Editorial - Semestre perdido - 12 de julho 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011
por Jornal A Voz da Serra

HÁ EXATOS seis meses a população da região serrana do Rio contabiliza prejuízos de toda ordem. A morte de quase mil vidas e bilhões de reais em perdas materiais ainda estão presentes na vida dos municípios afetados pela tragédia de 12 de janeiro, sem perspectiva de solução no curto prazo. Afinal, um semestre já passou e pouca coisa foi realizada em termos de reconstrução das cidades.

NOVA FRIBURGO, a cidade mais atingida, ganhou notoriedade com o apoio da presidente Dilma Rousseff, de autoridades financeiras e de inúmeras entidades assistenciais que ofereceram ajuda econômica e material. Mas nada disso conseguiu mudar a paisagem do pós-tragédia. O município continua à espera de ajuda que possa transformar os pontos afetados, de verbas oficiais para obras de restauração, do cumprimento das promessas feitas sob o clamor da tragédia.

A BUROCRACIA foi uma das responsáveis pelo atraso das obras e a liberação de verbas para auxiliar empresas e empresários a saírem do atoleiro. Morosidade e dificuldades de toda ordem deixaram muitos negócios interrompidos, principalmente os que dependiam de dinheiro público do BNDES prometido com alarde, porém, sem transferir os recursos com a velocidade necessitada.

O ESTRAGO causado pelas chuvas ainda está visível em todos os lugares. Além de inúmeras residências seriamente afetadas, prédios públicos, como escolas, ainda esperam a liberação das autoridades para voltar à normalidade, prejudicando familiares e alunos no cumprimento de suas obrigações. O aluguel social adotado para suprir as necessidades não tem cumprido as suas finalidades plenamente. Muitos ainda não receberam nem um centavo.

COMO SE não bastassem as dificuldades estruturais, a Região Serrana tem sido vítima das mazelas humanas que infelizmente turvam com desonestidade a imensa tarefa de reconstruir cidades arrasadas. Políticos estão na mira do Ministério Público para justificarem a aplicação do dinheiro público e das muitas doações que chegaram de forma solidária, perdendo-se lamentavelmente nos conluios, na propina, na corrupção.

UM SEMESTRE já passou e as cidades continuam à espera de ajuda organizada e séria por parte das autoridades. A colaboração, infelizmente, está chegando aos poucos, sem que haja um cronograma definido para a reconstrução e os planos de futuro. Enquanto as obras não saem, a população aguarda soluções práticas, esperando temerosa a chegada do próximo período chuvoso. O tempo corre contra todos e, ao que parece, o governo também.

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