Editorial - Qualidade para alguns - 10 de setembro.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

A DIVULGAÇÃO pelo IBGE, nesta semana, de dados da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios –, referente a 2009, revelou um país que cresce o seu consumo interno, ganhando qualidade de vida. A pesquisa confirmou que mais brasileiros têm hoje acesso a bens duráveis, como geladeira, fogão, máquina de lavar roupa e DVD. Outro destaque é a posse de carros e motos – 37,4% das famílias brasileiras possuem automóveis e 16,2%, motos.

TAMBÉM os computadores seguem na mira dos consumidores e devem continuar crescendo bastante.

Já o acesso à internet explodiu, chegando a 27% dos lares, cerca de 68 milhões de pessoas – em 2005 eram apenas 32 milhões.

O FENÔMENO que impressiona ainda é o crescimento da telefonia celular – quase 58% dos brasileiros declararam ter um celular para uso pessoal em 2009. Isso dá cerca de 94 milhões de pessoas. O percentual de lares que abandonaram o telefone fixo e ficaram só com o celular aumentou quatro vezes em cinco anos, chegando a 41% do total.

PORÉM, nem todo o consumo e nem toda a evolução tecnológica chegam a muitos municípios do interior, mais notadamente na área rural, deixando um grande contingente na contramão da chamada inclusão digital. Embora possuam milhões de aparelhos celulares e computadores, parcela expressiva da população não recebe os benefícios da era eletrônica.

O TELEFONE, instrumento indispensável, não presta nenhum serviço de utilidade pública a muitas localidades. Sem um eficiente sistema de telefonia torna-se difícil manter contatos pessoais e comerciais, deixando comunidades sem comunicação com os núcleos urbanos e com o resto do mundo, com perdas evidentes, inclusive financeiras.

SE O SIMPLES telefone não existe, a internet vai no mesmo descompasso. Desconectados da rede mundial de computadores, crianças, jovens e adultos são privados da maior rede de informação do planeta, no trabalho, nos lares e nas escolas, transformando-se em “excluídos digitais”. Uma ferida aberta na democratização das telecomunicações.

EM PLENA campanha eleitoral, a divulgação dos dados da PNAD serve como reflexão para uma postura política dos governantes futuros. O maior interessado na solução de muitos problemas deve ser os que governarão o país evitando-se que parcela responsável da economia fique sem as necessárias condições de comunicação, excluída, portanto.

CORRIGINDO este erro, deveriam ainda estender os benefícios às comunidades que não se beneficiam dos avanços tecnológicos, melhorando a vida de todos. Aí, sim, poderíamos ter a desejada inclusão digital, que por enquanto não chegou para milhões.

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