Erika de Souza Bueno*
Por que as pessoas têm tantas dificuldades para identificar o que há de bom no presente? Em detrimento de se viver melhor o agora, elas se alimentam de intensas lembranças do passado, enquanto passam a vida esperando ansiosamente realizar algo no futuro. Quando começam a pensar em como estão vivendo, muitas dessas pessoas tomam por base as experiências vividas no passado, buscando por fatos que lhes proporcionaram bem-estar. Enquanto isso, o presente, tão lindo e repleto de tantas possibilidades, parece estar dia a dia mais esquecido.
Não satisfeitas com o que estão vivendo, várias pessoas passam dias e mais dias dedicando-se a adquirir algo para ser desfrutado lá no futuro, tão incerto quanto o próximo minuto de vida de qualquer pessoa. A vida vai passando, mas as pessoas com essas características não se dão conta de que o único dia possível sobre o qual que temos relativo domínio chama-se hoje.
O passado, é fato, tem sim suas funções, as quais devem ser respeitadas, pois uma pessoa que não aprende com sua própria história é alguém fadado a “bater a cabeça sempre na mesma quina”. Alguém que não se dedica, ao menos um pouco, a refletir em tudo o que já viveu corre um enorme risco de se apagar, de passar o tempo todo sem brilho, sem graça, sem beleza.
Entretanto, aquele que se arrisca em projetos que visam a levar bem-estar apenas ao futuro pode ficar muito frustrado em não ter chance de colocá-lo em prática. Isso de não o colocar em prática tem várias razões, mas uma das principais está no fato de as nossas expectativas mudarem com o passar do tempo. Logo, aquele projeto de bem-estar só no futuro, para o qual tanta energia foi dispensada, pode perder todo o sentido e significado, dado que as motivações de uma pessoa podem sofrer mudanças a todo o momento.
Para dimensionar tudo isso, busca-se sabedoria, inteligência e perspicácia para aplicá-las nas obras realizadas pela arte de viver. Uma das grandes mostras dessa sabedoria talvez esteja em viver da melhor forma possível com o que se tem hoje, dispensando a angústia de tentar prever e anteceder o que ainda não se conhece, ou seja, o futuro.
A sabedoria também pode estar no perfeito equilíbrio em viver o presente, considerar as funções do passado e, ainda, usar de modo adequado todos os recursos que também serão necessários no amanhã se, é claro, assim Deus nos permitir vivê-lo. Assim, não desperdice seus dias angustiando-se com o que já aconteceu e, tampouco, com o que ainda não se sabe se irá ou não acontecer.
Viva seu presente com a sabedoria que conseguiu adquirir com os seus anos de vida, pois é ela que dará maiores garantias de um futuro mais sossegado.
*Erika de Souza Bueno é coordenadora pedagógica do Planeta Educação. Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo. Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família. Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br).
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