ATÉ AGORA Nova Friburgo não se viu livre do fantasma da tragédia climática de janeiro passado, respirando as consequências do ocorrido—e mais, ainda enlutada, enfrentando os dissabores da política que em apenas três anos conseguiu colocar três gestores à frente da administração municipal. Vivemos hoje os efeitos do descontinuismo que prejudicou seriamente o processo de desenvolvimento da cidade.
AS CENTENAS de mortes não foram suficientes para unir os pensamentos em torno de um objetivo comum, qual seja o de retornar à normalidade, recompondo a cidade com os seus qualificativos que fazem a boa fama de Nova Friburgo, mas que hoje, infelizmente, tem a sua imagem arranhada pelos acontecimentos. Estamos mal divulgados na grande imprensa nacional e também pela própria opinião pública friburguense.
A CHUVA de janeiro, além de sua dimensão extraordinária, mostrou também a nossa pobre condição de uma cidade mal planejada, sem estrutura capaz de promover o crescimento—e sem planos de futuro. Sem arrecadação suficiente, a administração municipal depende de verbas federais e estaduais para tocar o trabalho, contando evidentemente com apoio político para tal. A tragédia só veio multiplicar os nossos problemas.
É VÁLIDO o protesto que inúmeras associações e entidades friburguenses vêm realizando ao longo do ano pedindo a urgente reconstrução da cidade. Além do trabalho físico de tornar a cidade mais confiável e segura de se viver, o protesto também questiona corretamente a atuação dos políticos frente à gigantesca tarefa que temos pela frente. Comprometidos com seu futuro político na eleição de 2012, deixam para trás assuntos relevantes, dissociando-se da realidade sofrida pela população.
A SOCIEDADE friburguense, mal refeita, aguarda a chegada de um novo período de chuvas com inúmeras inquietações. Respondê-las é tarefa dos governantes e isto vem sendo feito, de um lado, com o trabalho preventivo realizado pela Defesa Civil. Porém, não é só isto que é preciso fazer. Prioritariamente é necessária a união dos políticos, sem partidarismo, na luta por mais recursos financeiros e novas propostas de desenvolvimento. Este desafio, contudo, está sendo difícil de superar.
A CONJUNTURA friburguense requer a participação de todos, governo e comunidade, para reverter o atual quadro de autoestima em baixa e a falta de perspectivas. Mais que eleger fulano ou beltrano, é preciso que os homens públicos se apresentem dispostos a enfrentar um longo período de reconstrução, com metas de longo prazo capazes de mudar o cenário que lamentavelmente Nova Friburgo apresenta nos dias de hoje.
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