A Secretaria Municipal de Comunicação entrevistou o tenente-coronel João Paulo Mori, coordenador municipal de Defesa Civil. Com 27 anos de carreira militar, Mori é casado, pai de três filhos, está em Nova Friburgo há quatro anos e já havia coordenado a Defesa Civil anteriormente. Assumiu o comando do 6º Grupamento de Bombeiro Militar, onde permaneceu até o final da tragédia de 12 de janeiro.
Tão logo tomou posse, seu primeiro ato foi reunir toda equipe para reestruturar o setor que integra a Secretaria de Ordem Urbana, gerida pelo coronel Hudson Aguiar. Ele falou das metas enfatizando que a palavra de ordem da DC é “Vida”, pois o ser humano está acima de qualquer perda material. Uma de suas metas é dar mais celeridade às vistorias atrasadas.
Outra meta da DC é o sistema de alerta, com a implantação de sirenes, um sistema idêntico ao que está sendo implantado no Rio de Janeiro, já existente no Japão.
“Nós estamos trabalhando para que, até dezembro, esse sistema já esteja implantado. A população será treinada para eventuais situações de alerta, e pretende-se evitar o pânico, promovendo ações organizadas e novas mudanças de postura diante de maior incidência de chuvas”, disse Mori.
As chuvas do sábado, 15, trouxeram pânico à população. O que o senhor tem a dizer sobre o fato?
É realmente preocupante o volume de água que se abateu sobre Nova Friburgo num período de apenas uma hora. Foram 58 mm de chuva. No Rio de Janeiro, por exemplo, com 40 mm já acionam as sirenes. Se chover 125 mm em 24 horas já é motivo de estado de atenção. Precisamos discutir com as autoridades no assunto, que são técnicos, qual será o parâmetro para Nova Friburgo.
Além das águas desceu muita lama das encostas. O que fazer para minimizar essa situação?
Nova Friburgo está mais vulnerável do que qualquer outra cidade do Brasil, e a lama decorrente das encostas agrava ainda mais a situação. Uma situação há anos enfrentada pelos friburguenses é a falta de vazão nos bueiros do centro da cidade. Há muitos anos não se faz nada em obras para resolver este problema. Os bueiros não dão vazão porque lá na frente não encontram manilhas adequadas para a saída das águas e, para piorar, ainda temos o problema do lixo, dos bueiros cobertos com papelão, e de infraestrutura que mistura águas pluviais com esgoto.
Serão precisos então mais investimentos nas obras de galerias e infraestrutura?
Sim. E um estudo já concluído foi encaminhado pelo prefeito Dermeval Neto a Brasília para que, de uma vez por todas, este problema do centro da cidade seja resolvido.
Há muitas dúvidas da população sobre o que está sendo feito em termos de prevenção de uma nova tragédia. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
À Defesa Civil do Município coube indicar os locais onde as sirenes serão instaladas e é também nossa obrigação a capacitação de pessoas nas comunidades para casos de emergência. Isso nós já demos início, no mesmo sábado, dia 15, no bairro Vilage. Eram 10 áreas inicialmente e chegarão a 20. Serão 38 sirenes ao todo.
E de quem é a responsabilidade das sirenes?
Do governo do Estado, que tem executado a instalação e que, cremos, finalizará o trabalho a tempo de enfrentarmos as chuvas que são comuns no verão.
Na quarta-feira as sirenes da Vilage foram acionadas. Foi acidental ou foi um teste?
Foi acidental. Não provocaríamos tumulto e nem pânico levianamente.
E os pontos de apoio?
Fizemos todo o levantamento e identificamos os locais que serão pontos de apoio e estamos na etapa final. Ouvimos as comunidades e estamos trabalhando numa parceria com elas; é preciso sensibilizá-las para o problema e também capacitar as pessoas. Mas é importante frisar que ponto de apoio não é abrigo.
E qual é a diferença?
Ponto de apoio é uma base segura. Serão 50 pontos de apoio em todo o município. É um local para que as pessoas que estão em áreas de risco se sintam seguras até que as chuvas passem. O abrigo é outra coisa. É um local temporário para quem ficar desabrigado.
Mas de que forma essas pessoas buscarão os pontos de apoio?
A ideia é acionar as sirenes duas horas antes do advento previsto tecnicamente pelos órgãos oficiais de meteorologia, para que haja um mínimo de tranquilidade. Digo um mínimo porque entendemos o estado emocional dos friburguenses. Nós vivemos a maior tragédia natural do país.
E essa comunicação terá outras alternativas?
Sim. Estamos formatando também dois boletins diários e oficiais. É muito importante a participação de todos nesse enfrentamento. O que não podemos é causar pânico. E o órgão oficial de informação da Defesa Civil é a Secretaria de Comunicação Social.
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