O CADERNO LIGHT que circula neste fim de semana mostra a difícil caminhada dos jovens em busca de uma profissionalização, enfrentando toda sorte de dificuldades, da formação à escolha de uma carreira. Momento crucial na vida, o que ser e o que fazer são questionamentos complicados para quem está dando os passos iniciais em busca de um futuro com qualidade.
NESSA BUSCA, a formação é condição fundamental para se conseguir o sonhado "lugar ao sol”. Mas nem tudo são flores para a juventude. Recém-divulgados, os resultados do Enem 2014 remetem a uma questão feita pela diretora-executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz: Será que vamos ler as notícias sobre o mau desempenho dos nossos jovens no ensino médio até ficarmos insensíveis?
A ÚLTIMA EDIÇÃO do Exame Nacional do Ensino Médio aponta queda na nota média de redação e matemática, entre melhorias em outras áreas em percentuais mais tímidos do que as pioras. Mas o que se constata, mais uma vez, é o fato de que essa importante etapa do aprendizado continua alvo permanente de promessas de reformas que nunca se concretizam.
O MAIS RECENTE a assumir o compromisso de mudanças é o ministro Cid Gomes, o quarto ocupante da pasta desde o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, agora compromissada no discurso com o slogan "Brasil, Pátria Educadora”.
O QUE O ENEM revela em sua última edição não é muito diferente do que já vem sendo apontado há algum tempo pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). E o que dizem esses indicadores? Que os alunos estão transitando do início do Ensino Fundamental até o final do Médio sem condições de dominar competências, como o uso da norma padrão da língua escrita para desenvolver um tema dissertativo e sem conseguir interpretar informações para defender um ponto de vista.
O MESMO OCORRE em situações banais, como questões envolvendo conhecimentos numéricos ou medidas de grandeza. Isso ajuda a explicar por que tantos inscritos no Enem não conseguem sequer entender os enunciados das questões das provas, nem mesmo o tema da redação.
TUDO ISSO acontece porque o ensino perdeu qualidade e já não há mais tanta preocupação em fazer com que os alunos, desde cedo, exercitem atividades como ler e escrever. Pior: os conteúdos ministrados pouco ou nada têm a ver com jovens do século XXI, que estão desmotivados, os materiais usados em sala de aula incorporam poucos avanços tecnológicos e nem todos os professores estão suficientemente preparados.
NÃO É MAIS possível continuar insensível diante de tantas notas zero como as do Enem, que serão usadas para ingresso no Ensino Superior. O país precisa adequar a educação às necessidades e interesses de seus jovens, reestruturando currículos e mobilizando professores e escolas para esse desafio inadiável. Ou será que o Brasil não é, de verdade, uma "pátria educadora”?
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