Editorial - Relação pecaminosa

quinta-feira, 24 de maio de 2012
por Jornal A Voz da Serra

POLÍTICOS e contraventores sentam-se juntos no banco dos réus para apuração de mais um episódio da corrupção brasileira e, ao que parece, pode colocar fim ao tenebroso caso envolvendo o contraventor Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres, empresas de construção e governadores de estado. E outros políticos.

O ESFORÇO para levar os culpados por crimes de corrupção à cadeia vem de longa data, embora sem resultados exemplares e moralizantes aos olhos da sociedade brasileira. O ex-presidente Lula enviou em 2009 ao Congresso projeto de lei que torna hediondo os crimes de corrupção e aumenta as penas para crimes correlatos, como o peculato, a concussão e a corrupção passiva.

A LEI endurecerIA para o lado de políticos eleitos e das autoridades com poder decisório. Governadores, prefeitos, vereadores deputados e senadores, além de dirigentes de empresas públicas, poderão ter pena mínima de oito anos. Como os crimes de corrupção se tornam hediondos, são inafiançáveis e podem levá-los à prisão temporária de até 60 dias.

A CADA dia aumenta mais o inconformismo da sociedade com os escândalos envolvendo políticos de todos os matizes e ideologias. O recente caso é mais um desses e provavelmente não será o último. Começou com o mensalão do PT, passou para o mensalão do PSDB em 1998 envolvendo o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo, depois com o mensalão do DEM na capital federal e agora mais este.

GANHA força na sociedade brasileira a discussão sobre a reforma política como forma de estancar a onda de irregularidades na vida pública. Torna-se cada vez mais urgente pressionar o Congresso para que aprove as mudanças que há muito dormem nas mesas dos congressistas. Por conta desse desinteresse, o país vive hoje uma de suas maiores crises institucionais.

O CIDADÃO brasileiro se desencanta cada vez mais com relação ao processo político, fato este comprovado a cada período eleitoral, revelando o crescente número de votos brancos, nulos e abstenções. Diferentemente do que ocorre em outros países, o brasileiro não se sente atraído nem vinculado a políticos ou os partidos.

OS POLÍTICOS que vislumbram as eleições deste ano deveriam mostrar uma nova postura frente às suas atribuições públicas, lutando pela moralização de uma classe considerada medíocre devido ao desempenho de alguns irresponsáveis. É a alternativa para solucionar os graves problemas de corrupção nos governos. A reforma política, pois, é mais que necessária: é motivo de honra no Brasil.

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