EDITORIAL - Tempos bicudos

terça-feira, 17 de março de 2015
por Jornal A Voz da Serra

A PRESIDENTE Dilma anunciou ontem um pacote de medidas de combate à corrupção, atendendo ao clamor popular, aos sucessivos escândalos financeiros e em resposta ao baixo índice de popularidade que o governo vem enfrentando, como visto na passeata do último domingo pelas ruas do país. É hora de começar a consertar o estrago causado por anos de distanciamento entre o governo e a população.

PESQUISA DO Instituto Datafolha divulgada ontem, 17, revela que 62% da população consideram o governo Dilma "ruim ou péssimo”, a maior taxa de rejeição obtida pelo governo petista desde a posse de Lula em 2003. E a maior da história política desde setembro de 1992, quando do impeachment do ex-presidente Fernando Collor.

A REJEIÇÃO NÃO atinge somente o governo federal. Na pesquisa, ouvida a opinião dos brasileiros sobre o Congresso Nacional, a resposta foi igualmente preocupante. Somente 9% consideram "ótimo ou bom” o desempenho dos parlamentares. Para 50% da população, a atuação dos deputados e senadores é "ruim ou péssima”.  

SIMULTANEAMENTE, nota da Confederação Nacional da Indústria (CNI) diz que "a falta de confiança permanece disseminada por toda a indústria e se tornou mais intensa”. A confiança do empresariado nacional, medida pelo Índice de Confiança do Empresário Industrial, registrou em março a pior queda da série histórica da pesquisa iniciada em 1999.

SEM NÚMEROS consolidados de março, pode-se pressentir que o ano será de dificuldades, caracterizado pelo baixo crescimento da economia e com a perspectiva de patrões e trabalhadores se unirem contra o arrocho econômico, as taxas de juros e a alta da inflação, que ameaça empregos e a rentabilidade das empresas.

A QUESTÃO essencial, agora, é saber se a presidente Dilma está realmente disposta a romper o imobilismo e a dialogar com a sociedade, reconhecendo erros e propondo novos caminhos de governabilidade. A fragilidade política do seu partido, que sofre duras críticas externas e internas, e o fortalecimento do Congresso impõem uma nova postura na gestão do governo. As medidas econômicas do ajuste fiscal precisam avançar, para levar o país de volta ao crescimento. Será um duro teste para a mandatária e um período de "vacas magras” para a população. Tempos difíceis, estes. 


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