Editorial - Triste recado

terça-feira, 05 de janeiro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

SE AS festas de final de ano simbolizaram em todo o mundo um ano de boas novas, de crescimento e desenvolvimento, as tragédias ocorridas em Angra dos Reis foram um aviso de que nem tudo será fácil para moradores das cidades que constroem sem planejamento, permitem o adensamento populacional em áreas de risco e não tomam providências para conter o avanço indiscriminado. O saldo de mortes ocorridas foi um triste aviso da natureza.

POR MAIS que os governos afirmem estar com a situação sob controle e que os investimentos estão disponíveis, pouquíssimas cidades brasileiras se preocupam devidamente com os estragos que podem advir com as construções irregulares, inclusive em Nova Friburgo. Levantamento da Defesa Civil aponta para dezenas ou centenas de áreas consideradas perigosas e que exigem uma atuação firme das autoridades.

DESDE o final de 2008 está funcionando o Sistema de Alerta de Cheias em Nova Friburgo, a cargo do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que medirá em tempo real o nível de água e de intensidade de chuva em seis locais do município. A medição auxiliará a Defesa Civil a gerenciar os efeitos e a estabelecer um programa preventivo contra as enchentes.

SEM DÚVIDA é uma boa iniciativa do governo estadual que ajuda a se estabelecer programas preventivos em áreas de risco, para que não se repitam as mesmas ocorrências de 2007, e que repetidamente ocorrem nas estações chuvosas. Permanentemente Nova Friburgo enfrenta problemas causados pela chuva, e agora a expectativa se volta para as obras do PAC, que poderão melhorar o sistema de escoamento, além de outras obras.

A PREVISÃO de chuvas que ocorrem no verão fluminense leva a Defesa Civil a montar planos para oferecer cobertura à população que esteja em áreas de risco ou venha a sofrer consequências de desabamentos por conta do período chuvoso. A operação não é novidade para os friburguenses, posto que o órgão vem prestando um eficiente serviço à comunidade em diversas ocasiões.

NA CIDADE, a população debate este assunto frequentemente tendo em vista a preocupação que se abate a cada temporal nos dias de verão. O monitoramento do Inea vai beneficiar enormemente as ações da Defesa Civil, oferecendo um serviço de grande valia para a comunidade. A hora é de prevenir para não contabilizar prejuízos no futuro. Mas o governo Heródoto ainda precisará de muito mais para resolver, por exemplo, a ocupação indiscriminada em encostas e em áreas de risco. A chuva não tem hora para cair e os seus efeitos são imprevisíveis.

COMO JÁ disse o governador Sérgio Cabral, é preciso estabelecer uma política séria de solo em todo o estado. Solo urbano é um problema de todos e ele enfatizou a importância de se rever a construção em locais considerados como área de risco. Ele, assim como muitos outros políticos, estuda rever a política de ocupação no Rio, sendo favorável a estabelecer limites ecológicos e físicos para impedir o crescimento exagerado. A hora é de rever conceitos e partir para ações duradouras e competentes. E não apenas promessas em épocas de tragédias.

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