O MÊS DE AGOSTO manteve a tradição agourenta para a vida nacional levando o cidadão a relembrar o mês como das tragédias políticas. Agosto marcou o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, a renúncia de Jânio Quadros em 1961 e a misteriosa morte de Juscelino Kubitschek em 1976. Agosto, como diz o ditado, é o mês do desgosto. O dia 13, dia do azar. Coincidência ou realidade?
A MORTE DO candidato Eduardo Campos, aos 49 anos, em trágico acidente aéreo anteontem em São Paulo, mais que a comoção nacional pela perda de uma liderança política emergente no insípido quadro político nacional, muda os rumos da campanha presidencial, além de tirar o sono dos candidatos Dilma Roussef (PT) e Aécio Neves (PSDB) com a possível entrada de Marina Silva (PSB), que soa óbvia, na disputa sucessória.
O LUTO nacional cede vez para a esperança de um segundo turno na eleição de outubro, e, além de representar um duro golpe na renovação política de que o país necessita, coloca em xeque o bipartidarismo que há anos domina a cena do poder no Brasil. O potencial de votos da candidata Marina (20% dos votos em 2010, 31,7% do Rio de Janeiro), com uma legião de seguidores e trânsito fácil entre os evangélicos, a torna uma natural candidata e aumenta a dramaticidade do momento num país emotivo e religioso como o Brasil.
O LEGADO deixado por Eduardo Campos, contudo, não poderá ser abandonado, sob o risco de deixar o país novamente no estado de inanição e baixa capacidade de desenvolver-se. Apesar do pouco tempo em que circulou nacionalmente em campanha, Campos transmitiu novos ares de renovação e a sensação de que o país tem jeito. Seu sucesso no governo pernambucano, fazendo crescer a sua economia em níveis bem maiores que o nacional, o credenciou a pleitear a presidência dando um novo enfoque ao desenvolvimento de que necessitamos.
NADA MAIS natural, portanto, que Marina Silva leve adiante o sonho de Eduardo Campos, tornando-se herdeira de um sonho que não estava somente na cabeça do político, mas também nos corações (e mentes) de uma população. A morte do candidato não acabou com o sonho de nos fazermos desistir do Brasil, como proclamava seu slogan. Continuamos clamando pela renovação e pelo compromisso com o novo.
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