Em novo desafio sobre duas rodas, Augusto Lins percorrerá todas as capitais do Brasil

quarta-feira, 06 de novembro de 2013
por Jornal A Voz da Serra
Em novo desafio sobre duas rodas, Augusto Lins percorrerá todas as capitais do Brasil
Em novo desafio sobre duas rodas, Augusto Lins percorrerá todas as capitais do Brasil

O espírito aventureiro de Augusto Lins e Silva parece não ter limites. Após cumprir a missão de percorrer a Europa, a Ásia e o norte da África em 67 dias, o pernambucano aposentado, radicado em Nova Friburgo, parte para um novo desafio: o Brasil Total. O objetivo do motociclista de 71 anos é percorrer todas as capitais do país em aproximadamente dois meses.

"Talvez eu rode mais em quilômetros nesta viagem do que pelos continentes. O número de países, transformando para a quantidade de estados no Brasil, é superior, pois vou fazer 26 capitais e fiz 40 países. Isso exige uma moto mais potente e uma estrutura de viagem mais elaborada.”

A moto escolhida foi a NV700 da Honda, modelo recém-lançado pela montadora, com pneus sem câmara de ar, bicilindrica e capacidade para percorrer 30 km por litro de gasolina. Além disso, Augusto terá cerca de 1.200 concessionárias espalhadas por todo o Brasil para fazer as manutenções necessárias durante a viagem. Os pneus da Michelin irão aumentar ainda mais a resistência do veículo. Todos esses fatores influenciaram na escolha do modelo. 

"Não terei problemas de parar em algum lugar porque a moto quebrou. Essa vantagem eu não tive no Projeto Eurásia, pois raramente eu encontrei uma concessionária pelos locais onde eu viajei. Dessa vez, eu terei uma moto muito forte, feita para a estrada e que tem todas essas características e assistência disponível.”

Roteiro definido

Augusto deixará Nova Friburgo no fim do mês de maio, em data ainda a ser definida, com destino a Belo Horizonte. "Vou dormir em cada capital, não só para aproveitar um pouco, mas para conversar com a imprensa local e preparar a estratégia do dia seguinte”, conta. Em seguida o motociclista seguirá para Brasília, Palmas, Cuiabá, Rio Branco e Manaus. Da capital amazonense, uma breve viagem até Boa Vista e o retorno ao Amazonas. Para destino seguinte, Belém, a viagem será feita dentro do barco pelo Rio Solimões, durante oito dias. "Não há estrada para Belém. Terei que passar esse tempo de um barco-gaiola. Será a minha segunda experiência desse tipo, e quando vamos com outras pessoas, conversando, até se torna interessante. Mas pra mim que vou sozinho é meio complicado. São oito dias confinados, não é fácil.”

Dentro do barco, Augusto terá que compartilhar o mesmo espaço com pessoas de diferentes culturas. Muitas delas utilizam o transporte para fazer feira e vender produtos. Por isso o aventureiro também terá a companhia de porcos, galinhas e outros animais que serão comercializados na capital do Pará. "O barco faz em média 40 paradas para atender à população ribeirinha. É algo desgastante, diferente e uma oportunidade de conhecer outras pessoas. Na primeira vez eu achei divertido, mas não sei se vou dizer o mesmo na segunda experiência”, brinca.

Macapá, passando pelo Oiapoque até a fronteira com a Guiana Francesa, São Luís, Teresina e todos os demais estados do Nordeste também compõem o roteiro, que terá sequência em São Paulo até o Chuí, passando pelas três capitais da região sul — Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. 

Estratégias e expectativas

O retorno a Nova Friburgo deve acontecer 60 dias e 35 mil quilômetros depois do início da aventura. A meta é estabelecer um novo recorde nacional quanto à quilometragem e tempo. A viagem no fim do mês de maio não é apenas uma escolha apenas pessoal, respeita a alguns critérios. Augusto planeja encontrar o sertão nordestino no inverno, a época mais fria do ano.

Pelas estradas mundo afora, o pernambucano já registrou cenas marcantes e situações distintas. Mas nenhuma viagem gerou tantas expectativas como essa. "A grande jogada da minha vida é essa. São as experiências que eu tenho acumulado durante as viagens. O grande barato é curtir cada cultura, por mais esquisitas que elas sejam. Aliás, esquisitas pra nós, pois pra eles é algo normal”, comenta.

Neste embalo e com o coração aberto a novas experiências, o estradeiro espera aprender um pouco mais sobre a cultura indígena, principalmente durante a estadia na região norte. "Em certos lugares, eu terei hora para passar, porque depois os índios não deixam. E se eu tiver que dormir em uma aldeia ou em uma cabana, eu dormirei. Se tiver que comer lagarta ou qualquer outra coisa eu comerei. Gosto desse tipo de aventura, eu já me acostumei e a minha vida é essa. É isso o que me motiva”, afirma.

Viagem deve ser filmada

Os caminhos percorridos por Augusto nesta próxima viagem podem ser transformados em um documentário. Uma produtora de Nova Friburgo, ainda não revelada, estuda acompanhar o motociclista, filmar toda a viagem e transforma-la em filme. "Não sei quando sairá a confirmação, mas eu já fui procurado para conversar a respeito e não fiz nenhuma oposição. Pelo contrário, seria espetacular. Afinal de contas, é uma imagem minha que ficará para o futuro e quero garantir alguma lembrança para os meus netos, bisnetos e outras gerações.”

A ideia é documentar o trajeto pelas localidades mais interessantes do país. O Jalapão, no Parque Nacional do Tocantins – na fronteira com Goiás, por exemplo, possui uma pequena lagoa vulcânica, onde os banhistas não conseguem afundar na água, nem mesmo saltando de grandes alturas. "É algo incrível, e esse tipo de curiosidade, quando filmada, fica muito interessante. A produtora será de Nova Friburgo, até porque eu só envolvo pessoas da região nas minhas viagens. Não saio daqui para conseguir nada, pois não me interessa. Isso descaracterizaria a minha viagem, perderia o sentido”, destaca.

Motociclista receberá ajuda

A repercussão positiva das viagens anteriores começa a produzir boas conseqüências para Augusto. Desta vez, ele terá ajuda de algumas empresas para realizar o Projeto Brasil Total. A Honda, por exemplo, forneceu a moto e prestará assistência técnica durante todo o trajeto, inclusive com prioridade de atendimento nas concessionárias. A Duas Barras Auto Peças garantiu o baú e os bauletos especiais, adaptados para a moto. O Salão Bike Show (SBS), responsável por organizar o maior encontro entre motociclistas do país, no Riocentro, cedeu um estande para a divulgação da viagem durante o evento. A adesivagem da moto também será oferecida por uma empresa. Augusto ainda revela diversos convites para hospedagem, apenas em troca de bons papos e histórias enriquecedoras.

"A parte estrutural eu consegui toda. O tipo de ajuda que eu mais preciso é com relação à comida e hospedagem. E não é muito, porque o custo da viagem é pequeno. Nesse meio tempo, eu recebi mais de 100 e-mails com convites de hospedagem na casa das pessoas. Inclusive, em lugares em que eu nem vou passar. O que eu tenho de oferecimento já cobre 50% da viagem, tudo em troca de uma boa conversa. As pessoas querem saber sobre as minhas aventuras.”

Os demais custos serão financiados pelo motociclista. O baixo consumo da moto deve representam uma economia considerável – considerando que o veículo faz 30 km por litro, os cerca de mil litros utilizados devem custar três mil reais para todo o trajeto. A expectativa é gastar um valor semelhante com a estadia, e desta forma, a maior despesa será com a alimentação. Até mesmo a possibilidade de rastreamento da viagem, via satélite, deve ser oferecida por uma empresa.

"Terei um encontro essa semana para definir isso. Normalmente se paga 300 reais por ano pelo serviço, mas vou negociar e tenho essa ajuda prometida por uma empresa de São Paulo. Será bom, porque quando os meus familiares quiserem saber onde estou é só acessar a internet”, comenta.

De fato, a facilidade na comunicação com os amigos e parentes será o grande diferencial da viagem. Enquanto no Projeto Eurásia Augusto encarou a solidão dos grandes desertos, desta vez, ele espera mais facilidades nessa questão. "Mas o melhor é que vou fazer uma viagem muito mais interessante do que as outras, porque o Brasil é riquíssimo, um país incomparável em termos de natureza. O que eu vou encontrar no norte é totalmente diferente do que verei no sul. Será mais uma experiência interessante de viagem, pois vou encontrar todo tipo de estrada”, projeta.

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TAGS: Motocicleta
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