Priscilla Marinho: dos teatros à televisão
Aos 26 anos, a atriz Priscilla Marinho anda rindo à toa. Seu papel de estreia na televisão, a empregada Sheila, em Caminho das Índias, conquistou o núcleo de dramaturgia da TV Globo e lhe abriu as portas para dar vida à cômica personagem Zuleide, nos atuais folhetins de Malhação-ID.
Quer saber a receita para transformar dois papéis, a princípio modestos, num show de interpretação? Ingredientes que já nasceram com a atriz: carisma e talento, que ela tem de sobra.
Em clima de total descontração, a artista recebeu a reportagem de AVS no palco de do Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio. Descalça durante um ensaio, a grata revelação da TV falou da vida pessoal e do sucesso.
Você começou no teatro com 12 anos. Sempre quis ser atriz?
Resolvi fazer teatro porque morava no Jardim Botânico, aqui no Rio, ao lado do Tablado (tradicional escola carioca de interpretação). Sempre via as peças lá e pedi à minha mãe (Virgínia Helena Marinho) que me matriculasse no curso. Ela é continuísta da emissora há 15 anos e não queria que eu fosse atriz, pois tinha medo que eu me decepcionasse. Depois viu que eu levava jeito e me apoiou.
E se não tivesse dado certo?
Aí seria cozinheira. Adoro fazer receitas tradicionais e inventar as minhas. Gostaria muito de fazer gastronomia.
E qual prato você mais gosta de preparar para depois comer (risos)?
Ah, essa não é difícil de responder! Eu amo strogonoff de carne com batata palha (risos). Adoro!
Você disse uma vez que não concordava com a maneira pela qual os negros eram inseridos na TV e que, por isso, não faria empregadas...
É... Mas entendi que a questão poderia ser direcionada de outra maneira também. Quando aceitei na época o convite da Glória Perez para fazer a Sheila, percebi que fazendo a personagem maravilhosa poderia deixar as diaristas com orgulho da profissão, que é importantíssima!
Você não esperava ficar tão popular, né? Como lida com a fama?
Não sou acostumada a tirar fotos, dar entrevistas e ver um gravador como esse ligado na minha cara enquanto estou falando. Mas estou aberta para que todos venham conversar comigo. E tento ser tranquila.
Apareceram muitos amigos depois do sucesso (risos)?
Ando sempre com as mesmas pessoas. Apesar de ser muito comunicativa, meus amigos continuam sendo os da infância, aqueles que conheço há mais de dez anos, exceto a galera do Nós do Morro, que entrei há quatro anos. Por incrível que pareça, estou tendo problemas com esses meus amigos de infância, que as vezes dizem que não dou mais atenção para eles (risos). Eles são a minha família. Então, estou tentando fazer uma coisinha de cada vez.
Como tem sido a experiência de trabalhar com o grupo teatral Nós do Morro? É bem diferente do trabalho na televisão...
A comunidade do Vidigal me emociona. Lá, quando estamos em cartaz, eu vejo que não é o público do asfalto que desliga a TV e vai assistir as peças. São os próprios moradores do morro que lotam o teatro, muita gente mesmo. É lindo! Lá em cima eu posso ver um teatro cheio. Às vezes a gente faz uma peça aqui em baixo que depende de público e a peça sai prejudicada. Lá em cima não, todas as pessoas desligam a televisão e vão nos ver. Nunca havia visto isso em lugar algum.
Como você saiu do teatro e foi parar nas telinhas da Globo?
Tive contato em 1999 com parte do elenco de malhação, mas fui com toda galera do tablado que havia sido chamada. Mas foi uma coisa que eu larguei na época e não tive vontade de fazer. Eu queria mesmo era ficar no teatro!
E agora?
Agora se passaram dez anos. Sei que já tenho uma experiência relevante no teatro, principalmente depois que participei de Os Sertões, de José Celso Martinez. Quero descobrir melhor a televisão, fazer comerciais e, principalmente, cinema.
O que você mudaria no teatro e na televisão?
No teatro eu quebraria todo o palco e o colocaria no chão. Gostaria de quebrar essa distância entre a platéia e os atores. Eu prefiro interagir com a platéia atuando no meio dela, entre as pessoas. Na televisão eu gostaria de mudar o tempo. A gente perde muito tempo na televisão. Para gravar três cenas você perde cerca de cinco horas. Então gostaria que a TV fosse mais rápida e mais prática.
Essencial pra você é...
Continuar fazendo arte, fazendo as pessoas se emocionarem. O que eu queria mesmo era fazer cinema. Já fiz dois filmes e, na verdade, por mim, eu viveria somente de cinema.
Fica aí a dica para os diretores!
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