Gabriel Braga Nunes: o novo bad boy da televisão
Após agradar a cúpula da Globo com pequena participação na série “As Cariocas”, exibida no fim do ano, Gabriel Braga Nunes, 38, ganhou a chance de voltar às telinhas globais e foi escalado de última hora para o horário nobre em Insensato Coração, dos autores Gilberto Braga e Ricardo Linhares, ocasião em que substituiu o amigo e companheiro de trabalho Fábio Assunção, que mesmo já tendo iniciado as gravações pediu seu afastamento ao núcleo da novela para continuar seu tratamento contra a dependência química.
Fruto do relacionamento da atriz Regina Braga com o diretor Celso Nunes, Gabriel Braga Nunes nasceu em São Paulo, onde se formou em Artes Cênicas pela Unicamp. Ele ganhou destaque na Rede Globo até 2005, quando foi contratado pela Rede Record, onde viveu seu primeiro protagonista, Fernando Seixas, na obra “Essas Mulheres”. O ator estreou sua carreira no SBT na telenovela “Razão de Viver” (1996). Logo depois participou da minissérie “Por Amor e Ódio”, na Record. Mas, foi mesmo na Globo, em 1997, que ganhou notoriedade nacional ao fazer “Anjo Mau” (1997). Depois não parou mais: fez “Terra Nostra” (1999), “Uga Uga” (2000), “Estrela Guia” (2001), “O Beijo do Vampiro” (2002), “Kubanakam” (2003), “Os Aspones” e “Senhora do Destino” (2004).
Ao chegar com um extenso currículo na Record, em 2005, assinou um atraente contrato com a emissora, pela qual trabalhou em cinco novelas. Nesta entrevista ele diz que o maior feito na Record talvez tenha sido a grande parceria concretizada com o autor Lauro César Muniz, com quem trabalhou em “Cidadão Brasileiro” e em “Poder Paralelo”. Na última, sua excelente atuação com o herói Tone Castellamare lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Contigo! de “Melhor Ator”.
Focado em aproveitar cada segundo desta grande oportunidade, viver o vilão Léo Brandão em Insensato Coração, Gabriel conversou com o caderno Light de A VOZ DA SERRA e contou um pouco mais sobre como tem sido seu retorno à Rede Globo e o que espera alcançar nesta novela.
LIGHT - Como foi o momento em que você recebeu o convite para entrar na novela?
GABRIEL BRAGA NUNES - A lembrança que tenho deste momento é de estar sentado na mesa com o Dennis Carvalho e ele pegar um calhamaço de papel, de 18 capítulos, colocar na minha frente e dizer: “Você encara?” Então respondi: “Estamos aí...”
LIGHT - Sentiu um frio na barriga ao ver os 18 capítulos que já haviam sido gravados pelo Fábio Assunção?
GABRIEL - Não! Nunca tive medo ou receio de encarar este desafio. Pelo contrário, senti um grande orgulho, pois o Fábio é um dos atores que mais admiro dentro da dramaturgia nacional e foi um grande orgulho receber este personagem.
LIGHT - Por que você acha que foi indicado para substituir o Fábio?
GABRIEL - Acho que eu, o Fábio e o Eriberto Leão temos algumas familiaridades. Acho que poderíamos, por exemplo, ter sido facilmente três irmãos nesta novela. Temos a mesma faixa etária e também acho que geneticamente somos tipos parecidos.
LIGHT - Você chegou a conversar com ele sobre a substituição?
GABRIEL - Sim. Chegamos a nos falar, pois o Fábio é meu amigo. A gente trocou algumas ideias sobre este trabalho e o Fábio está muito bem, muito feliz, e torcendo muito pelo sucesso da novela.
LIGHT - O Fábio já havia trabalhado antes com o Gilberto Braga, quando fez o vilão Renato Mendes, em Celebridades. Agora você entra com o Gilberto no horário nobre também. Está satisfeito, realizado?
GABRIEL - Olha, o que posso dizer é que adoro e admiro o Gilberto, desde a novela “Pátria Minha”, que também foi o Fábio que fez. Desde então eu tinha um olho no Gilberto. Há muitos anos eu tinha vontade de trabalhar neste núcleo do Gilberto e do Dennis, então este convite foi um presente de Natal.
LIGHT - Trabalhar com Glória Pires também é um privilégio, não é?
GABRIEL - A Glória é uma atriz que dispensa comentários e eu estou muito feliz de estar conseguindo encontrar um bom caminho de relação com ela. Sabe quando você sente que está rolando legal? Estamos percebendo que é uma relação que está forte e que está acontecendo. A gente chama isso de química, não é mesmo? E isto me enche de orgulho, pois ter uma química com a Glorinha não é pra qualquer um.
LIGHT - E essa transição da Record para a Globo, que são duas emissoras concorrentes? O que você poderia dizer sobre isso?
GABRIEL - Teve um momento na vida em que eu estava tendo oportunidades muito legais na Record e fiquei muito feliz e orgulhoso de receber aqueles convites. Eu acho que a gente vai trilhando caminhos que a vida vai conduzindo. Eu nunca decidi trocar de emissora. As coisas foram acontecendo.
LIGHT - Você teria toda essa experiência na Record novamente?
GABRIEL - Eu tenho grande carinho pela grande experiência que vivi na Record nos últimos anos. Eu tive um intensivo de telenovelas lá. Foram cinco novelas em cinco anos. Eu fui quase que um plantonista de hospital, aquele cara que trabalha muito. Esses cinco anos na Record foram muito importantes na minha vida. Lá eu vivi grandes parcerias, que são fundamentais para a história de um ator.
LIGHT - Pode dar um exemplo?
GABRIEL - A química de trabalho, por exemplo, que eu tive com o Lauro César Muniz e a Paloma Duarte, é uma coisa que entrou pra minha história como ator. E isso eu devo à Record, eu tenho muito orgulho das coisas que vivi lá.
LIGHT - Como é este novo personagem? Você já fez muitos vilões em sua carreira, mas o que achou deste, especificamente?
GABRIEL - Achei um grande personagem, porque ele dispõe de comportamentos variados e imprevisíveis dentro da trama. É como se fosse um monte de personagens ao mesmo tempo. Ele manipula as pessoas para alcançar seus objetivos e usa o seu poder de sedução, um autêntico vilão, que quer, de qualquer maneira, se dar bem. Ele é mais apegado com a mãe e desenvolve uma relação traumática com o pai, que é um homem honesto. Além disso, tem muita inveja do irmão, que é um sentimento que irá guiar seus passos na novela.
LIGHT - Apesar de vilão, você acha que tem algo em comum com este personagem, alguma coisa que ajudou a fazê-lo na hora de gravar?
GABRIEL - Se eu tenho alguma coisa na minha vida que vai ao encontro a este personagem vai aparecer no meio do caminho...
LIGHT - Você estava com vontade de fazer um vilão deste tipo?
GABRIEL - Teve um momento, há uns anos, que eu estava louco para fazer o herói de uma trama, porque os vilões estavam se repetindo. Ultimamente fiz diversos heróis. O meu último personagem, o Tony Castellamare, é um personagem que foi muito marcante na minha história, e eu tenho muito carinho por ele. Ele era um grande herói. Dúbio, mas um grande herói. Estou completamente satisfeito com o personagem que tenho nas mãos hoje. Esse vilão está vindo para mim, é um prato cheio. Estou muito orgulhoso do convite. Espero que seja um momento marcante na minha história como ator. Tudo indica que sim.
LIGHT - Depois dessa confusão toda, como a saída da Ana Paula Arósio e do Fábio, como tem sido as gravações? Como estava o clima quando você chegou?
GABRIEL - Tem sido ótimas, me sinto muito bem acolhido na Globo, porque volto a me relacionar com amigos que frequentam a minha casa. Além disso, entrei para regravar um monte de cenas e acho que acabo trabalhando melhor quando estou sob pressão. A única coisa desagradável é gravar no sol, que eu detesto (risos).
LIGHT - Mas deve ter sido diferente, porque já havia cenas gravadas pelo Fábio, que tiveram que ser regravadas por você. Como estava a energia dos atores em relação a isso?
GABRIEL - Ninguém demonstrou estar chateado de ter que gravar novamente algumas cenas. Eu não vi. Senti total companheirismo, afinal, o resultado é comum. Está todo mundo querendo o sucesso desta novela, inclusive o Fábio, com quem eu falei recentemente, que está torcendo muito que seja um sucesso. Uma energia muito positiva mesmo.
LIGHT - Você disse que funciona melhor sob pressão, como é isso?
GABRIEL - Então, tem um lado bom, de ter pouco tempo, que é o de você ter que fazer. Eu já comecei gravando de oito a dez cenas por dia. Também tem o lado de que o susto ajuda você a encontrar o personagem, te deixa ligado. Às vezes, quando você tem mais tempo, não se encontra. Você se encontra é na fluência do personagem.
LIGHT - Que considerações finais você faz nesta entrevista?
GABRIEL - Não imaginei que eu iria voltar tão cedo à TV. Como nos últimos cinco anos eu fiz cinco novelas, eu imaginei que 2011 ia ser um ano que eu iria fazer qualquer outra coisa, menos televisão. Mas a vida me trouxe essa grata surpresa e estou mergulhando de cabeça. Então, minha preocupação agora é continuar aproveitando as melhores oportunidades.
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