Em Foco - 30/11/2013

David Massena · davidmassena52@gmail.com
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
por Jornal A Voz da Serra

Vida: Que seja do jeito que for 

Que a morte é uma certeza todos nós sabemos. Nascemos sabendo disso. Existe o início e o fim. E o que há entre esses dois eventos é vida. Plena vida. O que fazemos dela é o que importa.

Nos acostumamos com ela. Com o que a vida nos oferece. Com o que damos a ela. É uma troca frequente. Um exercício de dar e receber, plantar e colher, fazer, ser, estar. Exercitamos a prática de viver e os sentimentos que dela derivam. Somos felizes e não somos. Alegres e tristes. Bons e maus. Santos e pecadores. Honestos e delituosos. E quando percebemos a vida já está em transcurso. Plena. Rica em emoções boas e ruins.

A vida não tem parada. Não tem opção. Ou vive-se ou vive-se. Fazemos dela o que quisermos, mas, sobre ela não temos controle algum. Temos a posse, mas não temos a propriedade. Ou você acha que é dono do próprio nariz? Ledo engano.

Que ironia! Aprendemos que sim. Que somos donos do nosso destino. Que podemos escrever a nossa vida, que dela temos controle. Mas não é bem assim. Podemos pensar, anexar, grampear como um documento ou recibo novos fatos, conquistas, vitórias, rumos e opções, mas nada disso garante domínio ou controle sobre as nossas vidas. E muito menos sobre a vida dos outros.

Agregamos. Compartilhamos. Mas a vida é de cada um. Um milagre. Um mistério. Uma dúvida permanente sobre prazos, eventos, acontecimentos e validade.

Que a morte é uma certeza todos nós sabemos. Mas enquanto acreditamos que a infância e a juventude são melhores do que a maturidade e a velhice, sequer na morte pensamos.

Ah! Crianças, vivemos intensamente o presente como se o calendário não existisse. O frescor da juventude nos permite traçar projetos, planos. Sonhos de vida. Mas é na maturidade que vivemos. E ao longo da vida vamos perdendo... perdendo... é a boneca que perde a cabeça, o carrinho que solta a roda, o relógio que quebra, o amigo que se despede, o tio que vai muito novo, o irmão que parte, a mãe que adoece, o pai que, já velho, cumpre o seu destino... o telefone que toca e cerra as cortinas da vida. A notícia ruim. O fato indesejado. O ocorrido inesperado. Ensaiamos sim a vida inteira sem nos dar conta de que é assim: prenúncio do fim que é reservado a todos.

Não nos acostumamos porque a vida é boa demais. Viver é bom demais e sonhar que o espetáculo jamais terminará é exatamente o meio mais fácil de viver. Com intensidade. Com prazer. Com vontade.

Novembro se despede levando muitos amigos. Filhos de amigos, mães, primos, pais, referências de vida. Da minha vida. E, por um instante, lembro a frase que li dia desses: "Borboleta parece flor que o vento tirou pra dançar. Flor parece a gente, pois somos semente do que ainda virá...” Que assim seja!   


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