A divulgação das notas por escola do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014 mostra cinco escolas particulares de Nova Friburgo entre as 100 melhores do estado do Rio de Janeiro. A comparação entre as médias aritméticas das provas objetivas evidencia uma grande diferença entre as escolas privadas e públicas na cidade e no país. No Enem 2014, somente 93 escolas públicas entraram na lista das mil com as melhores notas. Isso representa menos de 10% do total. Mas houve um pequeno avanço. Na edição anterior, apenas 7,8% das escolas públicas conseguiram notas altas nas provas.
Em Nova Friburgo, o Colégio São João Batista é a escola particular com melhor avaliação nas provas objetivas do Enem 2014. “Nós já esperávamos um resultado positivo. O colégio oferece simulados do Enem para os alunos e trabalha com um sistema de plantões que faz parte da nossa carga horária. Mas o grande diferencial é que nós desenvolvemos nos alunos o hábito de estudar. Trabalhamos com planos de estudo individuais”, disse o coordenador do colégio, Marcus Canto. O São João Batista ficou na 12ª colocação no ranking estadual do Enem.
Mas o melhor resultado da série histórica de Friburgo continua com o Colégio Anchieta, que em 2007 foi o 3º melhor do estado e o 17º do Brasil. Neste ano, o Anchieta ficou em 2º no município, com média 647,5. Em seguida, vem Miosótis, Nossa Senhora das Dores e Externato Santa Ignez, que estão entre as 100 escolas mais bem avaliadas no estado.
O Colégio Estadual Augusto Spinelli, no Cônego, é a escola pública com o melhor desempenho na cidade, e ficou à frente de duas escolas particulares, Modelo e Maximus. A reportagem de A VOZ DA SERRA tentou falar com a direção do Augusto Spinelli, mas até o fechamento do texto não havia recebido autorização da Secretaria Estadual de Educação. Os colégios estaduais Dr. Tuffy El Jaick e José Martins da Costa foram o segundo e terceiro melhores do município.
Na prova de redação do Enem, o colégio melhor avaliado na média foi o Externato Santa Ignez, seguido pelo Anchieta, Nossa Senhora das Dores e Mercês. Entre as públicas, a melhor nota de redação ficou com o Eduardo Breder, seguido pelo Instituto de Educação de Nova Friburgo (Ienf).
Novo indicador: permanência na escola
Os dados apresentados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) nesta quarta-feira, 5, marca o terceiro ano consecutivo em que o governo federal não apresenta a média geral em formato de ranking para evitar a comparação direta entre as instituições de ensino. Além do governo, especialistas em educação apontam que o Enem é um elemento, mas não pode ser critério único para definir a qualidade de uma escola.
“Um único ranking produz uma noção distorcida da realidade. Do ponto de vista do indivíduo, a divulgação do Enem é uma pauta de serviço para auxiliar as famílias na escolha da escola. Isso tem ajudado as famílias a cobrar desempenho melhor das escolas. Nós queremos dar os dados do Enem, mas mostrar que eles não são absolutos, podem ser interpretados de formas diferentes. O pai não pode só olhar o ranking puro do
Enem ao matricular o filho na escola”, afirmou o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, durante apresentação das informações em Brasília.
Em busca de relativizar a formação de um ranking, o Inep diz que neste ano foi incluído o indicador de permanência na escola. Ele mostra se o estudante cursou total ou parcialmente o ensino médio no mesmo local.
O presidente do Inep, Chico Soares, afirmou que algumas escolas tentam maquiar o ranking do Enem. “Ou ela traz o aluno brilhante de outra escola para o 3º ano ou ela exclui o aluno que tem desempenho pior do 3º ano”, disse Soares.
“Isso melhora só a forma, e não a realidade. O que o Inep está querendo ver é o que as escolas agregam”, completou o ministro Janine Ribeiro.
O Inep diz que o sistema de consulta permitirá ainda ver as taxas de rendimento (aprovação, reprovação e abandono) verificadas no Censo Escolar da Educação Básica, além do nível socioeconômico (Inse) e a formação docente. “Reunir as escolas em um único grupo para qualquer tipo de análise é uma opção muito limitada, que gera sínteses equivocadas. As escolas de ensino médio brasileiras formam um conjunto muito heterogêneo, principalmente em relação às características socioeconômicas de seus estudantes, e esses fatores precisam ser levados em consideração”, completou Chico Soares.
Ainda segundo o ministro, não é somente a qualidade da escola e dos professores que determinam o resultado do aluno no Enem. Ele afirmou que a classe social dos estudantes também tem influência no desempenho.
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