MUITO bem narrada, com depoimentos expressivos, a reportagem de Dalva Ventura sobre a degradação da Praça do Suspiro, publicada na edição de sábado de AVS, levanta não apenas a memória daquele que já foi um belo recanto friburguense, mas é um brado contra a falta de interesse das nossas autoridades na recuperação e manutenção de nossas praças. O que aconteceu no Suspiro pode também ocorrer em outras praças da cidade.
A TRAGÉDIA de janeiro aguçou o problema que há anos vem existindo na cidade, em que pese os esforços para o estabelecimento de uma cultura preservacionista valorizando a história de Nova Friburgo. Temos bons exemplos de iniciativas, isoladas, que minimizam a questão.
SE DE UM lado existe o interesse do Iphan em manter preservado o rico patrimônio fluminense, infelizmente não podemos dizer o mesmo quanto a Nova Friburgo. Há décadas a cidade carece de uma estruturação acerca de seu patrimônio material e natural, quer na preservação do acervo arquitetônico que ainda resta, quer na preservação da nossa Mata Atlântica, esta sim, o maior patrimônio friburguense.
A MEMÓRIA do município vem sendo muito bem guardada pelo governo através da Fundação Dom João VI, o Pró-Memória. O acervo de livros, fotografias, mapas, jornais e demais documentos realmente denota a preocupação com o nosso passado, as tradições e a história do município. Porém, não é apenas isto que faz o patrimônio de Nova Friburgo. Ele está nas ruas, nos casarios, nos prédios centenários, nas igrejas e praças, nas matas, e pede ajuda.
A FONTE não jorra mais, o rio está sujo, a praça é suja e mal-iluminada. Os exemplos existem e são erros que não deveriam compor a paisagem de uma cidade que, prestes a completar 200 anos de existência, ainda não conseguiu corrigir. Para o tão sonhado turismo, como imaginam os governos, o patrimônio friburguense precisa de uma intervenção séria, de manutenção e preservação, se ainda quisermos manter vivos os tempos de outrora.
QUANTO À Mata Atlântica, é necessário unir esforços governamentais e privados no sentido de sua preservação. Por sua importância, o meio ambiente é um tema que perpassa os órgãos públicos e sua transversalidade deve ser aproveitada por todos os segmentos. Cada vez mais se torna necessário tomar medidas de prevenção deste rico manancial, fonte de vida e de recursos financeiros hoje e sempre.
O PATRIMÔNIO de Nova Friburgo deve ser visto em sua totalidade, fortalecendo as leis existentes e criando outras medidas que possam ajudá-lo a ser preservado. Cultura, educação, saúde, meio ambiente e turismo são apenas algumas áreas que não podem abandonar o foco da questão, sob o risco de perdermos tudo por falta de iniciativa política e não só de recursos financeiros.
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