Editorial - Sempre em alta - 4 de agosto 2011

quinta-feira, 04 de agosto de 2011
por Jornal A Voz da Serra

O LUCRO líquido do Itaú Unibanco divulgado esta semana atingiu R$ 7,133 bilhões no primeiro semestre, com alta de 11,5% na comparação com igual período do ano passado. O crescimento foi devido principalmente à evolução da margem financeira e ao aumento nas receitas de prestações de serviços e rendas de tarifas bancárias.

NA MESMA balada, o Bradesco também faturou alto, conforme divulgado, e no mesmo período lucrou R$ 5,5 bilhões, crescendo 21,7% no primeiro semestre. A ciranda financeira gira sem se preocupar com os sobressaltos. A economia por vezes vai mal, mas os bancos vão sempre bem.

SEJA COM inflação baixa ou alta, juros em queda ou subindo, população com renda menor, desemprego, economia patinando em termos de crescimento, pelo menos uma coisa não muda no Brasil: o lucro estratosférico dos bancos. Somente no governo Lula, as quatro maiores instituições financeiras do país (Banco do Brasil, Caixa Econômica, Bradesco, Itaú-Unibanco) lucraram cifras inimagináveis.

NÃO CUSTA nada lembrar que o setor bancário era o que mais temia a chegada de um partido de esquerda ao poder. Especulavam, na época, sobre a criação de impostos sobre seus ganhos, que seriam destinados a programas sociais num governo mais voltado para o social. Como se vê, nada mudou. Ou melhor: para os bancos, mudou para melhor.

POR QUE os bancos ganham tanto neste país? De acordo com analistas financeiros, porque o governo depende dos pés à cabeça destas instituições para se financiar. Grande parte dos recursos dos bancos é emprestada ao governo. Em troca, eles recebem títulos públicos federais, que pagam juros altíssimos.

OS BANCOS são os donos do jogo. O governo tem que pagar juros altos para poder continuar contando com estes recursos. Em outros países do mundo, o dinheiro emprestado pelos bancos ao governo é apenas uma fonte complementar de recursos. Aqui não. Sem os recursos dos bancos, o governo fica na pior. Nenhuma outra atividade oferece um ganho tão expressivo. No exterior, quando uma empresa apresenta margens de lucro de 6%, 7% ou 8% sobre o patrimônio líquido já é uma festa. A questão é que os bancos brasileiros têm tarimba para lucrar em qualquer cenário econômico.

PARA COMPENSAR qualquer perda, os bancos mexem e remexem nas tarifas que cobram do cliente para emitir um talão de cheques, cuidar da conta ou fazer uma transferência entre contas. Como o Banco Central não fiscaliza ou estipula preços de tarifas, cada um cobra o que quer. Cabe ao cliente escolher a tarifa mais baixa. Mas, como trocar de banco no Brasil dá trabalho, muita gente nem olha quanto está pagando. O resultado é que as tarifas continuam altas.

O AJUSTE feito pelos bancos para não diminuir os lucros reflete, evidentemente, no bolso do consumidor, e na transferência dos serviços para máquinas eletrônicas, desestimulando qualquer integração com seus clientes. O resultado é observado nas intermináveis filas, no atendimento despersonalizado e na indiferença. Os exemplos estão espalhados por todas as agências, inclusive nas de Nova Friburgo. O governo, indiferente, segue em frente, felizmente para os bancos e o azar da população.

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