Vinicius Gastin
A agilidade nos passos do mestre-sala e o giro do pavilhão da escola pelas mãos da porta-bandeira. A combinação representa o carnaval em sua essência e deu o tom do II Encontro de Casais de Mestre-Sala e Porta-Bandeira realizado no último dia 14, na quadra da Unidos da Saudade, no Bairro Ypu.
A apresentação das passistas Pérolas Negras, no embalo da bateria Treme-Terra de mestre Vandinho abriu a noite festiva. Os sambas históricos das escolas de samba que marcaram presença no evento levaram os convidados a um passeio pela história do carnaval carioca.
Após a viagem ao passado, a empolgação do presente na tricampeã do carnaval friburguense. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos da Saudade, Fabinho e Cassiane, evoluiu ao som do samba-enredo 2014, de autoria de Deigre Silva, Rafael de Caxias, Rodrigo Pires, Vilmar di Lima, Leandro Ivan e Guto.
Na sequência, um a um os casais das escolas de samba Unidos do Viradouro, Acadêmicos do Salgueiro, Alegria da Zona Norte, Vilage no Samba, Renascer de Jacarepaguá, Imperatriz de Olaria, Unidos do Porto da Pedra, São Clemente, Acadêmicos do Salgueiro e União da Ilha do Governador apresentaram-se na quadra.
O ápice, entretanto, aconteceu durante a exibição do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Mocidade Independente de Padre Miguel, Rogerinho Dornelles e Lucinha Nobre. A sambista é irmã do carioca Dudu Nobre, e dentre outras experiências, conviveu com o Mestre André, criador das consagradas "paradinhas” praticadas pelas baterias.
"É uma honra receber vocês nesta noite de gala. Esta casa estará sempre aberta para todos e para os eventos de qualidade como esse Encontro. Este é o nosso compromisso com a comunidade”, reiterou o diretor de Patrimônio, Gilberto Parreira Ferreira, o Betinho.
A tradição dos mestres-salas e das porta-bandeiras vem dos entrudos — festa lusitana realizada pelos senhores de engenho nas sedes das fazendas do Brasil Colonial. Na ocasião, atrás do cortejo, os casais de escravos cantavam e dançavam. O sincretismo cultural incorporou o entrudo como festa nas senzalas, e os pares apresentavam-se com roupas alusivas aos barões e baronesas, portando uma bandeira relacionada ao sentido dos festejos.
"O sentido de um mestre-sala e de uma porta-bandeira na escola de samba é familiar. Comparativamente, é um pai e uma mãe que cuidam do seu filho. A porta-bandeira é a mãe que carrega a sua filha no colo. E a filha é a escola, simbolizada pela bandeira”, comparou o diretor de carnaval Robson Poubel, o Robinho.
O evento encerrou os ensaios de 2013 da Unidos da Saudade, e o retorno das atividades está previsto para o dia 4 de janeiro. "O ano foi árduo, de muita luta, onde tivemos a colaboração de poucos abnegados e apaixonados pela escola. Não poderia deixar de agradecer também aos voluntários do bar, que se dedicam durante o ano inteiro para movimentar a nossa quadra. Essa bandeira, que agita esta quadra, tem o suor e o amor de todos”, declarou o vice-presidente da roxo e branco, Romeu Mello, o Romeuzinho.
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