Os anos de 1977 e 1981 - quando aconteceram os dois primeiros encontros suíço-brasileiros, respectivamente, no Brasil e na Suíça - foram marcos significativos de muita emoção. Não que os demais encontros não tenham repetido o roteiro de grande enlevo.
O sentimento se tornou marca registrada do movimento. A cada evento choro e lágrimas de primos distantes, que nunca se viram, nem mesmo falavam o mesmo idioma, mas acabaram se reencontrando. Nos desfiles e festas de confraternização, sempre regados a muita música, comidas e bebidas, sem faltar, a tradicional e tão brasileira caipirinha, indispensável para temperar cada momento de tamanho encantamento.
Se nenhum outro ganho tivesse sido auferido - desde o resgate das raízes de ambos os povos, além da construção da Queijaria Suíça (1987), do Memorial da Colonização e da Chocolataria Escola (1996) e outras contribuições dos suíços a escolas e instituições locais - certamente a maior conquista terá sido a satisfação de tantos parentes em rever pessoas tão próximas, quanto ao mesmo tempo distantes, que o próprio tempo e a história separaram, mas o destino as reuniu.
Outubro de 2009. Na Praça do Suspiro, um desses momentos ficaria impregnado na retina: terminava o encontro, 331 suíços participaram do evento, cuja tema ‘Ver 200 ans’ (Rumo aos 200 anos), antecipava o bicentenário e celebrava, então, os 30 anos da Associação Fribourg - Nova Friburgo, AFNF.
Com seu inseparável chapéu Panamá em punho, acenando aos ônibus que retornavam com os visitantes para embarque no Rio, o então prefeito Heródoto Bento de Mello, feliz e emocionado, respirava com alívio por mais aquele êxito.
Certamente, seus pensamentos reproduziam um filme, desde abril de 1981, ao chefiar a primeira delegação de friburguenses na Suíça para retribuir a visita de 1977. Ele sempre dizia que aquela fora a mais difícil missão de sua vida: substituir o irmão na empreitada, pois Ariosto falecera enfartado cinco meses antes, em 19 de novembro de 1980.
Curiosamente, no ano seguinte ao sexto encontro, o ex-prefeito viajou à Suíça como desdobramento da ligação entre as cidades gêmeas. Foi o seu desfecho político: vítima de um tombo na estação ferroviária de Lausanne, não pode completar seu quarto mandato e nem mesmo ver os festejos de 16 de maio do ano passado, tendo falecido 15 dias antes do acontecimento, depois de estar morando fora da cidade há oito anos.
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