EDITORIAL - Será Deus brasileiro?

domingo, 01 de fevereiro de 2015
por Jornal A Voz da Serra

O BRASIL vem enfrentando um verão como há muito não se via. Combinando com o calor insuportável da estação, a falta de chuvas está agravando a situação, impondo uma série de restrições ao brasileiro, que vai da racionalização do uso da água ao inconveniente "apagão”, com prejuízos generalizados para as famílias e a economia.   

A OMISSÃO DO governo é, sem dúvida, o fator que tem maior peso no conjunto de problemas que deixam o país na iminência de um apagão. Especialistas asseguraram que o Brasil está à beira de um colapso energético, embora o governo minimize a questão e até mesmo relute em admiti-la.

O RESULTADO disso é uma soma cruel entre a falta de planejamento dos administradores, o chamado estresse hídrico (pouca chuva) e a pouca conscientização dos consumidores. Desses três fatores, o primeiro é o que mais contribui para que a crise do setor tenha chegado ao ponto que chegamos.  

O GOVERNO ATUAL e os anteriores superestimaram a capacidade de geração e de distribuição de energia do país. Uma estrutura que há anos não acompanha a demanda mostra agora suas fragilidades, com apagões eventuais que, conforme advertência de analistas, podem se transformar em interrupções generalizadas de energia. Prova disso foi o recente corte, que atingiu 11 estados e Nova Friburgo não ficou de fora do apagão, deixando moradores sem energia por cerca de uma hora.

A SITUAÇÃO É GRAVE, especialmente no momento em que o país enfrenta uma onda de calor que eleva consideravelmente o consumo. Surpreende que, nesse contexto, as vozes das autoridades não contribuam para transmitir confiança aos consumidores, como podemos ver nas declarações dos governadores de São Paulo, do Rio e de Minas Gerais. Culminando, na última semana, o ministro de Minas e Energia fez uma afirmação no mínimo descabida. Disse ele que "Deus é brasileiro” e que Ele fará alguma coisa para que volte a chover em determinadas regiões, elevando assim os níveis dos reservatórios.

MESMO QUE O GOVERNO prometa uma série de investimentos, sabe-se que muitos deles chegam tardiamente. O risco de déficit de energia vem crescendo a cada ano, de acordo com prognósticos de organismos que monitoram o setor. O dado mais cruel disso tudo é que os mesmos cidadãos beneficiados pela ascensão social são agora punidos pelos exagerados aumentos nas tarifas, que em alguns casos ultrapassam os 50%. 

NESSE CENÁRIO, a energia elétrica não pode ser vista apenas por sua relevância econômica. É também uma conquista social que expressa melhoria na qualidade de vida. O consumidor saberá fazer a sua parte, com o uso racional desse recurso. E o governo deve cumprir com suas atribuições, sem transferir responsabilidades, pedindo a ajuda os céus.


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