TÃO CEDO o friburguense esquecerá a triste madrugada de 12 de janeiro, que se traduziu na maior tragédia climática do país e numa das maiores do planeta, ceifando centenas de vidas, causando inúmeros prejuízos materiais e ferindo letalmente a natureza em muitas partes do município. Dois mil e onze ficará na história como o ano das mais tristes recordações.
NOVA FRIBURGO, a cidade mais atingida, ganhou notoriedade com o apoio da presidente Dilma Rousseff, de autoridades monetárias e de inúmeras entidades assistenciais nacionais e estrangeiras que ofereceram ajuda financeira e material. Mas nada disso conseguiu mudar a paisagem do pós-tragédia. A cidade fecha o ano à espera de ajuda que possa modificar os pontos afetados, das prometidas verbas oficiais, federais e estaduais, para obras de restauração, do cumprimento das promessas feitas sob o clamor da tragédia e da ação governamental ágil e transparente.
A BUROCRACIA foi uma das responsáveis pelo atraso das obras e a liberação de verbas para auxiliar empresas e empresários a saírem do atoleiro. Morosidade e dificuldades de toda ordem deixaram muitos negócios interrompidos, principalmente os que dependiam de dinheiro público do BNDES prometido com alarde, porém, sem transferir os recursos com a velocidade necessitada.
O ESTRAGO causado pelas chuvas ainda está visível em todos os lugares. Além de inúmeras residências seriamente afetadas, prédios públicos, como escolas, ainda esperam a liberação das autoridades para voltar à normalidade, prejudicando familiares e alunos no cumprimento de suas obrigações. O aluguel social adotado para suprir as necessidades não tem cumprido as suas finalidades plenamente.
COMO SE não bastassem as dificuldades estruturais, a Região Serrana foi vítima das mazelas que infelizmente turvaram com desonestidade a imensa tarefa de reconstruir cidades arrasadas. Políticos estão na mira do Ministério Público para justificarem a aplicação do dinheiro público e das muitas doações que chegaram de forma solidária, mas, que perderam-se lamentavelmente nos conluios, na propina e na corrupção.
UM ANO se passou e as cidades atingidas continuam à espera de ajuda organizada por parte das autoridades. O auxílio, infelizmente, chegou aos poucos, sem que houvesse um cronograma definido para a reconstrução e os planos de futuro somente anunciados pelo vice-governador Pezão esta semana. Enquanto as obras não saíram, a população aguardou soluções práticas, temerosa com o período chuvoso que já chegou.
SE AS perdas ocorridas não atingiram a todos, a baixa autoestima tomou conta da cidade e nem mesmo o esforço do governo para recuperar os estragos foi suficiente para elevar o astral da população. Marcado pela tragédia, o trauma ficou estampado no rosto de todos, que se apavoram com qualquer temporal mais intenso. Por enquanto, as chuvas são o maior perigo enfrentado na cidade.
NÃO QUEREMOS encerrar 2011 com pessimismo nem desesperança. A VOZ DA SERRA esteve ao lado da gente sofrida, acompanhamos os tristes momentos, mas sempre mantivemos a fé em dias melhores. O ano foi difícil e em muitos momentos desesperador, porém, continuamos acreditando na capacidade de recuperação da cidade, no compromisso dos governantes e na força de vontade da população. Esperamos que 2012 seja, enfim, de realizações, fechando esta triste página de nossa história.
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