Editorial - Zelo com a vida - 31 de março 2011

quinta-feira, 31 de março de 2011
por Jornal A Voz da Serra

UMA DAS primeiras preocupações do prefeito Dermeval Neto quando assumiu o governo municipal, em novembro do ano passado, foi conhecer, num sobrevoo, as áreas de risco no município para estabelecer ações da Defesa Civil em trabalhos de prevenção contra as chuvas nas encostas. Antes mesmo do verão, e de muitos outros verões, ficou patenteada a nossa vulnerabilidade.

A TRAGÉDIA de janeiro só veio confirmar as avaliações das autoridades quanto à falta de infraestrutura compatível com a densidade populacional e questão habitacional muitas vezes desordenada e sem um prévio conhecimento dos riscos que tais moradores e suas famílias correm. É preciso, mais do que nunca, correr atrás do tempo perdido e estabelecer programas habitacionais que permitam substituir com qualidade e segurança as inúmeras moradias das encostas friburguenses.

POR MAIS que os governos das cidades atingidas, Nova Friburgo principalmente, afirmem estar certos do apoio das autoridades estaduais e federais, pouquíssimas cidades brasileiras se preocupam devidamente com os estragos que podem advir com as construções irregulares. Levantamento da Defesa Civil feito no ano passado apontava para centenas de áreas consideradas perigosas e que exigia uma atuação firme das autoridades.

A SITUAÇÃO dos desabrigados é lamentável. Sem políticas de habitação, o jeito foi o governo criar núcleos habitacionais que pudessem abrigar este contingente, enquanto inicia a construção de novas casas. Tal medida, contudo, não beneficia a grande maioria que paga aluguel, ainda mora em área de risco e sonha com uma casa própria. Nova Friburgo cresceu sem saber para onde e hoje o quadro exige uma atenção redobrada dos nossos administradores.

ALÉM dos transtornos às pessoas, as áreas de risco não estão sendo gerenciadas adequadamente, provocando incerteza sobre o futuro de alguns locais afetados e que podem vir a causar novas tragédias. O meio ambiente, no caso, é o mais prejudicado, com consequências desastrosas a curto, médio e longo prazos.

CADA VEZ mais fica evidenciada a necessidade de se traçar políticas públicas de gerenciamento de risco, dotar a administração de serviços de geotecnia e estabelecer práticas de gestão ambiental de forma abrangente e rigorosa em toda Nova Friburgo. Não podemos mais viver de sustos. É hora de planejarmos o futuro para não sermos surpreendidos pela força implacável da natureza outra vez.

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