Em tempos de crise,‭ ‬renda extra vale ouro

O desemprego bate as portas e muitas pessoas buscam alternativas para escapar do vermelho
quarta-feira, 27 de janeiro de 2016
por Amanda Belém‭
Mariane Bom expondo faixas de cabelos e turbantes (Foto: Divulgação)
Mariane Bom expondo faixas de cabelos e turbantes (Foto: Divulgação)

Desemprego,‭ ‬recessão e disparada de juros...‭ ‬Nunca o jeitinho brasileiro foi tão necessário quando o assunto é equilibrar o orçamento.‭ ‬O ano de‭ ‬2015‭ ‬foi marcado por uma‭ ‬ forte retração da economia e para piorar,‭ ‬a‭ ‬inflação‭ ‬ainda encolheu as finanças de muitos brasileiros.‭ ‬Em meio a crise,‭ ‬criatividade para ganhar dinheiro nunca foi tão necessária.‭

A‭ ‬Pesquisa Mensal de Emprego‭ (‬PME‭) ‬do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística‭ (‬IBGE‭)‬ — realizada nas principais regiões metropolitanas do país‭ ‬— mostrou que no ano passado‭ ‬cresceu a procura de brasileiros por uma segunda‭ ‬fonte de renda.‭ ‬A VOZ DA SERRA procurou pessoas que‭ ‬perderam seus empregos ou até se‭ ‬mantiveram neles,‭ ‬mas que adotaram um método para fugir da crise.

‬Mariane Bom Faria,‭ ‬gestora em agência de marketing digital,‭ ‬por exemplo,‭ ‬realizou o seu grande sonho.‭ “‬Eu já tinha‭ ‬a intenção de‭ ‬trabalhar com acessórios de moda.‭ ‬Em‭ ‬2015,‭ ‬comecei a tirar o projeto do papel‭ ‬e comecei a vender‭ ‬lenços,‭ ‬echarpes e faixinhas de cabelo.‭ ‬Mesmo em um momento turbulento para o país,‭ ‬percebi a oportunidade de lançar a marca,‭ ‬com‭ ‬foco no virtual‭ (‬já que o mercado online tem crescido mais do que a comercialização em lojas físicas‭) ‬e,‭ ‬assim,‭ ‬aumentar a minha renda‭”‬,‭ ‬conta.‭

A‭ ‬“loja‭”‬ de Mariane também trabalha visando o meio ambiente:‭ “‬Além disso,‭ ‬apostei em usar materiais reciclados ou de reaproveitamento,‭ ‬gerando diferencial para os meus produtos.‭ ‬Do último mês para cá,‭ ‬tive aumento substancial nas vendas‭”‬,‭ ‬acrescenta‭ ‬Mariane com‭ ‬a expectativa de‭ ‬maior‭ ‬faturamento este ano.

A busca por novos caminhos é um das iniciativas adotadas pelos moradores da cidade.‭ ‬Barraquinhas de pipoca,‭ ‬de sorvete,‭ ‬venda ambulante e distribuição de panfletos são recursos que tem gerado bastante lucro.‭

Newton Bittencourt,‭ ‬que trabalha produzindo comida japonesa,‭ ‬é um‭ ‬profissional conhecido por‭ ‬sushiman.‭ ‬A atividade sempre foi uma paixão,‭ ‬mas as mudanças de estratégia vieram pelas insatisfações no trabalho anterior.‭ "‬O meu momento de trabalho era muito ruim.‭ ‬Trabalhava num restaurante no qual não estava recebendo‭ ‬o salário‭ ‬na data correta‭; ‬com excedente de‭ ‬horário e não recebia hora extra,‭ ‬dobrando‭ ‬a jornada‭ ‬praticamente todos os dias.‭ ‬A facilidade que eu encontro‭ ‬agora‭ ‬é que trabalho com uma culinária que vem crescendo em todo o país,‭ ‬e aqui na cidade não é diferente...‭ ‬Como as opções até o ano passado eram poucas,‭ ‬o pessoal procura por novidade.‭ ‬Além do fato de fazer o que amo e sempre estar preparando tudo com o maior carinho e cuidado possível‭”‬,‭ ‬revela Newton.‭

No início do negócio,‭ ‬Newton não tinha noções de faturamento.‭ ‬Foi comprando o material que precisava e aos poucos,‭ ‬pagando as contas para poder sustentar também o seu filho de‭ ‬3‭ ‬anos.‭ ‬Mas havia sempre uma reserva de dinheiro como emergência.

Já a‭ ‬analista do Sebrae,‭ ‬Roselane Muzzi,‭ ‬explica que para abrir um pequeno negócio é preciso fazer uma pesquisa de mercado.‭ “‬É necessário saber o que vai fazer‭; ‬qual o seu público alvo‭; ‬quem são ou seus concorrentes‭; ‬qual vai ser o custo fixo para não ficar no vermelho.‭ ‬E saber qual o tipo de negócio que a pessoa vai abrir e de que forma.‭ ‬Se é‭ ‬virtual ou não‭”‬,‭ ‬explica‭ ‬ela‭ ‬lembrando que‭ ‬é sempre bom buscar informação antes de iniciar uma nova atividade.‭ ‬“Por isso ficar atento aos gastos no mês e investir em renda extra,‭ ‬pode sim facilitar o dia a dia‭”‬,‭ ‬completa Roselane.‭

Para Felipe Esteban Johans,‭ ‬30‭ ‬anos,‭ ‬que é chileno,‭ ‬conseguir uma colocação no mercado até que‭ ‬não foi‭ ‬uma tarefa‭ ‬tão difícil.‭ ‬Esteban chegou a‭ ‬Nova Friburgo‭ ‬em‭ ‬2008‭ ‬e trabalhava fazendo artesanato que vendia pelas ruas.‭ ‬Depois começou a buscar‭ ‬emprego porque tornou-se pai.‭ ‬Neste período trabalhou em diversas lojas.‭ ‬Mas sempre teve‭ ‬a‭ ‬vontade de montar um negócio e acabou se inspirando no irmão,‭ ‬que fazia cervejas no Chile.‭

“Estou começando a produzir cervejas artesanais com os amigos em casa.‭ ‬Não dá pra me sustentar ainda.‭ ‬Mas quero legalizar sim para poder vender oficialmente em lojas.‭ ‬Hoje,‭ ‬produzo e vendo para pessoas próximas.‭ ‬Mas agora esse ano quero investir nos papéis para oficializar.‭ ‬Mas a cerveja já tem um nome‭ ‬Vieja Escuela,‭ ‬que significa velha escola [velha-guarda]‭”‬,‭ ‬conta.‭ ‬Felipe teve um gasto de‭ ‬R$‭ ‬6‭ ‬mil com materiais específicos para a produção.

Em agosto de‭ ‬2015,‭ ‬o‭ ‬prefeito Rogério Cabral assinou‭ ‬um anteprojeto que cria um programa de incentivo às microcervejarias artesanais no município.‭ ‬Esta medida‭ ‬é inédita no Brasil,‭ ‬segundo o secretário municipal de Turismo,‭ ‬Nauro Grehs.‭ ‬O objetivo é tornar Nova Friburgo uma referência em cerveja artesanal em nível nacional nos próximos dez anos.

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TAGS: empreendedorismo | crise econômica
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