O fechamento da rodoviária urbana na Praça Getúlio Vargas para obras de adequação provocou mudanças não só no trânsito e no itinerário de várias linhas de ônibus. Algumas ruas do centro da cidade como a Sete de Setembro e Galeano das Neves têm registrado cenas atípicas desde que passaram a concentrar os pontos reguladores de várias linhas que trafegam pelos bairros e distritos do município. Além do tumulto habitual nas calçadas durante o horário de rush, não há estrutura para comportar o grande número de passageiros que aguardam os coletivos ao longo das vias. O resultado é que as soleiras de lojas e até os meios-fios se transformaram em “bancos” de espera, num flagrante da desorganização a que os usuários estão sendo submetidos desde que o terminal foi fechado,no último dia 5 de fevereiro.
A redação de A VOZ DA SERRA tem recebido várias queixas sobre o fato, que vem trazendo transtornos a quem depende diariamente do transporte coletivo. “Pego o ônibus na Sete de Setembro e a insatisfação das pessoas com a falta de estrutura é geral. Nos dias de chuva, fica todo mundo espremido sob uma marquise estreita para se proteger. Pagamos uma passagem cara e acho que merecemos mais respeito”, disse a diarista Ana Maria da Conceição Silva.
A reclamação da diarista soma-se a outras apuradas na manhã de terça-feira, 29, pela equipe de reportagem do jornal. Passageiros, comerciantes e moradores das ruas Sete de Setembro e Galeano das Neves criticam a desordem instalada após o fechamento da rodoviária e a lentidão dos trabalhos (ver box abaixo).
Obras foram vistoriadas esta semana pelo prefeito
Vale lembrar que o terminal rodoviário urbano César Guinle está fechado há quase dois meses para reformas no espaço interno e obras de adequação da área externa, que prevê um novo ponto de parada dos ônibus. As plataformas foram removidas para que os coletivos estacionem um atrás do outro e não tenham que dar ré para sair. Outras mudanças do projeto são a retirada das grades e catracas além da reforma dos banheiros. Orçados em R$ 160 mil, os trabalhos estão a cargo da Confia Construtora Ltda, empresa com sede em Rio das Ostras vencedora da licitação.
No início da tarde de segunda-feira, 28, o prefeito Rogério Cabral esteve no local para conferir o andamento dos trabalhos. Acompanhado de uma comitiva composta por alguns secretários como o de Mobilidade Urbana, Haroldo César Pereira, o prefeito verificou detalhes da reforma, como o novo piso colocado no lugar das plataformas, retiradas para agilizar o embarque e desembarque de passageiros e permitir que os coletivos sigam para seu destino em fluxo contínuo.
Mudanças à parte, a reabertura da rodoviária vem sendo aguardada com expectativa pela população e está prevista para meados de abril, segundo nota da assessoria de imprensa da prefeitura. “A secretaria municipal de Mobilidade e Ordem Urbana informou que a obra está dentro do cronograma, que tem previsão para conclusão dia 12 de abril”, diz a nota acrescentando que “ também foi confirmado que está sendo feita a reforma e estruturação dos pontos de ônibus na cidade.”
População fala sobre os transtornos provocados pela reforma do terminal
“Essa reforma da rodoviária está a passos de tartaruga e estamos sofrendo com isso. Nos horários de rush, a calçada da Rua 7 fica tomada de gente e vejo pessoas tendo que andar pela rua. Além do tumulto, os passageiros não têm onde sentar e nem banheiros disponíveis. Toda hora vem alguém aqui pedir para usar o banheiro e acabamos deixando. Isso acaba afastando a clientela e prejudicando o nosso trabalho. Para o comércio, está sendo péssimo. Poderiam ter planejado melhor essas mudanças e ter alugado aquele posto de gasolina desativado (na Avenida José Ruiz Boléia) e transferido os pontos para lá temporariamente para dar mais conforto às pessoas.”
Sandro da Fonseca, barbeiro
“Não tenho mais sossego na minha casa. Os fiscais dos ônibus estão colocando o banco na minha porta e tenho que pedir licença para entrar e sair. Sem contar o barulho causado pela gritaria de fiscais, passageiros e dos muitos ônibus que agora fazem ponto na Rua 7."
Moradora da Rua Sete que pediu para não ser identificada
“Pra mim ficou muito ruim esse fechamento da rodoviária. Tenho 81 anos. Não posso ficar em pé muito tempo e não tenho onde sentar. Acho que deveriam ter colocado cadeiras pelo menos para os idosos, deficientes, grávidas e pessoas com crianças de colo. Quando o ônibus chega, é um tumulto danado e as pessoas quase derrubam a gente para entrar.”
Jurema Matos Franco, moradora da Vila Amélia
“O tumulto na rua está prejudicando o nosso trabalho, principalmente o meu que fico no caixa e preciso de muita atenção e concentração. Até colocamos uma divisória de vidro para diminuir o barulho mas não adiantou muito. Tem horas que a porta do açougue está tão cheia que os clientes deixam de entrar.”
Vanessa Faria, caixa
“Pagamos um IPTU alto e temos que conviver com barulho de buzinas, fumaça de ônibus, falatório de ambulantes, passageiros e fiscais. Assim que a rodoviária foi fechada, a prefeitura disse que seria por um mês mas já estamos entrando em abril e nada dessa obra terminar.”
Moradora da Galeano das Neves que pediu para não ser identificada
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