Ele é movido pelo amor à sua cidade, pela maior festa do país, pelo evento mais alegre e apaixonante do Brasil: o carnaval. É assim que o estilista e carnavalesco Eduardo Rodrigues, o Eduardinho, campeoníssimo nos desfiles de fantasia, se define. Depois de décadas alternando o primeiro e segundo lugares nos principais concursos da região e da cidade do Rio, na categoria luxo, ele passou para a categoria hors-concours, pedestal onde se mantém até hoje. Quase aos 70 anos de idade, a serem completados este ano, Eduardo Rodrigues é uma personalidade única do carnaval friburguense.
Nesta semana que antecede o início do reinado de Momo, ele forçou uma brecha na sua disciplinada rotina de trabalho para nos conceder uma rápida entrevista e deixar fotografar duas de suas notáveis e premiadas fantasias: Rei Midas e Pássaro Azul. Sua casa é seu ateliê, espaço aberto para receber suas “obras”, das sapatilhas às coroas, das plataformas aos turbantes.
No meio do caminho, estão os trajes, femininos ou masculinos, e seus indefectíveis mantos. Seus e de clientes. Tudo trabalhado com bom gosto e muito luxo, com destaque para os detalhes, que, para Eduardinho, faz toda a diferença. “Um detalhe pode ser a diferença entre o primeiro e o segundo lugar”, avisa, com a experiência de quem está no ramo há 50 anos.
Desde a produção da base, com armações, forros, tecidos, até chegar aos mínimos detalhes, em acabamentos de incontáveis lantejoulas, pingentes, vidrilhos, pedras, contas, filigranas — trabalho ornamental feito de fios muito finos e pequeninas peças de metal —, de todos os tamanhos e cores, cuidadosamente aplicados, tudo impressiona. Cada dia do ano que antecede a festa momesca, é dedicado à confecção de fantasias, com todo o capricho para alcançar a beleza pretendida. Para tanto, Eduardinho conta com a colaboração de inúmeras pessoas, gente ligada ao carnaval, amigos e amigas, todos parceiros unidos pela mesma paixão.
O som do aplauso, um momento único
Ele não tem preferência por nenhuma escola de samba ou bloco. Para Eduardinho, o que conta é o seu amor por Nova Friburgo, pelo carnaval que os moradores da cidade fazem.
“Como este ano não vai ter o concurso municipal de fantasias, me dediquei às fantasias dos clientes. E vou assistir aos desfiles da arquibancada. Me emociono com a passagem de cada uma das agremiações. Só uma coisa me faz vibrar ainda mais fortemente: é quando eu mesmo entro na avenida e ouço o povo na arquibancada gritar o meu nome. É um momento único, abro os braços e mentalmente envolvo cada uma daquelas pessoas. O som do aplauso, dos gritos, a visão das arquibancadas lotadas, o andamento da escola, os movimentos dos passistas, a bateria, tudo, rigorosamente tudo é algo que não tem explicação. Aqueles minutos valem cada dia do ano que passei trabalhando para isso. Vale a pena!”, descreve, sem conter a emoção.
O campeão afirma que seu ego não se altera com a conquista de troféus, embora sinta orgulho pelo reconhecimento. Sua vaidade é despertada, pra valer, segundo ele, pelo aplauso. “É o que me transmite a energia mais positiva, que vai me alimentar pelos próximos meses, ao longo do ano. Essa paixão só é compreendida por quem sente a mesma coisa. E com a mesma intensidade me dedico a produzir as fantasias, como a desse ano, para a ala da velha-guarda da Unidos da Saudade.
Os trajes ficaram lindos. É muito legal sentir a paixão do pessoal da velha-guarda, que faz questão de participar de tudo. Como, por exemplo, o seu Carrasco, um senhor que está sempre disposto a ajudar no que for preciso, e também a dona Marilda e dona Vilma, na equipe de costura. A ala da velha-guarda da Saudade vai para a avenida com 36 integrantes e garanto que vai ser muito bonito de ver”, antecipa Eduardinho, encerrando o papo com um feliz carnaval para todos.
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