Entrevista - Alessandra Maestrine

Por Alessandro Lo-Bianco
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
por Jornal A Voz da Serra
Entrevista - Alessandra Maestrine
Entrevista - Alessandra Maestrine

Alessandra Maestrine e um desafio:

“Ainda preciso superar a Bozena”

Após o sucesso com a divertida Bozena, de Toma Lá, Dá Cá, Alessandra Maestrine encarnou Ditta Kuznescov, em Tempos Modernos, mas ainda não se considera satisfeita. Aos 32 anos, a atriz vem colhendo os frutos de uma dedicada carreira ,que teve início aos 11 anos de idade, quando entrava para o curso do Tablado, no Rio de Janeiro.

Nascida em Sorocaba, cidade paulista, é filha de mãe gaúcha e pai americano. Desde cedo se interessou por música, literatura e arte. Aos 17 anos ganhou uma bolsa para estudar teatro e música nos Estados Unidos, na Universidade de Evansville, Indiana, e lá pode descortinar a possibilidade dos sonhos de menina, quando aos 7 anos costumava criar cenas, cantar, dançar e dirigir os amiguinhos da rua em suas mirabolantes brincadeiras. De volta ao Brasil, foi chamada para participar do premiado musical As Malvadas, de Charles Moeller e Cláudio Botelho, com quem formou mais três parcerias teatrais. Participou de inúmeros musicais de sucesso, como O Abre Alas, Rent, Les Miserables e, mais tarde, Ópera do Malando, no papel de Lúcia. A participação no musical de Chico Buarque foi divisora de águas em sua carreira, pois, arrancando suspiros do próprio mestre da MPB, foi convidada a participar da Ópera do Malandro em Concerto, uma versão mais compacta do espetáculo.

No teatro trabalhou ao lado de Lázaro Ramos e Drica Moraes na peça Mamãe não pode saber, e estrelou O casamento do Pequeno Burquês, que lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Shell de Melhor Atriz de 2004. No cinema participou de Fica comigo essa noite e teve o primeiro contato com Miguel Falabella em Polaróides Urbanas, sendo muito elogiada também no longa O Labirinto. Na televisão, fez Chiquinha Gonzaga e atuou com participações especiais no programa Sob Nova Direção. Em 2007 viveu a personagem Soledad, em Amazônia, de Galvez a Chico Mendes, na qual era a cantora da companhia de Maria Alonso, protagonizada por Christiane Torloni. Ainda em 2007, voltou aos musicais com a peça 7, trabalhando ao lado de Zezé Mota. Ainda nesse ano, foi convidada por Miguel Falabella para fazer uma personagem que a faria ficar conhecida no Brasil inteiro: a carismática e divertida Bozena, com as hilárias histórias de sua terra natal, Pato Branco, no Paraná. Em 2008 Alessandra gravou um CD em parceria com o músico e diretor musical Alexandre Elias. O álbum, intitulado Drama N´Jazz, ainda não foi negociado com nenhuma gravadora.

Simpática, Alessandra conta um pouquinho mais de sua intimidade nesta entrevista.

Como foi sair do programa Toma Lá, Dá Cá para fazer Tempos Modernos?

A minha personagem foi uma das mais dramáticas dessa novela. Tudo com uma pitada de humor, claro! É um grande desafio porque foi o oposto do que eu fiz em Toma Lá, Dá Cá. Fiquei ansiosa para saber como as pessoas iriam me ver com um personagem tão diferente da Bozena. Acho que demoraram a me reconhecer (risos).

Apesar de você vir de uma grande trajetória no teatro, a Bozena, sem dúvida, foi um marco na sua carreira, não é?

O pessoal ainda mexe e brinca muito comigo na rua por causa da Bozena. Com certeza foi um excelente trabalho que me rendeu grandes frutos. Mas acho que isso não vai continuar. Espero que com o tempo as pessoas olhem para meus novos personagens e pensem: “Caramba! Essa aí era a moça que fazia a Bozena”...

Ser rotulada de Bozena nas ruas mesmo fazendo uma nova personagem incomodou você?

Não, de jeito nenhum. Todos os produtores de elenco sabem que meu diferencial é a versatilidade, devido a minha trajetória no teatro. A vida toda sempre pensei que, se hoje estou fazendo um tipo de papel, o próximo tem que ser o oposto, completamente diferente. Essa é a brincadeira que mais gosto. Eu nunca quero brincar igual.

Por que na época acabou o Toma Lá, Dá Cá, se tinha uma ótima audiência?

Acho o Miguel Falabella muito sábio. Ele tira as coisas do ar quando elas estão no ápice. A novidade é que o Toma Lá, Dá Cá irá virar um filme e ainda tem a possibilidade do programa voltar mais tarde.

Em Tempos Modernos você mergulhou numa cantora de ópera. Como você se preparou para esse papel? Você já tinha experimentado esse universo musical antes?

Sempre gostei tanto de comédia quanto de musical. E você não vai acreditar, mas a ópera foi o que eu comecei a estudar antes mesmo do teatro, sabia? Estou um pouco à frente na questão dos musicais, porque peguei isso no teatro chegando aqui no Rio de Janeiro. Então pude mostrar para o público tudo o que eu gosto de uma vez só. Estou amando isso tudo!

Como está sendo lidar com a fama? Com certeza você passou a ser muito assediada na rua depois da Bozena...

Muito! Por isso fiz o que recomendo para todos que forem entrar na televisão: terapia! Ela me ajudou bastante com essa questão de você passar a ser reconhecida pelo país inteiro da noite para o dia, porque não é só você quem pira. Muitas vezes as pessoas que convivem com você e estão sempre ao seu lado piram mais do que você e começam a te olhar diferente. Você vira um símbolo e até mesmo os amigos de anos se esquecem de quem você é. Estou adorando a terapia para lidar com isso da melhor forma.

O sucesso pode ser sinônimo de perigo para quem não tem uma boa cabeça, né?

Sem dúvida. Nesse meio artístico é difícil achar bons colegas. Eu diria que é uma missão que você precisa se empenhar. Os chamados para você pisar na bola são inúmeros e diários. É uma montanha russa mesmo. Por isso, estar bem emocionalmente é fundamental para você e para o personagem que irá interpretar.

Como está o seu coração? Você está solteira?

Sim, infelizmente (risos). Estou solteira, aberta a receber currículos e juro do fundo do meu coração: eu sou uma pessoa bacanaaaa (risos)!

Seu pai saiu cedo de casa pra trabalhar no exterior. Como foi isso na época para você?

Pois é, meu pai (Emílio Maestrine) foi engenheiro de mineração e a vida toda trabalhou lá fora, morando cada hora em um país diferente, trabalhou até na Nasa! Conheço bem o sentimento de abandono, mas, ao mesmo tempo, nunca deixei de me sentir amada por ele. Pensei diversas vezes em ficar lá fora de vez, mas não consegui. Quando ganhei a bolsa para estudar teatro e cinema nos EUA, meus amigos da universidade diziam que eu teria uma carreira brilhante por lá. Mas eu sempre apostei: ‘antes que isso aconteça, preciso primeiro fazer uma carreira linda no país que eu amo e onde nasci’.

 

Como você cuida da sua saúde? Está em ótima forma...

Olha, adoro caminhar! Recomendo para as leitoras que façam tudo que puderem a pé. Agora estou indo de carro para academia porque o horário ficou mais apertado. Nunca tinha feito academia na vida e, modéstia à parte, estava lá com tudo em cima, barriguinha de tanquinho (risos). Mas depois que comecei a malhar estou sentindo mais efeito. Estou vestindo 32, mas isso foi a caminhada! E não se esqueçam: ao sair de casa para caminhar, usem filtro solar!

Qual o seu prato preferido? Você come de tudo?

Sim, não tenho problemas com comida, mas particularmente como muito peixe. Adoro polvo grelhado, risoto de polvo, qualquer coisa que leve polvo (risos). I love frutos do mar!

Qual o segredo para ter uma carreira tão bem traçada quanto é a sua?

Uma vez um jornalista perguntou para Marília Pêra como ela fazia para ter tanto sucesso em sua carreira. Ela respondeu: “Tem que aprender a dizer não!” Então, o repórter disse: “Mas para você é fácil dizer não, pois você é a Marília Pêra.” E ela respondeu: “Engano seu, eu sou a Marília Pêra justamente porque digo não!”. Então acho que é mais ou menos por aí, saber o que vai ser bom ou não fazer para sua vida.

E você já disse muito não?

Já sim! Desde criança, quando minha mãe dizia que se eu não colocasse aquele vestido não iria sair de casa para ir à festa. Eu dizia: “está bem, vou ver televisão.” Isso nunca foi problema para mim.

 

Qual recado você deixa para os leitores?

Eu deixo o seguinte recado: “Se não me reconhecerem nas próximas novelas por causa da Bozena, e daíííííííííí! Uma vez, lá em Pato Branco... (risos)

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