Flávia Namen
Para muitas mulheres, a chegada aos 40 anos ainda é cercada de expectativa e insegurança. Um dos motivos são as marcas do tempo, que ficam mais evidentes a partir desta idade. Pés de galinha, pálpebras caídas e sulcos profundos são inevitáveis nesta fase, já que a pele do rosto vai perdendo elasticidade. Para retardar o relógio do tempo, a cirurgia plástica facial é um recurso muito procurado por aquelas que entraram na casa dos “enta”. Liftings, blefaropastias (cirurgia nas pálpebras) e levantamento de sobrancelhas estão entre os procedimentos mais indicados para quem quer manter a aparência jovem.
Em meio a tantos recursos, fica a dúvida sobre qual a idade ideal para as mulheres que querem fazer uma plástica de rejuvenescimento. O caderno Light ouviu um especialista no assunto para tirar esta e outras dúvidas muito frequentes nos consultórios e clínicas de estética. Para o cirurgião plástico Richard Robadey, a idade ideal para uma intervenção no rosto varia de pessoa para pessoa. Segundo ele, que é membro titular e especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, é fundamental se informar bem antes de realizar qualquer procedimento. Vale ressaltar que este tipo de intervenção não transforma uma mulher de 40 anos em outra de 20, ao contrário do que costuma ser pregado pela mídia e por leigos no assunto. Confira o que diz o especialista.
LIGHT: A partir de quantos anos é recomendável fazer uma plástica de rejuvenescimento?
RICHARD ROBADEY: É uma questão muito variável. Sobretudo porque hoje existem mais formas de educar o paciente e fornecer a ele meios de cuidar melhor da pele do rosto. Com bons hábitos é possível adquirir uma pele mais bonita e protegida e retardar a necessidade de procedimentos rejuvenescedores. Usar diariamente o filtro solar, não fumar e manter simples cuidados de hidratação da pele já fazem verdadeiros milagres, sobretudo naqueles pacientes com pele mais clara e, portanto, menos resistentes à ação deletéria do sol. A preocupação em proteger bem a pele deve ser passada de pai para filho. Já no primeiro ano de vida a criança deve ser orientada a usar filtro solar diariamente. Aliás, oriento as minhas filhas a deixarem o filtro solar ao lado das suas escovas de dentes. No entanto, alguns pacientes têm uma pele geneticamente mais sensível aos fatores do ambiente. Nestes casos, manchas, rugas e flacidez cutânea podem surgir precocemente. Com elas desperta-se o interesse em amenizar o aspecto cansado que conferem ao rosto. Os procedimentos estéticos, quando bem indicados, podem ajudar. Objetivamente, a idade ideal para uma intervenção no rosto será determinada por cada pessoa, de acordo com a sua necessidade individual. Enfatizo que a idade, em si, não é o melhor critério. Quando estiver descontente com a sua imagem, o médico poderá recomendar o mais conveniente ao caso daquela pessoa.
LIGHT: Em que faixa etária começa a procura pelos procedimentos estéticos cirúrgicos e não cirúrgicos para rejuvenescer?
Temos duas modalidades de intervenção no rosto, que são utilizadas isoladamente ou sinergicamente: procedimentos não operatórios (os mais conhecidos são a toxina botulínica ou botox, preenchedores de marcas e rugas, lasers ou peelings, entre outros) e procedimentos operatórios (lifting, minilifting, blefaroplastia, entre outros). Normalmente vemos pacientes buscando procedimentos não cirúrgicos por volta dos 35 a 45 anos. Estes são utilizados com resultados bastante interessantes, aceleram a renovação da pele e, com isso, melhorando o seu aspecto geral. Ainda minimizam rugas e linhas de expressão. Têm recuperação mais rápida após a execução, geralmente provocam menos inchaço e desconfortos. Contudo, têm resultado mais limitado. Muitas vezes são complementares à cirurgia, aprimorando ainda mais o que foi conseguido ao operar. Quando o paciente tem flacidez na pele do rosto, pescoço ou pálpebras, tende-se a indicar os procedimentos operatórios. Em geral isso ocorre com pacientes entre 45 e 60 anos. Somente com cirurgia se consegue reposicionar e/ou remover os tecidos em excesso. Utilizar-se apenas de técnicas não cirúrgicas provavelmente trará um resultado aquém das expectativas desses pacientes. Essas técnicas, em regra, deixam cicatrizes, ainda que o cirurgião busque escondê-las, e requerem um tempo maior de recuperação comparado ao dos procedimentos não operatórios.
LIGHT: E, entre estes procedimentos, qual o mais procurado atualmente pelas mulheres?
Entre os não operatórios temos primeiro a toxina botulínica (botox) e em segundo os preenchimentos. Entre os operatórios, o lifting da face (cirurgia de rejuvenescimento do rosto) para as mulheres e a blefaroplastia (cirurgia das pálpebras) para os homens. Tão importante quanto decidir realizar algum procedimento é saber onde e com quem. Existe uma ampla variedade de ofertas e produtos. Devemos desconfiar de propostas desmedidas, grandes facilidades na realização da avaliação e dos procedimentos, propagandas exageradas, preços muito baixos e de profissionais coniventes com tais práticas. Portanto, é fundamental que os pacientes que desejam uma avaliação busquem médicos especializados e com credenciais para aquilo que divulgam e prometem fazer. Todo esforço é válido para obter informações sobre os profissionais e hospitais do mercado. Pode-se consultar amigos, familiares e médicos de outras especialidades que já sejam da confiança do paciente. Quando necessária uma intervenção no hospital, este deve estar preparado e com recursos para os procedimentos em questão. No caso da minha especialidade, recomendo o site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica para mais informações (www.cirurgiaplastica.org.br).
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