O GOVERNO brasileiro teve que rebolar para atender as exigências da Fifa e realizar a Copa do Mundo. Ninguém tem dúvida que o padrão de qualidade imposto pela poderosa federação internacional de futebol botou a faca no pescoço da presidenta Dilma para cumprir a promessa de realizar a copa dos sonhos imaginada pelo presidente Lula anos atrás, quando do sorteio do país-sede de 2014. Mas o preço é alto demais.
OS REFLEXOS dessa pretensão são sentidos hoje por todas as grandes cidades do país, que botam o bloco na rua para expressar o inconformismo com o dinheiro gasto na construção de estádios elefantes-brancos, retirando verbas bilionárias de projetos estruturantes como a moradia, a saúde, o transporte. Resultado: a poucos dias do início do torneio — 24 para ser mais preciso — o país não corre atrás da bola, mas sai em disparada cumprindo o cronograma de obras, procurando fazer o melhor possível em busca do pretensioso "legado” prometido pelos governantes, além de causar boa impressão aos turistas que nos visitarão e ao mundo em geral.
POR SER um evento grandioso, a Copa foi eleita como a vilã, a responsável pela precariedade de diversos setores da administração pública, pois o país gasta muito com o esporte e pouco com os demais serviços. Porém, a irresponsabilidade do governo vem desde antes do anúncio da realização da Copa no país, há muitos anos. Até agora não vimos tanto empenho das autoridades em realizar obras e melhorar a qualidade da atenção dada aos cidadãos.
A INSEGURANÇA só fez aumentar o medo entre a população; a falta de transporte adequado tem provocado ondas de insatisfação; a carência na assistência médica só faz sofrer mais ainda os que buscam a rede pública; a má qualidade do ensino ofusca um futuro melhor para a nossa juventude. E por aí vai. Porém, ruim com a Copa, pior sem ela. Está chegando a hora e o que resta fazer, além de rezar, é torcer pelo sucesso dos nossos 11 jogadores.
BOM MESMO seria o país adotar o padrão Fifa para continuar fazendo obras e deixar a administração no mesmo nível de exigência imposto pelo futebol, após o término da competição. O Brasil, mais que o sonhado hexacampeonato, precisa com urgência de reformas profundas capazes de durar muito mais que o cobiçado título. E o mesmo se pode pedir para Nova Friburgo, que, faltando pouco para completar 200 anos, ainda não resolveu problemas básicos de uma cidade que torce por um futuro melhor. O padrão Fifa também poderia ser exigido em nosso município.
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