De Nova Friburgo para o mundo. Após desenvolver o potencial e o talento de inúmeros atletas da cidade e da região, Anderson França partiu para ganhar o mundo. E além de toda a técnica e experiência, levou consigo dois dos seus principais pupilos, Edson Barboza e Marlon Moraes, temperando o mundo do UFC com um retoque friburguense. França, assim como os dois atletas, não está no Ultimate para ser apenas mais um que por lá passou. O objetivo é se tornar um dos melhores treinadores da história da organização, e a cada córner ele parece estar caminhando nessa direção.
Anderson conseguiu um pequeno período de folga e chegou ao Brasil na última semana para rever familiares. Na sexta-feira passada, dia 15, promoveu um aulão na Academia Fight Co., onde toda a trajetória de sucesso começou a ser desenhada. Dezenas de alunos participaram das aulas em diferentes horários, e aproveitaram o momento para ouvir os ensinamentos, as histórias e registrar a oportunidade através de fotos.
"Estou muito feliz por voltar a Nova Friburgo, e quando vi os meus alunos, chorei muito. Ficamos com saudade, mas eu tenho o sonho de ser reconhecido como um dos melhores treinadores do mundo. E eu vou conseguir", garante.
Além de Marlon e Edson, Anderson França começa a ter o nome associado a outros grandes nomes do Ultimate, à exemplo de Amanda Nunes, agora também amiga íntima da família do mestre friburguense. Frankie Edgard, Chris Weidman, Vitor Belfort e tantos outros nomes já trabalharam com Anderson, agora integrante da equipe American Top Team, nos EUA, onde mora há cerca de sete meses.
Em conversa com A VOZ DA SERRA, Anderson França fala sobre a visita a Nova Friburgo, e reforça o objetivo de se tornar um dos maiores treinadores do mundo no UFC. O friburguense revela ainda detalhes sobre a última vitória de Edson Barboza, e aposta que Marlon Moraes será o próximo campeão do Ultimate na categoria peso-galo.
AVS: Depois de meses nos EUA, você retorna ao Brasil com um caminho de vitórias trilhado, e já com um nome consolidado no UFC. O que passa na cabeça do Anderson França durante esse reencontro, no local onde praticamente tudo começou?
Anderson França: A gente está trabalhando para ser reconhecido com um dos melhores. E graças a Deus o meu trabalho está sendo bem visto nos EUA, por tudo o que a gente vem fazendo e conquistando. Estou muito feliz por voltar a Nova Friburgo, e quando eu vi os meus alunos, chorei muito. Ficamos com saudade, mas eu tenho o sonho de ser reconhecido como um dos melhores treinadores do mundo. E eu vou conseguir.
Trabalhando com alguns dos melhores atletas e professores, o aprendizado é constante. O que trouxe de novidade para os alunos de Nova Friburgo nesta visita?
Como atleta ou treinador, a gente sempre tem que procurar aprender. Procuro estudar, treinar junto com os meus atletas e aprender. Passei pra eles alguns detalhes de finta e mudanças de ângulo que eu aprendi por lá, e acho que eles gostaram. Eu sempre falo que Nova Friburgo, hoje, tem grandes atletas, e não só no muay thai, como em outras atividades. Falta um pouco de incentivo dos nossos empresários, em acreditar no nosso trabalho. Mas digo para os alunos que eles devem acreditar no sonho deles. Eles podem conquistar o que quiserem, e nós temos o Edson Barboza e o Marlon Moraes como exemplo de atletas e pessoas.
Você está construindo uma carreira, e já tem o nome bastante reconhecido e respeitado nos EUA. Como tem sido morar nos EUA e lidar com as diferenças em relação a Nova Friburgo?
Primeiramente eu agradeço a toda equipe American Top Team por tudo, pelo carinho com o qual fui recebido por todos. Eu me sinto realmente em casa. Estou há sete meses nos EUA, fiz 14 lutas como córner e ainda não perdi nenhuma. Estamos conseguindo fazer um grande trabalho, e isso é consequência da boa aceitação que tive. Estou muito bem adaptado, vivo bem lá, mas claro que sinto falta daqui, dos meus alunos, família e pais, que amo muito.
A vitória de Amanda Nunes sobre Cris Cyborg foi mais um momento de consolidação do seu trabalho, e rendeu o reconhecimento da atleta, que o chamou de "maluco gente boa." Como é essa relação com mais uma brasileira, da qual você passa a fazer parte do córner?
A Amanda é mais do que uma atleta, pois ela passou a fazer parte do meu convívio não só dentro da academia, mas também na minha casa, junto com a minha família. Temos uma amizade e intimidade que ajudam no momento da luta. Eu a estudei e daí surgiu o "maluco gente boa", pois eu ficava assistindo as lutas e chegava a cada dia com uma foto diferente para mostrar o que Amanda deveria fazer. Deu tudo certo, e estou muito feliz.
A última luta do Edson marcou o fim de um momento instável do friburguense. Até mesmo depois da luta ele falava sobre as dificuldades enfrentadas. O que representou essa vitória de Barboza, ainda mais com a grande performance apresentada?
Eu sempre digo que estar no córner do Edson e do Marlon é diferente de qualquer coisa pra mim. Já estou há praticamente oito anos nessa caminhada, mas quando estou com eles, o coração bate junto, mais forte. É um filho que está lutando lá dentro. Essa última luta do Edson teve uma coisa muito especial pra mim, pois ele vinha de duas derrotas. A gente fez um camp maravilhoso, e foi uma das lutas que mais me emocionaram dentre todas. Eu queria muito ajudar o Edson a vencer de novo, e assim aconteceu, com uma grande performance.
Edson Barboza já tem nova luta marcada, dia 30 de março, quando encara Justin Gaethje pelo UFC Filadélfia. Como está sendo feita a preparação, e qual a expectativa para mais esse desafio?
Fico no Brasil até o dia 12 de março, mas a gente se fala praticamente todos os dias. Eu já deixei tudo pronto pra ele, a estratégia da luta. Conversamos bastante sobre isso, e ele concordou. O Justin é um atleta extremamente perigoso, pois ele vem pra briga e é aguerrido. Vai ser um grande combate, e pode ser uma das maiores lutas do ano.
Nas últimas entrevistas, Marlon Moraes tem afirmado ser o melhor lutador da categoria dele no UFC. Como você enxerga o momento desse outro "filho"? Realmente ele está preparado para conquistar esse cinturão?
O Marlon Moraes é um atleta espetacular, fenomenal. Estando focado, ele é um lutador muito difícil de ser batido. Ele está preparado em qualquer área, em pé, na parte de queda ou no chão. Ele está pronto pra ser o próximo campeão do UFC. Eu não pude estar presente na última luta dele, mas eu estava junto de coração. Ele até brincou comigo, batendo no peito depois da luta e mandando um recado pra mim. Isso não tem preço, pois a gente acompanhou o camp e estávamos sempre nos falando. Na próxima vamos estar junto com ele.
Como um dos responsáveis pelo sucesso de inúmeros atletas no mundo das artes marciais, qual o recado você deixaria para aqueles que sonham em, um dia, repetirem os feitos de Edson Barboza e Marlon Moraes, por exemplo?
Eu sempre falo que o caminho é sempre acreditar em si mesmo e no professor, independente de quem seja. É preciso acreditar no sonho e batalhar por isso. Esse é o principal caminho. Eu amo a minha cidade, e só tenho a agradecer por tudo, de coração.
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