Na definição da Wikipedia, Rio Bonito de Lumiar é “um dos mais aprazíveis povoados da zona rural de Nova Friburgo, localizado numa região de grande interesse ecológico, cercado pela Mata Atlântica, na APA de Macaé de Cima, sendo, portanto, um refúgio da vida silvestre”.
Chegar até esse refúgio, no entanto, mais do que uma aventura, tornou-se ultimamente um altíssimo risco. Um morador da localidade, que pediu para não ser identificado temendo represálias, enviou para a redação de A VOZ DA SERRA fotos e um vídeo da Estrada das Paineiras, um atalho de 3km que contorna Galdinópolis, no Km 19 da RJ-142 (Mury-Lumiar). “Este local será notícia em breve”, alertou, em alusão à tragédia de Brumadinho.
De fato, pedaços inteiros da estrada foram levados pelas enxurradas trazidas pelas recentes chuvas de fevereiro. Ao longo do caminho veem-se valões e erosões beirando precipícios. Em dias de chuva, a estrada vira um rio. Segundo o morador, a prefeitura se limita a “passar a máquina”, deixando de fazer a necessária drenagem do terreno. Como resultado, a situação piora a cada dia, a cada chuva.
A Faol, que opera duas linhas na região, também sofre com as condições da estrada. Assim como os alunos da localidade, que ficam sem poder ir às aulas. Recentemente um ônibus atolou na lama e, desgovernado, bateu num poste.
“Rio Bonito é o patinho feio da região. Não recebe o mesmo tratamento dado a Lumiar, São Pedro e Boa Esperança por um simples motivo: não dá tanto voto nem é grande a arrecadação de imposto. Mas aqui moram cidadãos de Nova Friburgo que também precisam de atenção”, lamenta o morador. Rio Bonito e Toca da Onça tinham em 2010, segundo o IBGE, 1.031 moradores.
O diretor da Faol, Paulo Valente, preferiu comentar o caso com fotos, enviadas pelos próprios usuários, que comprovam os problemas diários que a empresa de transporte enfrenta naquela estrada. “É muito barro, terra e buraco. Na lama, nossos ônibus atolam, às vezes até a altura do degrau; no buraco, eles quebram. Quando passam a máquina, se chove fica tão liso que derrapa”.
Ele contou que, no último acidente com o ônibus da linha de Rio Bonito, a Faol precisou esperar três dias para conseguir remover o veículo, pois nem os reboques chegavam. Como solução para o problema, Valente sugere que seja feito um mapeamento dos trechos mais críticos e um estudo técnico especializado, com auxílio de geólogo, que indique a melhor forma de drenagem para escoar o excesso de água, já que a pluviosidade do local é alta. “A linha de Rio Bonito é hoje a mais problemática da empresa por conta das condições da estrada. Só um ônibus off-road não quebraria nem atolaria com tanta frequência”, diz ele.
Dono de uma das pousadas mais antigas e famosas da região, Francisco Vasconcelos, da Cabritinha Vadia, acha que falta uma manutenção mais frequente da estrada, que ficou muito prejudicada pelas chuvas intensas deste mês de fevereiro.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de Nova Friburgo informou que, por se tratar de uma estrada de terra, tem feito, através da subprefeitura do distrito de Lumiar, trabalhos periódicos de manutenção. Foram, inclusive, compradas recentemente novas manilhas para o serviço de drenagem da estrada, mas as chuvas constantes inviabilizaram a execução dos trabalhos, que será iniciada tão logo as condições climáticas permitam.
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