Antes da chuva torrencial, que causou centenas de mortes e deixou milhares de desabrigados na Região Serrana, no dia 12 de janeiro passado, com perdas humanas e materiais em sete cidades, Nova Friburgo vinha caminhando em um processo de esvaziamento econômico, sofrendo a transferência de muitas indústrias para outras cidades - no Estado do Rio e fora dele - atraídas por facilidades fiscais.
Além das dificuldades estruturais, as indústrias têxteis e de confecção no município já estavam sendo profundamente golpeadas pelo efeito China, o câmbio nas exportações e as altas taxas de juros. Junte-se a isto, agora, o fenômeno climático.
Dos municípios castigados pela chuva, além das mortes, Nova Friburgo foi a cidade economicamente mais afetada. Indústrias paralisaram suas atividades momentânea ou definitivamente; a área rural foi duramente atingida; o turismo refluiu; o comércio está funcionando parcialmente; muitos serviços foram interrompidos e a cultura e a saúde sofreram perdas sensíveis, como a destruição da Praça do Suspiro e a suspensão temporária do funcionamento do Hospital São Lucas. Nova Friburgo foi duramente golpeada em sua economia geral, que não depende apenas de uma atividade, não podendo, portanto, receber o mesmo tratamento dado às demais cidades atingidas.
Neste quadro caótico por que passa a nossa região como um todo, as micros e pequenas empresas friburguenses foram as mais atingidas e, até o momento, não estamos vendo o anúncio de instrumentos que possam efetivamente recuperá-las. É preciso, para a sua reestruturação, que seja oferecido tratamento igualitário ao que está sendo anunciado às grandes empresas. É certo afirmar que em Nova Friburgo as mais de cinco mil MPEs são as mais importantes no contexto econômico, dada sua influência e capilaridade no conjunto da economia em seus múltiplos setores de atividade, empregando milhares de trabalhadores e gerando trabalho e renda.
As MPEs são, comparativamente ao jogo de xadrez, os peões do jogo e delas depende a movimentação das demais peças. Não se ganha o jogo sem os peões. O desenvolvimento de Nova Friburgo não será construído sem a participação das micro e pequenas empresas. A recuperação passa necessariamente pelo atendimento que elas receberão dos órgãos públicos e instituições financeiras e isto é uma inovação. Quem sabe se o Ministério das Micros e Pequenas Empresas e a Secretaria Estadual das MPEs não iniciam as suas atividades por Nova Friburgo, com uma forte atuação? Este será o nosso grande desafio econômico e é onde a Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Nova Friburgo envidará todos os esforços.
Cláudio Verbicário
Presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Nova Friburgo
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