atender esse aluno. Muitas vezes o trabalho inclui a própria turma, chamando a atenção dos demais alunos de que estarão convivendo com uma pessoa portadora de uma necessidade especial.

O aluno cego vai para a escola, o diretor comunica, a equipe do Napes faz a preparação de professores e demais alunos para que recebam esse aluno. Recentemente os professores foram capacitados sobre como ensinar matemática para alunos cegos, através do sorobã (conforme matéria publicada neste jornal). A equipe do Napes também produz algum material. Se o professor da classe comum vai aplicar uma prova, a prova do aluno cego é encaminhada ao Napes, que a imprime em braile, através de impressora especial, permitindo que o aluno faça a prova como todos os demais.

No contraturno, esse aluno vai para uma sala de recursos, com equipamentos e materiais específicos para alunos cegos, como a da Escola Neuza Brizola, que funciona anexo à faculdade de odontologia da UFF. Outros locais serão beneficiados em breve com salas deste tipo, como o Colégio Galdino do Valle Filho, Ciep Glauber Rocha e o Ienf. Assim, quatro escolas poderão oferecer o atendimento especial a alunos deficientes das redondezas.

Com o aluno surdo ocorre a mesma coisa, só que o professor da sala de recursos precisa saber libras, a língua materna do surdo. Esse aluno terá, na sala de recursos, um professor que saiba libras, que trabalhe com ele a língua portuguesa e libras. Para participar, como todos os demais alunos em sala de aula, ele terá um intérprete, a pessoa que vai passar, em libras, o conteúdo ensinado pelo professor para o aluno surdo. Assim, ele aprenderá o mesmo conteúdo dos demais alunos com a adequação necessária, no caso, libras.

O Napes é responsável pelos dados estatísticos – demanda, onde e como estão – e faz o trabalho de itinerância nos cinco municípios da Coordenadoria, nas escolas que têm esses alunos incluídos, dando apoio, suporte, aos professores que estão recebendo esses alunos em classe comum. Todos os municípios da Coordenadoria têm algum aluno incluído com deficiência, seja esta qual for.

A família que tem um deficiente, seja qual for a deficiência, tem a garantia de que ele poderá ser um aluno da escola regular, com todo apoio necessário. Este é, inclusive, um direito garantido por lei. A vaga desses alunos é garantida, independente de sua deficiência. E o Napes é a equipe responsável pela orientação dos professores que recebem esses alunos e que é acionada logo que um deles faz a matrícula.

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