O nervosismo driblou a aluna do nono ano do ensino fundamental do Colégio Municipal Rui Barbosa, Amanda da Silva Costa, de 13 anos, e a omissão da letra S na palavra onisciência, que significa a ciência absoluta e o saber de Deus, tirou a estudante friburguense mais cedo da finalíssima do Soletrando, sábado, 31 de maio, no Caldeirão do Huck, na Rede Globo. Mas a representante do estado do Rio de Janeiro no concurso nacional pode, sem dúvida, ser considerada uma vencedora por representar Nova Friburgo e todo o estado no programa. Prova disso é que Amanda foi recepcionada com festa ontem, 2, pelos colegas, professores e dirigentes da escola onde estuda, no distrito de Conselheiro Paulino.
O pátio e corredores do Colégio Rui Barbosa foram decorados com faixas e cartazes de apoio e incentivo à participação de Amanda no programa de TV, demonstrando que a menina tornou-se o orgulho de todos. Mesmo sem esconder a tristeza de ter perdido o concurso e o prêmio de R$ 100 mil, Amanda foi modesta e admitiu que, no fim das contas, achou melhor não ter faturado o Soletrando. “Se tivesse ganhado, poderia passar a ser vista a partir de agora com inveja por meus colegas e isso não seria bom para mim. Assim foi melhor. Foi uma vitória chegar à final do concurso nacional e representar não só Nova Friburgo, mas o estado do Rio no programa”, disse a aluna da turma 191, que admitiu ter ficado bastante nervosa na prova ao vivo. “Acho que se o programa fosse gravado seria da mesma forma. Eu conhecia a palavra, mas engoli a letra S. Aí não deu mais, mas valeu”, conforma-se a menina, que já ganhou uma bolsa integral da escola particular Externato Santa Ignez, para cursar todo o ensino médio a partir do ano que vem, e uma homenagem especial ao chegar ontem ao Rui Barbosa e durante o intervalo, com direito a salva de palmas e muitos abraços da torcida Amanda, organizada pelos colegas.
Mas a fama de celebridade, isso ninguém tira mais de Amanda. “Para nós, do Colégio Rui Barbosa, a Amanda já se tornou campeã desde que foi classificada e começou a aparecer na televisão. Ela é dez”, disse o colega Carlos. A amiga Fernanda emendou: “A Amanda será sempre um incentivo e um exemplo para todos nós. Quem sabe um dia não serei eu num concurso da TV?”, disse.
Caroline Klein, diretora da escola que reúne mais de 1,2 mil alunos em três turnos, acredita que a participação de Amanda no Caldeirão servirá de estímulo para os demais alunos se interessarem mais pela gramática e pelos estudos. “É impressionante como todos os alunos se mobilizaram e se uniram numa torcida única, demonstrando solidariedade e coleguismo”, observou a educadora.
Agora Amanda pretende voltar à vida normal e admite até participar de outros concursos. “Pena que não possa me inscrever para o próximo Soletrando, porque o programa só aceita candidatos que estejam cursando o ensino fundamental”, disse a menina, agradecendo a torcida dos colegas e familiares, que assistiram à finalíssima no telão montado no Ginásio Alberto da Rocha Pinheiro, e a caravana de 35 alunos e dez professores que acompanharam no auditório do programa.
Amanda, pelo jeito, guardará na lembrança não só o estresse, mas toda a magia de sua participação vitoriosa no concurso, as entrevistas para jornais e programas de rádio e TV que mudaram sua vida neste semestre. “Quem sabe algum aluno aqui do Rui Barbosa não se habilita para o próximo Soletrando e se dá bem?”, arrisca a diretora Caroline, lembrando que a escola tem fama de reunir alunos campeões em concursos.
Derrota não tirou o brilho de Amanda no Soletrando
Menina friburguense reconheceu erro antes do fim da palavra e fez toda a torcida chorar com ela
Era uma transmissão da Rede Globo de Televisão, na tarde de sábado, 31 de maio, ao vivo, e não se tratava de nenhuma tragédia. Muito pelo contrário, a festa estava armada no Ginásio Alberto da Rosa Pinheiro, em Conselheiro Paulino. Tudo por conta da participação da aluna do Colégio Municipal Rui Barbosa, Amanda da Silva Costa, no quadro Soletrando do programa Caldeirão do Huck. Faixas, cartazes, banda de tambores do Colégio Municipal Odette Penna Muniz e muita torcida por Amanda. Todo mundo estava de olho no telão.
Quando o programa começou e os três candidatos entraram em cena, a vibração foi total. Na torcida estavam a avó de Amanda, Marli Dulce Deus da Silva, a irmã Marcele e a tia Tereza, entre outros parentes e amigos (os pais e a diretora do colégio estavam no programa); o secretário Geral da Prefeitura, Glauber Braga, representando a mãe e prefeita Saudade Braga; a secretária de Educação, Beatriz Abicalil (ambos usando camisas com foto de Amanda); o vereador Manoel Martins, a coordenadora do colégio, Joelma Sanches da Silva Gravino, professores e alunos.
A coordenadora disse que durante a última semana todos ficaram envolvidos no colégio com a organização da festa do último sábado, preparando faixas e cartazes e cuidando da torcida. Ela falou de sua expectativa pela vitória de Amanda, mas frisou: “Para nós, só por chegar à final ela já é vencedora”. Alunos e comunidade foram convidados a engrossar a torcida através da imprensa, carro de som, circulares do colégio.
A primeira palavra para Amanda soletrar foi “excelso” e ante a resposta certa a vibração foi grande; na segunda rodada, “energúmeno”; na terceira, “deserção”, sempre com muita vibração da torcida. Mas o que ninguém esperava aconteceu. No auge do nervosismo de Amanda, na quarta rodada a palavra foi “onisciência”. E ela foi soletrando: “O – N – I – C”... Amanda, então, percebeu o erro: havia se esquecido do S e não podia voltar atrás. Começou a chorar... E o sonho acabou. Fim do programa para Amanda, que foi abraçada pelos pais e pelo apresentador.
Em seguida, a maioria das pessoas deixou o ginásio de Conselheiro, juntamente com os parentes de Amanda. O programa seguiu com os candidatos Thafne Souza, de Curitiba, representante do Paraná, e Eder Coimbra, de Padre Paraíso, de Minas Gerais. Com Amanda fora da disputa, os que permaneceram no ginásio passaram a torcer pelo aluno mineiro e alguns chegaram a vibrar quando ele venceu a competição, quatro rodadas depois.
A secretária Beatriz Abicalil considerou uma vitória a participação de Amanda no programa, pois significou que ela superou 500 mil alunos do Brasil inteiro, de 2.500 escolas. “Seu exemplo é mais um estímulo para os jovens continuarem estudando, investindo em sua capacitação para um futuro melhor”, frisou.
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