Reinaldo Rocha
Marcada por clima de forte emoção mais do que justa foi a recente homenagem póstuma feita pelo Executivo bibarrense a Victorino Araújo de Barros, por ocasião da comemoração do cinquentenário de seu primeiro mandato de prefeito do município de Duas Barras. A homenagem, que constou do descerramento de placa e foto, aconteceu no saguão da Prefeitura, contando com a presença do filho do homenageado e atual prefeito, Antônio Carlos Araújo (PMDB), da primeira-dama Sônia Amélia; da viúva e matriarca da família, Irma Pagnuzzi Araújo; dos filhos do homenageado, Luiz Gonzaga (ex-prefeito do município) e Orlando Pagnuzzi; Rafaela Pagnuzzi, filha do prefeito e Amélia Dugin, mãe da primeira-dama. Também estiveram presentes o vice-prefeito Marcos Serpa, o Kinka, e sua esposa Amanda; os secretários de Assistência Social, Rodevaldo Corrêa; de Educação, Ailton Táboas; de Obras, Zique; de Meio Ambiente, Maurício Wermelinger, e de Agricultura, Nauto Serafim, bem como o deputado federal Glauber Braga (PSB), o vereador Sérgio Barros (PDT), a vereadora Maria da Graças (PV), assessores do governo municipal e amigos dos familiares do homenageado.
A cerimônia foi presidida pelo assessor Reinaldo Rocha e o secretário Rodevaldo Coelho e cercada por clima de muita emoção, em especial pela matriarca da família, Irma Pagnuzzi, que não conseguiu segurar as lágrimas quando foi relembrada a história e as contribuições de seu esposo para o desenvolvimento de Duas Barras. Além do deputado Glauber Braga, usaram da palavra o secretário Ailton Táboas e, em nome da família, o prefeito Antônio Carlos. Todos enalteceram a figura do homenageado e suas contribuições para a história e o desenvolvimento da municipalidade.
A cerimônia foi encerrada com os familiares descerrando a foto e placa do homenageado, com a inscrição: “O município de Duas Barras presta homenagem póstuma a Victorino Araújo de Barros, por ocasião do cinquentenário de seu primeiro mandato de prefeito (1959-2009) e pelos relevantes serviços prestados à história e desenvolvimento desta municipalidade. Antônio Carlos Pagnuzzi Araújo – Prefeito”.
A História, a Vida e o Legado
de Victorino Araújo de Barros’
Um homem que na simplicidade de sua vida soube deixar marcas não só na história da sua família e daqueles que o amavam, mas, principalmente, na história da vida do seu povo
Uma vida de dificuldades e trabalho...
Homem de origem humilde, filho de José Araújo de Barros e Maria Araújo Faria, portugueses originários da Ilha da Madeira, que vieram para o Brasil em busca de melhores oportunidades de vida, Victorino Araújo de Barros nasceu em 18 de agosto de 1912, em Fazenda do Campo, hoje terceiro distrito de Duas Barras.
Desde a infância Victorino logo se destacou entre seus 14 irmãos por ser uma criança muito reservada, embora já se pudesse notar nele uma certa liderança e personalidade decisiva, que o distinguiria dos demais irmãos ao longo de toda a sua vida, marcando-o profundamente na trajetória política que afloraria com o passar do tempo.
Apesar da origem rude de seu pai, que iniciou a vida como lavrador de café enfrentando muitas dificuldades, próprias dos imigrantes que vieram para o Brasil disposto a trabalhar em busca do sonho de construir um sólido patrimônio, Victorino, desde de pequeno, buscou espelhar-se nele herdando do sangue português a perspicácia para os negócios.
De sua mãe herdou o temperamento discreto e reservado, o profundo amor pela família que sempre buscou valorizar mantendo unida e o sentimento de religiosidade que procurou cultivar com discrição ao longo de toda a sua vida.
Saindo de Fazenda do Campo onde residiu durante parte da infância e adolescência, mudou-se para Fazenda Penedo, na localidade do Penedo, distante cerca de cinco quilômetros da sede do município de Duas Barras, onde fixou residência com seus pais e irmãos.
Envolvido com as obrigações do trabalho desde cedo e os cuidados diários com a fazenda e os negócios do pai, a quem sempre esteve atento a ajudar juntamente com seus irmãos, o jovem Victorino terminou por prejudicar sua formação acadêmica não tendo tido a oportunidade de estudar como era do seu desejo. Diante desta realidade, que em nada prejudicou a formação de seu caráter e o tino pelos negócios, conseguiu apenas cursar as primeiras séries do antigo primário.
Atingindo a maioridade no início da década de 30, ao completar 18 anos, Victorino cumprindo com suas obrigações de cidadão brasileiro apresentou-se ao Exército servindo no Tiro de Guerra de Duas Barras.
Logo após cumprir com suas obrigações junto ao Exército, retomando a sua vida cotidiana e o trabalho junto à fazenda da família, ainda solteiro, o jovem Victorino já indicava o desejo de constituir família, quando conheceu Irma Pagnuzzi, uma bela jovem descendente de italianos por quem se apaixonou profundamente.
Depois de apaixonar-se por Irma e obter permissão de seus pais para iniciar o namoro, Victorino aprofunda o relacionamento passando a conhecer aquela que na intimidade do seu coração já havia escolhido para ser sua companheira, esposa e mãe de seus filhos.
Decisão tomada em consenso e após receber a benção com a aprovação de seus pais, Victorino com 33 anos e Irma com 32, uniram-se pelos Sagrados Laços do Matrimônio na presença de pais, padrinhos, familiares e amigos. A cerimônia aconteceu na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Duas Barras no ano de 1945.
Logo após o casamento, o casal que buscava propiciar aos seus filhos melhores condições de vida e lhes garantir o acesso aos estudos, mudou-se para Duas Barras fixando residência à Rua Batista Laper, no entorno da Praça Governador Portela, no centro da cidade, casa ainda existente onde funciona atualmente a Escola do Vale.
Do resultado da união do casal foram gerados três filhos homens, José Luiz Gonzaga (formado em medicina eleito prefeito de Duas Barras entre os anos de 1993-1996, Orlando Pagnuzzi (que dedicou-se ao comércio) e Antônio Carlos (formado em engenharia, atual prefeito de Duas Barras por dois mandatos 2005-2008 e 2009-2012). Todos educados em escola pública, tendo estudado no Colégio Estadual Almirante Protógenes (Ceap), onde cursaram o antigo primário.
A busca de uma melhor formação para os seus filhos, que gostaria de ver formados, garantindo-lhes o acesso à Universidade e à definição de uma boa profissão que pudesse lhes permitir uma vida futura digna, fez com que Victorino os enviasse para dar continuidade aos estudos em Niterói, onde passaram a residir com a mãe Irma.
Vale lembrar que a essa época a cidade do Rio de Janeiro ainda era a capital do país e um centro político-financeiro de grande importância, sendo Brasília apenas um sonho acalentado por um presidente visionário chamado Juscelino Kubischek. Enquanto que, Niterói por sua proximidade da capital do país era uma cidade influente, não menos importante no cenário nacional, que oferecia ótimas condições de acesso aos estudos e profissionalização.
Fotos: Elis e Reinaldo Rocha by Mundo Digital
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