Encostas ameaçam a cidade

segunda-feira, 22 de agosto de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Encostas ameaçam a cidade
Encostas ameaçam a cidade

Cristina Ziede recebe duas obras de contenção

Mais três encostas também estão sob intervenção

Amine Silvares

Sete meses após a tragédia, a Rua Cristina Ziede está recebendo obras de contenção em dois pontos — próximo à Rua Luiz Spinelli e ao antigo Mangalam. As tão esperadas obras finalmente foram iniciadas em cinco pontos da cidade, mas somente a dois meses antes da chegada do próximo período de chuvas. A intervenção é uma iniciativa do governo do estado, responsável por todas as ações nos municípios afetados pelas chuvas na Região Serrana, através de licitação.

As empresas responsáveis são a Geomecânica S.A. Engenharia e a Zadar Construtora, que devem entregar as obras até o fim do ano, caso não haja imprevistos. Dos R$ 147 milhões liberados para os sete municípios afetados pelas chuvas de janeiro, R$ 102 milhões foram somente para Nova Friburgo, o município mais afetado.

Falta ainda uma placa com as informações básicas da obra, como determina a Lei 5.194/66, que estabelece a colocação e manutenção de placas em obras, instalações e serviços de engenharia, arquitetura e agronomia, a identificação do nome do autor ou coautores do projeto, nome do responsável ou responsáveis técnicos pela execução da obra, instalação ou serviço, nome da empresa executora da obra, instalação ou serviço, se houver, além de informações sobre início, término e custo da intervenção. A ausência da placa pode levar a embargo das obras pelo Ministério Publico ou Tribunal de Contas.

Contenção de encostas também em

Duas Pedras e Córrego Dantas

Obras devem ficar prontas em meados do ano que vem:por enquanto, apenas os serviços de sondagem do solo estão sendo feitos

Leonardo Lima

Após longo período de incertezas e apreensão, os moradores de Duas Pedras viram enfim o início do processo de reconstrução do bairro, um dos mais atingidos na tragédia climática de 12 de janeiro. A Rua São Pedro, que corta praticamente toda a localidade, receberá dois muros de contenção: o primeiro em frente ao ponto final da linha de ônibus do bairro e o outro próximo à Igreja de São Pedro e São Paulo. As obras têm orçamento previsto de R$ 22,6 milhões e deverão ficar prontas até meados de 2012. Por enquanto, apenas os serviços de sondagem do solo estão sendo feitos, a cargo da Construtora Zadar.

A luta da comunidade por atenção das autoridades vem ocorrendo há meses. No início de março os moradores se encontraram com a defensora pública titular do núcleo de 1° atendimento, Maria Fernanda Junqueira Ayres, e fizeram uma série de reivindicações. Entre elas, a retirada de terra e entulhos que se acumulavam sobre o Córrego dos Mosquitos e a Rua Dr. Hélio Veiga. Recentemente A VOZ DA SERRA publicou matéria na qual moradores apontavam o risco da água que escorria de um loteamento situado acima da Praça Castelo Branco. Segundo eles, a ausência de manilhamento adequado fazia com que as águas provenientes das chuvas se acumulassem e escorressem por todo o morro, colocando em risco diversas casas ao redor. Na praça, por exemplo, três casas caíram na tragédia de 12 de janeiro. Se a tão desejada reconstrução ainda não foi vista, de fato, no bairro, a construção de dois muros de contenção serve como alento à comunidade atormentada pelo medo de novas catástrofes.

Em Córrego Dantas, onde a obra de contenção de encostas está orçada em R$ 19, 5 milhões, as obras ainda não foram iniciadas. Muito destruído na tragédia, o bairro conta com a ajuda preciosa e fundamental dos moradores, que lutam para reerguê-lo. “Nosso mutirão já retirou terra de aproximadamente 11 casas e limpou várias ruas do bairro, além do salão da igreja católica. É através de nossa organização e mobilização que estamos construindo uma boa imagem do bairro perante a sociedade friburguense”, diz Sandro Shottz, presidente da associação de moradores do bairro. Neste dia 21 será promovido um novo mutirão na comunidade. O encontro acontecerá às 8h, na Travessa Júlio Schottz, e todos os participantes ganharão almoço.

Contenção de encosta no Suspiro deve ficar pronta em seis meses

Eloir Perdigão

Das cinco encostas que estão recebendo obras de contenção em Nova Friburgo, a que está mais à vista dos friburguenses é a do alto do Suspiro, por se situar bem no centro da cidade, acima da Capela Santo Antônio, que sofreu muitos danos (e ainda está interditada, com obras de recuperação), justamente por ter sido atingida pela avalanche que desceu desta encosta.

A obra é do Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Obras e do programa Somando Forças, conforme informação do secretário extraordinário de Reconstrução da Região Serrana, Afonso Monnerat. A empreiteira vencedora da licitação é a Geomecânica.

A finalidade da obra é dar estabilidade à encosta que sofreu um grande deslizamento de terra. De acordo com o engenheiro Beraldo Fortuna, da equipe da Secretaria Extraordinária de Reconstrução da Região Serrana (ex-diretor da residência de Nova Friburgo do DER-RJ), estão projetados para o local dois níveis de cortina atirantada, com aproximadamente cinco metros de altura cada uma, e com extensão a ser definida na fase final do projeto. Porém essas cortinas devem se desenvolver ao longo de toda a largura da cicatriz do escorregamento.

Segundo Beraldo, estão sendo empregados basicamente concreto e ferro, além da revegetação da encosta, cujo prazo de conclusão das obras é de seis meses.

Essa obra de contenção de encosta do alto do Suspiro tem uma parte complementar, que fica na parte de trás do Teatro Municipal. Conforme informou o engenheiro, o projeto está sendo finalizado.

Contenção da encosta na

Alameda Barão de Nova Friburgo

deverá estar pronta em dezembro

José Duarte

A tragédia de 12 de janeiro prejudicou sensivelmente todos os moradores da Alameda Barão de Nova Friburgo, localizada no Recanto, no Paissandu, pois um grande deslizamento de terra destruiu algumas casas, parte do Educandário Miosótis, causando muita destruição e medo. A quantidade de lama e terra que desceu deixou algumas pedras soltas, que agora estão sendo retiradas pela Geomecânica S/A Engenharia, empresa contratada pelo governo estadual para realizar a obra.

A partir de 13 de junho, data da contratação, a empresa tem seis meses para entregar o trabalho, que objetiva impedir novas tragédias, visto que as chuvas do fim de ano se aproximam e podem causar novos transtornos.

Naquele local, além de casas destruídas e famílias desalojadas, aconteceram três mortes, uma delas de uma criança, que morreu soterrada.

Interrogado pela reportagem de A VOZ DA SERRA, o engenheiro Mario Stein, responsável pela obra, garantiu: “Estamos nos empenhando ao máximo para entregar o trabalho dentro do prazo estipulado pela legislação brasileira”.

A reportagem procurou os responsáveis pela supersecretaria criada para coordenar a distribuição de verba, que disseram não estar autorizados a falar sobre o assunto, da mesma forma que a Secretaria Municipal de Obras e a Empresa de Obras Públicas (Emop).

Perigo: deslizamento da Rua Chico Mendes pode atingir a Augusto Severo e Alberto Braune

Eloir Perdigão

O que já estava ruim, ficou ainda pior. Desde as chuvas de 2007 a Rua Chico Mendes — que liga os bairros Braunes e Cordoeira — desabou pela metade. Desde então, o trânsito, em meia pista, deveria ter permitido apenas a passagem de veículos leves. Mas não foi o que aconteceu. Caminhões, como os de entrega de gás, passavam diariamente ali. Algumas coberturas de plástico foram improvisadas no local. No entanto, o tempo foi passando, o plástico se deteriorando e nenhuma providência tomada. Resultado: com a tragédia de janeiro passado a rua desabou por completo, tendo atingido três casas e um terreno. E assim continua. E o que é pior: em caso de novo deslizamento, a avalanche poderá causar destruições morro abaixo, até na Rua Augusto Severo e Avenida Alberto Braune, a principal artéria da cidade.

Logo após a enxurrada de janeiro uma equipe da Defesa Civil esteve na Rua Chico Mendes. Ao morador Wagner Freire, proprietário do terreno, foi passada orientação no sentido de que esperasse o período da estiagem para que a terra fosse retirada. Passados sete meses, nenhuma providência foi tomada. Até o prefeito Dermeval Barboza Moreira Neto chegou a ser informado do ocorrido, tendo alegado que determinaria a retirada da terra.

Wagner Freire pede urgência para a remoção da terra e a contenção da rua, a fim de poupar seu terreno e os demais imóveis de novas ocorrências. Os contatos com a Defesa Civil e a Prefeitura têm se sucedido, mas a solução não chega. Wagner apela às autoridades por uma providência rápida, antes das próximas chuvas, que não demoram a chegar.

AMEAÇA À ALBERTO BRAUNE – Eliane Gripp teve sua casa atingida pelo deslizamento, que se encontra interditada pela Defesa Civil. A barreira derrubou três muros e um banheiro de sua casa. A cozinha ficou cheia de lama. Outras duas casas vizinhas também foram afetadas e também estão interditadas.

De acordo com Eliane, há ameaça de novos desabamentos no local, em efeito dominó. Os moradores convivem com o medo há sete meses e pedem a retirada da terra e a contenção da encosta, até para que seja restabelecida a passagem na Rua Chico Mendes.

A moradora frisa que há grande preocupação no local por conta de uma pedra que ameaça se deslocar. Caso isto aconteça, a destruição será grande, podendo chegar à Rua Augusto Severo e até à Avenida Alberto Braune, com consequências imprevisíveis.

Clube dos 50: Obra deverá conciliar contenção de encosta com replantio de mudas nativas

Luiz Augusto Queiroz

Durante as fortes chuvas de janeiro, uma grande quantidade de terra deslizou do morro que fica atrás do Clube dos 50, na Avenida Galdino do Valle Filho, provocando transtornos diversos. A quantidade de terra e lama que desceu acabou criando uma enorme encosta, o que representa um risco ainda maior com a próxima chegada da temporada das chuvas. Com o objetivo de evitar novo deslizamento de terra, a Secretaria Estadual de Obras iniciou recentemente o serviço de contenção da encosta.

Especificamente na Rua Dr. Euclides Solon de Pontes, a obra atrás do Clube dos 50 tem como objetivo impedir que o morro volte a ceder e que novo deslizamento atinja prédios e casas. Até o momento, apenas obras de sondagem do terreno estão sendo feitas, para que posteriormente possam ser definidas as futuras construções. De acordo com funcionários da empresa responsável pela intervenção, o Instituto Estadual de Ambiente (Inea) não permite que seja feita apenas uma malha concretada. Segundo Fernando Teixeira, responsável pela administração interna do escritório da Zadar Construtora, empresa contratada para fazer a obra, é bem provável que naquela encosta, especificamente, haja conciliação de contenção de barreira com replantio de árvores e mudas nativas no barranco.

Ainda segundo Teixeira, não é possível estabelecer metas e prazos para o fim dessa obra, pois, por enquanto, apenas a sondagem terrestre está sendo feita. Quanto aos custos, Teixeira afirmou que os R$ 52.339.447,15 estão destinados às quatro obras de responsabilidade da Zadar Construtora. “Para saber o valor de cada obra é só dividir este total por quatro, e daí se sabe o quanto cada obra custará”, concluiu.

Além desta obra atrás do Clube dos 50, a Zadar Construtora também é a responsável pela intervenção em outras três encostas: uma no bairro de Duas Pedras, outra no Centro e uma no Tingly.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade